Discurso durante a 134ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos cinquenta anos de criação da Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem aos cinquenta anos de criação da Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS.
Publicação
Publicação no DSF de 03/10/2003 - Página 29880
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), COMENTARIO, IMPORTANCIA, EMPRESA ESTATAL, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, INDEPENDENCIA, PAIS, PRODUÇÃO, PETROLEO, REFORÇO, NACIONALISMO, SOBERANIA NACIONAL, AMPLIAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, BRASIL, MERCADO INTERNACIONAL, RECONHECIMENTO, AMBITO INTERNACIONAL, CAPACIDADE, EMPRESA NACIONAL.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente José Sarney, Sr. Presidente José Eduardo Dutra, Srªs. e Srs. Senadores, não há dúvida de que hoje é um dia em que se festeja a capacidade nacional. A Petrobras e seu êxito significam a possibilidade que o País, seu povo e sua gente têm de vencer onde tivermos a capacidade de investir. Difícil encontrar uma empresa que tenha enfrentado tantos obstáculos, tantas dificuldades quanto a nossa Petrobrás.

Eu era um jovem estudante quando colocamos na Praça da Alfândega, em Porto Alegre, a torre símbolo da Petrobras. Histórica a atuação de Vargas, demonstrando a sua competência e a sua capacidade na aprovação e na aprovação com o monopólio estatal da Petrobras.

Interessante o destino! Na verdade, nós, os jovens e os técnicos que lutávamos tanto achando que o Brasil era um mar de petróleo, estávamos equivocados. Anos a fio foi uma luta difícil. Mas, na verdade, se não tivemos petróleo aqui como na Califórnia, onde furando um poço de água saiu petróleo, ou no mundo árabe, onde ele está a céu aberto, tivemos a capacidade técnica de fazer talvez uma das mais vitoriosas experiências humanas, com tecnologia plenamente nacional, que foi a capacidade de investir em águas profundas. E se não encontramos um petróleo fácil, que nos faria não valorizá-lo por ser tão fácil consegui-lo, com o tempo fomos buscar o nosso petróleo, dando ao mundo o exemplo do país mais competente e mais capaz na exploração de águas profundas na busca de petróleo. Até os países lá de cima, do Norte, como a Inglaterra, que têm uma longa história nesse estilo de produção, nada têm a nos ensinar e algo até têm a aprender.

E o Brasil foi avançando, foi produzindo, e ele aí está: com uma produção fantástica. Ela é fantástica hoje e será ainda maior amanhã, fazendo com que o Brasil seja hoje um país produtor de petróleo, fazendo com que a cada dia que passe o petróleo menos peso represente para a importação na economia brasileira, fazendo com que, no futuro, o Brasil, com seus novos poços, suas novas usinas, suas novas tecnologias, na exploração do gás, na utilização do gás na energia elétrica, não apenas seja auto-suficiente, mas com que tenha no petróleo uma grande fonte de divisas.

Acho difícil encontrar na história brasileira uma tese que tenha unificado tanto os brasileiros como a Petrobras. Na década de 40, aqueles jovens olhavam aquela garrafinha preta e não entendiam direito, pois no Brasil, com meia dúzia de automóveis, só havia carros importados, e só em 1957 foi inaugurada a primeira fábrica nacional. Tanto que Brasília era para ser o berço mundial do trânsito e não o é, porque, quando Niemeyer a projetou, ele o fez tendo em vista o percentual de carros que o Brasil tinha - e os carros eram importados. Mas ele não imaginou que em pouco tempo a produção nacional de carros iria para as alturas. E a Petrobras teve a capacidade de avançar, de desenvolver a sua tecnologia e hoje conta com técnicos de grande capacidade, como V. Sª, Presidente José Eduardo Dutra, que, como petroleiro, estudando, conhecendo e se aprofundando, é um brasileiro que se transformou num dos mais competentes técnicos da matéria.

Houve lutas, houve greves, momentos em que a imprensa nacional se rebelou contra os petroleiros, considerados uma classe a parte, querendo mandar politicamente no Brasil, mas a verdade é que a Petrobras foi avançando. E se dizia que seria anárquico, que terminaria implodindo, que, da maneira que estava sendo administrada, ela jamais chegaria a um contento final. Mas ela aí está, com a mesma gente, a mesma equipe e com um resultado de primeiríssima grandeza.

A força da Petrobras é grande. O Governo anterior, que teve por lema as privatizações, cometeu, a meu ver, o ato mais absurdo que posso imaginar, pelo qual terá de pagar perante a história, que foi a Vale do Rio Doce. Deram de presente a Vale do Rio Doce. O BNDES ainda deu dinheiro para que o comprador entrasse na Vale do Rio Doce, uma das duas maiores mineradoras do mundo. Era um dos setores onde o Brasil sentava à mesa mundial para decidir, e decidia, porque possuía a segunda maior produtora de minério do mundo. O Governo brasileiro viu por bem privatizá-la, e estava no esquema também a privatização da Petrobras. O ministro e a imprensa falavam, e insistia-se que a Petrobras seria privatizada.

Foi quando o Senado Federal movimentou-se para votar um projeto que tratava das privatizações, oriundo de outras questões. O Senado exigiu uma carta do Presidente da República endereçada a esta Casa. Alguns falaram que bastaria a palavra empenhada do Presidente da República, mas quisemos uma carta onde Sua Excelência se comprometeria que o Banco do Brasil, a Petrobras e a Caixa Econômica Federal não seriam privatizados. A carta veio e o compromisso foi cumprido.

Então, vejo na Petrobras, neste Governo que está começando, o maior exemplo do Brasil do futuro, o maior exemplo de que somos capazes. Não foi o dólar, nem a tecnologia, nem a caridade, não foi absolutamente nada, mas uma guerra de gângsteres, em que cada uma lutava por si e as sete grandes lutavam contra todas, para que ninguém subisse. E ela subiu. Subiu e venceu.

A Petrobras é o orgulho de todos nós. De um modo muito especial, a Petrobras é um exemplo da capacidade brasileira, exemplo de que o Brasil querendo, pode; entrando e aceitando o desafio, pode. Quem diz que hoje o desafio do Brasil não se chama Amazônia, não se chama impedir a internacionalização da Amazônia? A verdade é que a Petrobras é o nosso orgulho.

Meu bravo presidente, V. Exª nos honrou com sua presença. Foi um Senador e um Líder brilhante do PT, mas não tem comparecido ao plenário nem de visita, pois o tempo de V. Exª, é claro, não o permite. Verificaria V. Exª, se nos visitasse de vez em quando, que a situação é diferente da sua época. Verificaria V. Exª a diferença entre ser Governo e ser Oposição. V. Exª talvez não tenha notado tanto, na Petrobras, porque era Oposição no Senado, mas, como Oposição, nunca fez oposição à Petrobras, pelo contrário: sempre a defendeu e agora está na sua presidência. E que bom ver V. Exª na Presidência da Petrobras.

Todas as palavras, todas as notas, todas as referências, todas as informações que temos a respeito de V. Exª falam na mais alta competência, na mais alta seriedade, na mais alta dignidade de uma pessoa que está honrando aquela casa. V. Exª é um político, mas mostra que ser político não é escândalo, que ser político não é sinônimo de incapacidade, de incompetência. V. Exª é um exemplo.

Em seu nome saúdo a Petrobras e, em nome da Petrobras, saúdo o povo brasileiro!

Muito obrigado. (Palmas.)

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/10/2003 - Página 29880