Discurso durante a 131ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-prefeito de Carmolândia - TO, Sr. Severino Gois Holanda.

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento do ex-prefeito de Carmolândia - TO, Sr. Severino Gois Holanda.
Publicação
Publicação no DSF de 30/09/2003 - Página 29536
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, SEVERINO GOIS HOLANDA, EX PREFEITO, MUNICIPIO, CARMOLANDIA (TO), ESTADO DO TOCANTINS (TO).

O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Sras e Srs. Senadores, meu querido povo do Estado do Tocantins, meu querido povo do Município de Carmolândia, foi com profundo pesar que tomei conhecimento do falecimento de Severino Gois Holanda, Prefeito Municipal de Carmolândia, após trabalharmos durante todo esse final de semana para concluirmos os trabalhos de filiação partidária para os diversos pretendentes a cargos públicos nas eleições municipais para o próximo ano. Particularmente, atendendo a caravanas de todos os Municípios do meu Estado, na condição de um dos coordenadores dos diversos Partidos que integram as coligações que nos dão sustentação ao Governo do Estado do Tocantins e a 134 Municípios dos 139 atuais Municípios do meu Estado, tendo tido contato com as caravanas dos diversos municípios. Tive como meu companheiro, na condução dos trabalhos, talvez um dos mais novos prefeitos do País e, seguramente, dos reeleitos, o mais jovem do meu Estado, o meu querido companheiro Severino de Gois Holanda - com 31 anos de idade. Sr. Presidente, tendo ficado comigo até a madrugada de sábado, foi um dos últimos prefeitos com quem conversei.

Nesse encontro, madrugada de sábado, Sr. Presidente, o jovem prefeito reeleito fazia uma avaliação de sua administração e revelou-me que desejava finalizar o seu mandato, integrando o meu Partido, o PSDB, que tenho a honra de presidir no Estado do Tocantins.

Disse-me ele que estava muito satisfeito e que iria conduzir, com o apoio de muitos Partidos, o processo de sucessão, tendo ele a certeza de que faria o seu sucessor, em função dos trabalhos que pôde realizar e da sua história no próprio Município. E disse-me mais: que o seu último desejo - já que eu havia, todos os anos, consignado emendas para o Município de Carmolândia, sempre acreditando na responsabilidade do Prefeito na boa utilização dos recursos públicos - seria ter uma última emenda para o exercício de 2004. Não era ele candidato à reeleição, mas deixaria um ginásio para a juventude de Carmolândia como a sua última obra.

Sr. Presidente, já tarde, avançando na madrugada, despediu-se e partiu em direção ao Município de Carmolândia. Mas, infelizmente, Srªs e Srs. Senadores, não quis o destino que, mais uma vez, o jovem Severino voltasse a Carmolândia. Faleceu ele vítima de um trágico acidente, no qual perderam a vida mais dois ocupantes, seus companheiros de trabalho. Um era contador do município e o outro um servidor da Saneatins.

Severino, Srªs e Srs. Senadores, não nasceu no Tocantins, como a maioria da nossa população de Palmas ou de Carmolândia, ele foi um migrante: nasceu no Município de Jucas, no Estado do Ceará, mas chegou com oito meses no Município de Carmolândia. O que motivou seus pais a deixarem a sua terra natal certamente foi a mesma razão que um dia motivou o também cearense Siqueira Campos a migrar para aquele torrão, para aquele pedaço do Brasil tão abandonado, mas também tão rico em oportunidades, buscando seguramente melhores condições de vida.

Os seus pais levaram o pequeno Severino, que chegou em Carmolândia com oito meses. E ali os seus pais abriram um pequeno comércio, uma padaria e desenvolveram outras atividades. Severino é um dos oito filhos desse casal. Esse é, mais ou menos, o número mínimo de filhos de uma família típica. Eu também sou filho de um cearense, e meu pai tem seis filhos do primeiro casamento - e já tem onze na vida. Essa é uma característica dos nortistas e nordestinos. É também uma característica da família dos pais de Severino.

E Severino, Sr. Presidente, é nome de peça importante de Francisco Buarque de Holanda - “Morte e Vida Severina” -, que não é outro o tema, senão este, daqueles que migram em busca de uma oportunidade. Quando não migram, via do destino, quase sempre morrem, vítimas da seca, da falta de alimentação e das dificuldades por que passam as mães. Muitas delas falecem no pós-parto, como ocorreu com a minha avó, Dona Regina, que após o parto de meu tio, o irmão mais novo de meu pai, faleceu por falta de atendimento médico, ainda no interior do Ceará.

Severino iniciou seus estudos na Escola Bartolomeu Bueno da Silva e parou de estudar aproximadamente em 1982, como faz a maioria dos jovens, para trabalhar em uma borracharia e, posteriormente, em uma padaria, ambas de propriedade de seu pai. Aos 15 anos, mudou de trabalho, foi para uma beneficiadora de arroz de propriedade do comerciante Roberto Tolentino, ficando lá até completar 18 anos.

Desde então, ele passou a trabalhar pela emancipação do Município de Carmolândia, cuja instalação foi efetivada em 1º de janeiro de 1993, com a posse dos candidatos eleitos, sendo que Severino Gois de Holanda havia sido eleito Vereador, obtendo 48 votos, Srª Presidente, Srs. Senadores, concretizando, assim, o seu sonho de representar a população, sendo um dos mais bem votados e o mais jovem Vereador do Estado, com apenas 19 anos de idade.

Como Vereador, foi autor já de vários projetos de lei, como o da criação de escolas municipais, de projetos sociais, de construção de pontes etc. Foi muito rico o seu mandato. Tão rico foi, Sr. Presidente, que no ano de 1996, ele foi candidato e eleito a Prefeito de Carmolândia por maioria dos votos. Na sua administração, muitas obras, mas fundamentalmente o credenciamento à responsabilidade que o levaram, no ano de 2000, a ser reeleito com 61,47% dos votos, comprovando a satisfação de toda população com sua administração, posto que alcançou 1.061 votos, sendo que o segundo candidato teve apenas um pouco mais de 600 votos.

Sr. Presidente, confesso que é para mim, no momento, muito difícil ser autor deste requerimento, uma vez que tratava-se de um Prefeito com o qual eu mantinha maior contato, maior identidade. Ele me revelou que gostaria de ser candidato a Deputado Estadual nas próximas eleições e que, tendo sido um dos fundadores do seu município e tendo estreitas relações com o Governador Marcelo Miranda, com o Senador João Ribeiro, com o Secretário de Obras, Brito Miranda, com o meu pai, comigo, sentia-se maduro e pronto para partir para uma próxima missão.

Severino de Gois deixa, Sr. Presidente, a jovem viúva, Dona Mônica Fernandes Gondim Holanda, com quem conversei, dizendo-lhe que permaneceria em Brasília para prestar esta homenagem ao meu amigo Severino, uma vez que o enterro se deu na data de ontem, aproximadamente às 18 horas.

Conversei, Sr. Presidente, pelo telefone, com Bruno, filho de Severino, de 10 anos de idade, a quem Severino que começou na vida pública muito jovem já incentivava a entrar na vida pública. Um amor profundo por seu filho. Conversei com o jovem Bruno e disse-lhe que deveria ser forte na medida em que pudesse ser forte, uma criança que perde um pai, um pai tão jovem, uma mãe tão jovem. Foi um fato que causou profundo trauma no Município de Carmolândia. Disse-lhe que ele haveria de cumprir o destino e ser, um dia, Prefeito de Carmolândia, o que era o desejo de seu pai.

Ao encaminhar a votação deste requerimento, já tendo excedido meu tempo regimental para tal, envio meus votos de condolência, o meu respeito, o meu apoio e a minha solidariedade à Dona Mônica Fernandes Gondim Holanda. Que ela seja forte e que Deus dê amparo a ela, ao seu filho Bruno, à outra filha de Severino, já com mais idade, aos seus pais e aos seus sogros. Ao Governador do Estado de Tocantins, Marcelo de Carvalho Miranda; ao Vice-Prefeito de Carmolândia; ao Presidente da Câmara Municipal de Carmolândia; à Câmara Municipal de Carmolândia; a todo o povo de Carmolândia, deixo meus votos de pesar.

Na certeza da aprovação deste requerimento, deixo o reconhecimento a uma vida pública tão breve, mas de tanta firmeza, de tanto êxito e tão reconhecida pela população de Carmolândia e pelo Estado de Tocantins, por meio dos 139 Prefeitos com os quais Severino tinha a mais reconhecida amizade e relacionamento. É um dia muito triste para o Estado de Tocantins e para o Município de Carmolândia.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/09/2003 - Página 29536