Discurso durante a 132ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao episódio da viagem da Ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, à Argentina. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários ao episódio da viagem da Ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, à Argentina. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 01/10/2003 - Página 29650
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • DESAPROVAÇÃO, CONDUTA, BENEDITA DA SILVA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA ASSISTENCIA SOCIAL, REALIZAÇÃO, VIAGEM, CARATER PESSOAL, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, RELIGIÃO, UTILIZAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS.
  • REGISTRO, FALSIDADE, DECLARAÇÃO, MINISTERIO DA ASSISTENCIA SOCIAL, AUSENCIA, PRIORIDADE, OBJETIVO, VIAGEM, ENCONTRO, MINISTRO, ASSISTENCIA SOCIAL, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA.
  • CRITICA, FAVORECIMENTO, AMIZADE, PODER PUBLICO, EXPECTATIVA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL, PUNIÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA ASSISTENCIA SOCIAL.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, dia 15 de novembro completaremos 114 anos da Proclamação da República e parece que a República ainda não se implantou neste País. Pelo menos as virtudes republicanas, que nunca foram muito praticadas no Brasil, continuam em baixa.

Tomo como emblemático o episódio vexaminoso proporcionado pela Ministra de Ação Social, nossa ex-colega de Senado, Benedita da Silva. Todo o episódio é extremamente constrangedor, Sr. Presidente. A Ministra de Estado fez uma viagem de caráter particular, para participar de um evento religioso, às custas dos cofres públicos, e hospedou-se no Hotel Alvear, no coração da Recoleta - e quem o conhece sabe o que representa. O que é pior é que, para justificar a viagem, faltou com a verdade e arranjou, à última hora, uma audiência com a Ministra de Ação Social da Argentina, afirmando que a viagem foi para isso. Desmentida pela Casa Civil, afirmou que houve uma falha, um erro de comunicação, pois a viagem estava agendada há muito tempo também para isso. Em seguida, foi desmentida pela Ministra argentina, que disse que a audiência foi marcada 24 horas antes, ou seja, a posteriori, como justificativa. Portanto, a Ministra faltou com a verdade.

Em seguida, criticada justamente por isso, disse que estava sofrendo discriminação religiosa. Só faltou dizer que estava também sofrendo discriminação racial, ou social, por ter uma bela biografia, sem dúvida, e ter ascendido socialmente sendo, como sempre disse, mulher, negra e favelada.

Ora, Sr. Presidente, dizer que foi criticada por discriminação religiosa é ser apelativa demais. Fosse a Ministra Benedita da Silva a um encontro católico, budista ou mulçumano seria criticada da mesma maneira, pois uma coisa não tem nada a ver com a outra. S. Exª infringiu o Código de Ética, que não deve ser aplicado apenas ao servidores públicos de carreira, mas também e principalmente aos agentes políticos. Em um regime parlamentarista, ou ela seria exonerada ou o Governo cairia, mas, ao invés da demissão que deveria vir, é mantida no cargo.

Sr. Presidente, eu gostaria muito que o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não fizesse do Governo uma ação entre amigas. Homem público não tem amigos, não. Eu próprio, aqui no Senado, Sr. Presidente, já me doeu n’alma ter que votar a favor da punição de pessoas que eu estimava muito. Homem público não tem amigos nem inimigos. Não persegue inimigos e não passa a mão na cabeça pelos erros dos amigos, Sr. Presidente. Se o Governo enveredar por esse caminho, seguirá um caminho tortuoso, ruim. A Ministra teria que ser exonerada sim, porque errou e errou gravemente.

Sr. Presidente, era essa a comunicação que tinha a fazer em nome da Liderança do PDT.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/10/2003 - Página 29650