Discurso durante a 142ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos educadores pelo transcurso do Dia do Professor.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.:
  • Homenagem aos educadores pelo transcurso do Dia do Professor.
Publicação
Publicação no DSF de 16/10/2003 - Página 31844
Assunto
Outros > HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, PROFESSOR, CLASSE PROFISSIONAL, ORADOR, REGISTRO, DIFICULDADE, EXERCICIO PROFISSIONAL, APERFEIÇOAMENTO, EDUCAÇÃO, NECESSIDADE, VALORIZAÇÃO, MAGISTERIO, MELHORIA, CONDIÇÕES DE TRABALHO, SALARIO, PLANO DE CARREIRA.
  • REGISTRO, DADOS, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE), PERCENTAGEM, PROFESSOR, BRASIL, IMPORTANCIA, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, TELEVISÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje é Dia do Professor. Antes de ser senadora, tenho o orgulho de ser professora. Dediquei à profissão praticamente toda a minha vida.

Para nós, profissionais do ensino, o dia l5 de outubro é uma ocasião especial, na qual recebemos de nossos alunos demonstrações de carinho e sincero reconhecimento pelo papel que desempenhamos na formação das novas gerações. Em torno desta data, instituições, órgãos de comunicação, políticos e personalidades se manifestam, enaltecendo a figura do professor.

Muitos professores e professoras se regozijam com um feriado em que, além de poderem ter uma folga especial, são lembrados nacionalmente como profissionais fundamentais para a formação de nossa nacionalidade.

Há alguns anos, uma grande empresa nacional produziu adesivos para carros nos quais se lia “Sem professor o Brasil não anda”. Coincidência ou não, na mesma época, em diversas partes do Brasil, nós, professores, realizávamos longas e difíceis greves em busca de valorização profissional e melhores condições de trabalho.

Sem dúvida, merecemos homenagens, pois, apesar das dificuldades, garantimos escola pública de qualidade aos alunos. Mas isso não se faz em apenas um dia.

Todo dia é dia de o professor cumprir sua missão de educar e formar crianças e jovens, dentro e fora das escolas.

Todo dia é dia de o professor estudar, se atualizar, elaborar trabalhos e provas, ministrar aulas, orientar e avaliar seus alunos. O professor, quando abraça sua vocação, a exerce em todos os dias do ano.

Para todo professor é motivo de orgulho e alegria encontrar seus ex-alunos realizados profissionalmente, ocupando posições de destaque na sociedade ou trabalhando para a melhoria da qualidade de vida do povo.

Por isso, queremos ser respeitados, valorizados e reconhecidos pela contribuição que damos para que tenhamos um País mais justo e solidário. Queremos melhores condições de trabalho, plano de carreira digno e salários que possibilitem sustentar suas famílias, sem jornadas estafantes.

Queremos projetos que possibilitem a continuidade da formação e atualização, meios para repassar os conhecimentos, respeito aos direitos e igualdade de tratamento para todos.

Nós, professores, queremos, enfim, que sejam asseguradas as condições adequadas para que possamos nos dedicar com segurança, tranqüilidade e plenitude ao cotidiano da profissão.

O Brasil tem hoje 2,4 milhões de professores ensinando crianças e jovens desde a 1ª série do ensino fundamental até a faculdade.

Somos muitos, mas somos cada vez menos.

Hoje, sobram vagas nos cursos de licenciatura das universidades. Salários baixos, excesso de trabalho e falta de estrutura, especialmente nas escolas públicas, afastam os jovens dos cursos de licenciatura.

Estes números são números que, infelizmente, envergonham o Brasil.

Uma das conclusões apresentadas é que as disparidades salariais entre estados são imensas, assim como a a formação dos professores, especialmente entre escolas rurais e urbanas. 
 
Hoje a média salarial de um professor no Brasil está em R$ 640. No Nordeste, é de R$ 300, metade da média aferida no Sudeste.

A maioria dos professores, 600 mil, tem jornadas acima de 40 horas semanais. 
 
E falo aqui para privilegiados parlamentares que, em período de convocação extraordinária, são agraciados com dois salários extras. Vejam só os contrastes que marcam este Brasil.

Nas universidades públicas, 6% das vagas para os cursos de formação de professores não são preenchidas nos vestibulares. Nas particulares, 41%.

A maioria dos professores em sala de aula, hoje, tem entre 40 e 59 anos. Também a maioria, 1,6 milhão, dá aulas em turmas de 1ª a 8ª série. Em escolas sem laboratório de ciências, informática ou mesmo bibliotecas.

Os dados estão no estudo Estatísticas dos Professores no Brasil, do Ministério da Educação. 
 
As estatísticas foram retiradas do Censo da Educação Superior, preparado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE.

Neste dia dos professores devemos agradecer as homenagens que nos fazem. Agradecer aos alunos. Agradecer aos pais de alunos. Agradecer sempre à comunidade e exigir das autoridades mais respeito com este categoria.

Os governantes, no entanto, precisam aprender que a melhor forma de homenagear os professores é atendendo às suas reivindicações, que buscam condições de garantir um melhor ensino e a efetiva democratização do acesso dos brasileiros à informação e ao conhecimento.

Se a situação da Educação do Brasil se constitui em escândalo nacional, a situação dos professores é mais escandalosas ainda.

Está aí a Rede Globo, num brilhante trabalho de reportagem no Jornal Nacional desta semana, tratando do assunto. É importante que a imprensa priorize estas denúncias. É bom ver que a televisão, além de ilusões, pode também produzir informação que conscientiza.

Temos, sim, que falar, e falar, e gritar, relatando a penúria em que vive a categoria. Quem sabe, isso comova as autoridades, as elites deste país, e a prioridade para a Educação finalmente aconteça.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/10/2003 - Página 31844