Fala da Presidência durante a 134ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos cinquenta anos de criação da Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS.

Autor
José Sarney (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: José Sarney
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem aos cinquenta anos de criação da Petróleo Brasileiro S/A - PETROBRÁS.
Publicação
Publicação no DSF de 03/10/2003 - Página 29884
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, CAMPANHA, NACIONALIZAÇÃO, PETROLEO, OPOSIÇÃO, PRIVATIZAÇÃO, EMPRESA ESTATAL, COMENTARIO, EVOLUÇÃO, IMPORTANCIA, EMPRESA, DESENVOLVIMENTO, BRASIL.

O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Antes de encerrar esta parte da nossa sessão, cabe-me, como Presidente da Casa, dizer algumas palavras.

Primeiramente, agradeço a todos os que compareceram ao Senado nesta tarde.

Recordo que, como o Senador Jefferson Péres, estive entre os milhões de brasileiros que, no princípio dos anos 50, saíram à rua na campanha “O Petróleo é Nosso”. Eu era, então, um jovem político, dirigente estadual da União Democrática Nacional, e foi com todo o entusiasmo da juventude que recebi a notícia de que a emenda apresentada no Congresso para o monopólio estatal do petróleo era de autoria do Deputado Bilac Pinto. Posteriormente, o projeto foi transformado na Lei nº 2.004, sancionada pelo Presidente Getúlio Vargas.

Todos aqueles que participaram da grande jornada cívica daqueles anos imaginavam que o problema do desenvolvimento e da riqueza das nações se baseava no petróleo como fonte principal de todas as riquezas. Era um pensamento que vinha do pós-guerra. Não se tinha nenhuma noção, nem se podia vislumbrar o que seria o problema estratégico do petróleo no futuro, quando da fundação da Opep e seus desdobramentos. Àquela época mesmo, escrevi uma monografia sobre o tema intitulada: Desafio do Nosso Tempo.

Como Deputado, Governador e Senador, sempre apoiei e estive ao lado de todas as causas em defesa da Petrobras. Quando Presidente da República, o Brasil vinha do rescaldo da crise do petróleo, com uma dívida externa cada vez maior, e, àquele tempo, o déficit da nossa conta de combustível, de petróleo, era de US$10 bilhões. Foi decisão nossa, estratégica naquele tempo, investir maciçamente na Petrobrás para que pudéssemos inverter essa situação. Posso dizer que, ao fim do meu Governo, esse déficit tinha-se reduzido a US$3 bilhões. Investimos maciçamente na Petrobras e na tecnologia de água profunda, necessária para que vencêssemos esse gap. Basta lembrar que, àquele tempo, essa tecnologia só chegava aos 120 metros.

Ainda no primeiro ano em que era Presidente, descobriu-se o campo gigante de Marlim e, no ano seguinte, o campo do Urucu, no Amazonas, que, dois anos depois, começou a ser explorado. A produção começou a subir, atingiu 700.000 barris diários em dezembro de 1989.

            Recordo que, em 1986, criamos o programa de águas profundas e ultraprofundas para a produção em até mil metros, alcance que naquele tempo parecia um sonho, mas hoje todos os senhores que são técnicos da Petrobras e que lutaram nessa direção sabem que já alcançamos o patamar dos 1.853 metros.

Também recordo que, naquele tempo, em 1989, desenvolvemos o programa tecnológico de retirar totalmente o chumbo da gasolina. Foi nessa época também que investimos maciçamente na possibilidade de a Petrobras ingressar na era dos computadores de quinta geração, com investimento em pesquisas, e fizemos um levantamento sísmico de todas as bacias sedimentares do País, o que era um grande avanço àquele tempo.

No Congresso Nacional, ao tempo da febre das privatizações - a esse fato se referiu o Senador Pedro Simon -, a Bancada do PMDB, por proposta do Senador Ronaldo Cunha Lima, fechou a questão para que o processo das privatizações jamais alcançasse a privatização da Petrobras. A tal decisão, recordada pelo Senador Pedro Simon, estávamos também ligados na mesma linha de defesa da Petrobras.

Eu era Presidente desta Casa e recebi do Presidente Fernando Henrique Cardoso uma carta-compromisso de que isso não seria feito, exigência feita pela Bancada, e, certamente, com apoio da quase totalidade da maioria dos Senadores.

Hoje, ao completar cinqüenta anos, a Petrobras é esta empresa extraordinária de US$2 bilhões de receita - o Presidente acaba de informar -, com impostos recolhidos da ordem de R$25 bilhões, R$5 bilhões de investimentos, números fantásticos, que mostram a capacidade que a empresa tem.

O Presidente José Eduardo Dutra teve a oportunidade de dizer que a Petrobras foi considerada - em palavras sintéticas - ícone, ativo nacional, e ele mesmo usou uma frase que resume tudo isso: “Ela é um símbolo nacional”, com todo o significado, a magia e a imaginação que trazem os símbolos na sociedade contemporânea.

O Senador José Eduardo Dutra também falou da sua saudade em relação ao Senado. Quero dizer que essa saudade é de mão dupla: dele em relação ao Senado e do Senado em relação a ele. Tão forte em relação a ele que fez um discurso parlamentar. Fugiu a fazer um discurso de Presidente da empresa para juntar-se a nós nesta homenagem que estamos fazendo à Petrobras.

Quero me congratular com todos os que fazem a Petrobras, os que trabalharam no passado, os que trabalham no presente no quadro de recursos humanos admirável, orgulho para todos os brasileiros.

Tenho a certeza de que hoje estamos comemorando os seus cinqüenta anos sabendo que a Petrobras continuará para sempre na história do Brasil como um símbolo da capacidade do povo brasileiro a serviço da superação das nossas desigualdades e para servir ao desenvolvimento do Brasil.

Meus agradecimentos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/10/2003 - Página 29884