Pronunciamento de Valmir Amaral em 10/10/2003
Discurso durante a 140ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Homenagem ao Pesquisador Rodolfo Rumpf e à equipe de reprodução animal da Embrapa Recursos Genéricos e Biotecnologia pelo nascimento de mais um clone bovino.
- Autor
- Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
- Nome completo: Valmir Antônio Amaral
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM.
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
- Homenagem ao Pesquisador Rodolfo Rumpf e à equipe de reprodução animal da Embrapa Recursos Genéricos e Biotecnologia pelo nascimento de mais um clone bovino.
- Publicação
- Publicação no DSF de 11/10/2003 - Página 31237
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
- Indexação
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- HOMENAGEM, GRUPO, CIENTISTA, DEPARTAMENTO, RECURSOS, GENETICA, BIOTECNOLOGIA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), COMPETENCIA, PESQUISA CIENTIFICA E TECNOLOGICA, EFICACIA, EXPERIENCIA, CRIAÇÃO, CLONE, ANIMAL, BOVINO.
O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a extraordinária e sempre elogiada equipe de pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa anunciou, há pouco, o nascimento de mais um clone bovino.
Trata-se, desta feita, da bezerra “Lenda da Embrapa”, da raça holandesa, nascida no dia 4 de setembro, no Campo Experimental Sucupira, nesta Capital, clonada a partir de células que circundavam o óvulo da fêmea “T. Melo Lenda”, morta acidentalmente em uma fazenda do Estado de Goiás, em 5 de novembro de 2002.
O pesquisador Rodolfo Rumpf, líder da equipe de reprodução animal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 40 unidades de pesquisa voltadas para a recuperação de óvulos e produção de embriões in vitro, esclareceu que, “ao trabalhar com transferência nuclear”, procurava-se preservar material “e regenerar o banco genético”.
No entanto, diante da demanda de campo, a Empresa foi convocada para o trabalho específico de clonagem, no caso “a partir de células de um animal morto”.
O pesquisador, que é veterinário, entende que “fazer clones a partir de animais já mortos é uma estratégia que a gente poderá aproveitar sempre que um animal de elevado mérito genético sofrer um acidente”.
Seu próximo objetivo, e de sua equipe, é organizar o assinalado banco genético, a fim de que os criadores desses animais possam produzir clones e impedir quedas de sua produção.
Ademais, julga que a técnica pode também ser utilizada para regenerar animais silvestres acidentados que estiverem ameaçados de extinção.
O notável feito desponta como a grande esperança para os criadores que perdem animais de alto valor, conforme esclarecimento de coluna especializada da Folha de S.Paulo.
Constitui, igualmente, o exemplo nacional pioneiro da possibilidade de os clones bovinos serem feitos “também a partir de células de animais já mortos”.
Deve-se considerar que “Lenda da Embrapa” é o terceiro caso de clonagem bovina a partir de células adultas em nosso País, e o primeiro realizado a começar de animal morto.
A bezerra Vitória, a primeira clonada pela Empresa, tem 2 anos e existência saudável. No ano passado, pesquisadores da Universidade do Estado de São Paulo - Unesp criaram a bezerra Penta, clone que viveu não mais de 30 dias.
Em Brasília, a bezerra “Lenda” foi criada a partir de uma vaca de alto valor, que, em 7 anos de existência, teve 5 partos e produziu algo em torno de 40 mil litros de leite.
Em novembro de 2002, com a sua morte, o criador solicitou à Embrapa que os seus óvulos fossem retirados, para aproveitamento em futura fecundação.
Conforme esclarece o pesquisador Rodolfo Rumpf, a criação de “Lenda” não era a primeira intenção. Antes, pensava-se aproveitar os óvulos retirados para posterior fecundação, mas eles não se mostraram viáveis.
Passou-se, então, à clonagem, uma vez confirmado que as células da granulosa “estavam em boas condições”.
Passo a passo, uma vez retirados os núcleos das células aproveitáveis, foram eles implantados em óvulos sem núcleo, com a utilização da técnica de transferência nuclear, cultivando-se as células até à formação de embriões.
De 24 células, tão-somente 8 desenvolveram-se até a fase de blastocisto, quando o embrião tem forma esférica e cerca de 150 células. Desses 8 blastocistos, implantados em vacas receptoras, somente “Lenda” sobreviveu até à gestação.
Comumente, a viabilidade dos óvulos pode ser comprometida pelo tempo e pela temperatura do transporte, da fazenda ao laboratório. No caso de que nos ocupamos, as células que circundam os óvulos sobreviveram às condições de transporte e se mantiveram viáveis. Células desse tipo vêm sendo utilizadas com sucesso por laboratórios do Havaí e da Nova Zelândia.
“Lenda de Brasília” é, desde o nascimento, periodicamente avaliada quanto aos padrões comportamentais, clínicos, genéticos e de desenvolvimento, contando, para tanto, com o apoio do Hospital Veterinário da Universidade de Brasília (UnB).
Com a nossa homenagem ao pesquisador Rodolfo Rumpf e à equipe de profissionais de reprodução animal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, devemos acrescentar, finalmente, que a experiência de clonagem, a começar de células provenientes de animal morto, descortina para a ciência amplas possibilidades para a recuperação de exemplares com elevado valor produtivo, assim como para a regeneração de animais silvestres sob a ameaça de extinção.
Era o que tínhamos a dizer.