O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) -

BEM AVENTURADOS OS QUE EDUCAM

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quando nos colocamos diante do comportamento da pessoa adulta na convivência social devemos ter presente que, no fundo da personalidade de todo adulto, está a criança que ele foi. A criança traz algo próprio de si mesma, herança familiar e síntese das características paterna e materna e todo o grande acervo de experiências vividas no seu meio. Sem dúvida, boa parte desta experiência ela vive no próprio ambiente familiar e outra importante e decisiva parcela irá experimentar na convivência social e, nesta dimensão, aparecerá a escola com decisiva participação. Quando falamos em escola vem à nossa presença a figura do professor e da professora como agentes do processo educativo.

Existem duas dimensões fundamentais no educar: a de transmitir o saber e a de trazer do interior da pessoa, para que surja e brilhe, tudo aquilo de dom e de riqueza que todo ser é depositário. Esta segunda dimensão do ato de educar nem sempre é considerada. No entanto, cada vez mais ela vai mostrando a sua importância na formação da personalidade da pessoa que irá determinar a sua maneira de ser no convívio social. Talvez a transmissão de conhecimentos seja tarefa importante exigindo preparação e aperfeiçoamento e, sem dúvida, grande empenho e dedicação. O exercício da segunda dimensão, todavia, é muito mais exigente e embora suponha preparo intelectual, exige uma verdadeira vocação.

Fazer com que uma criança possa se encontrar consigo mesma e descobrir tudo de bem e de força interior de que dispõe para construir a sua vida e enriquecer o meio humano onde ela vive representa, sem dúvida, tarefa profundamente humana e essencial e, cada vez mais, de absoluta necessidade na sociedade atual. Não basta que a escola e que a universidade ofereçam à sociedade profissionais preparados tecnicamente se, na verdade, se mostrarem como seres humanos incompletos e partidos, incapazes de estabelecer relações humanizadas e solidárias, ricas e enriquecedoras.

Infelizmente vemos que muitas vezes políticas educacionais, públicas ou particulares, se voltam exclusivamente para a formação técnica, provocadas pela visão utilitarista das pessoas: preparar mão-de-obra. O grande desafio do atual momento brasileiro está em educar de verdade, o que significa dizer educar integralmente: preparar seres humanos para que vivam a intensidade e grandeza da vida e possam, com o seu trabalho, contribuir para o enriquecimento da humanidade. Para tal tarefa são chamados os vocacionados para a educação que esperam da sociedade como um todo e do poder público em especial, o reconhecimento proporcional à importância da missão.

Aos educadores que dão o melhor de sua vida, do seu saber e do seu sentir pela causa da educação, o nosso reconhecimento e o nosso abraço.