O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (Bloco/PTB - RS. Como Líder.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, segundo relatório do Banco Mundial, o século XX foi palco de guerras causadas por diferenças ideológicas, conflitos religiosos e questões econômicas. Já o século XXI poderá ser dominado por conflitos causados pela escassez de água, atualmente chamada de o “ouro azul”.

Essencial para a preservação de todas as formas de vida no Planeta, a idéia de que a água é uma fonte inesgotável há muito está superada. A água vem sendo motivo de preocupação do mundo inteiro, em razão dos sinais evidentes de crescente escassez e destruição dos mananciais hídricos.

Apesar de termos disponível para consumo menos de 1% do volume de água do Planeta - os restantes 99% estão nos oceanos, nas geleiras e calotas polares -, o que se verifica em todos os continentes é a má gestão e o descaso no trato do assunto. Metade das cidades européias explora águas subterrâneas acima da capacidade de reposição natural e atualmente mais de oitenta países sofrem com a falta de água, tendo cerca de um bilhão de pessoas com abastecimento precário.

A crise global da água é uma trágica combinação de poluição dos mananciais, desperdício no uso, privatização dos recursos, pobreza e desigualdades. O crescimento da população aliado ao desenvolvimento industrial e tecnológico não sustentáveis levou-nos à degradação do meio ambiente, tornando escassas e contaminando rapidamente nossas reservas superficiais e subterrâneas. O consumo dobrou nos últimos 50 anos. Hoje, a população mundial já explora metade dos recursos hídricos acessíveis e, até 2025, dois terços dos recursos totais.

A questão dos recursos hídricos vem ocupando posição tão central que a ONU, após o terceiro Fórum Mundial das Águas, em Kioto, no Japão, e as rodadas de conferências e seminários por todo o mundo, escolheu o ano de 2003 como o Ano Internacional da Água Doce.

Dentro deste contexto, surge, no Brasil, um dos mais importantes eventos sobre a preservação e a gestão das águas e do meio ambiente. A Associação Rio-Grandense de Imprensa, a ARI, entidade gaúcha sem fins lucrativos com 67 anos de existência e reconhecida credibilidade, realiza, em Porto Alegre, de hoje até o próximo dia 11 de outubro, o Fórum Internacional das Águas - A Vida em Debate.

            O evento, que conta com a presença de autoridades nacionais e internacionais, tem seu foco central nas discussões sobre a preservação dos recursos hídricos, gestão e políticas públicas e privadas. Debate, entre outros temas, o papel fundamental da água para a agricultura, a energia, a saúde, a biodiversidade e os ecossistemas, assim como o combate à pobreza. Os temas foram escolhidos a partir de um amplo e democrático processo de consultas a especialistas, entidades setoriais e da representação comunitária.

O objetivo da Associação Rio-Grandense de Imprensa é o de fortalecer a participação da sociedade na gestão dos recursos hídricos, com a implementação de mecanismos integrados e a adoção de uma política efetiva de combate ao desperdício e de inclusão de milhões de pessoas sem acesso a esse benefício, universalizando uma oferta adequada de água de boa qualidade para a população, o ponto mais importante dessa questão tão complexa.

A água é um direito humano e não apenas uma necessidade. Necessidades podem ser supridas por empresas privadas que cobram pela prestação dos serviços, mas direitos são inegociáveis e precisam ser respeitados.

A água é o mais importante desses direitos. Basta lembrar que uma pessoa consegue sobreviver cerca de um mês sem comida, mas apenas uma semana sem água.

Por todas as ponderações aqui expostas, quero manifestar o nosso reconhecimento e os nossos agradecimentos à Associação Rio-Grandense de Imprensa, na figura do seu Presidente Ercy Pereira Torma, pela magnífica iniciativa que se concretiza nesta semana, que é o Fórum Internacional das Águas. Estendemos os nossos agradecimentos à Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul; à Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Abes; à Universidade Federal do Rio Grande do Sul; à Prefeitura de Porto Alegre; à Companhia Rio-Grandense de Saneamento e ao Departamento Municipal e Água e Esgoto - DMAE, que apóiam esse evento.

Igualmente reconhecemos o papel fundamental da Organização das Nações Unidas, que vem buscando fazer em todo o mundo um trabalho preventivo e de conscientização sobre o assunto aqui abordado. Também cumprimentamos o Senado Federal e a Câmara dos Deputados pela participação na promoção do nosso Fórum.

Presto especial reverência ao Governo do Rio Grande do Sul, na figura do nosso Governador Germano Rigotto, e ao Governo Federal, na figura do Presidente Lula, com os quais a Associação Rio-Grandense de Imprensa pôde contar sempre. Em virtude da sensibilidade política e da multiplicidade de seus esforços, viabilizou-se o bom desempenho de todas as ações de implantação de um dos grandes eventos temáticos da já consagrada agenda sociopolítica de Porto Alegre.

O I Fórum Internacional das Águas vai provocar, instigar, esclarecer e, sobretudo, unificar espíritos e vontades no sentido do respeito pleno à cidadania e à preservação da vida.

Muito obrigado, Sr. Presidente.