O SR. ALVARO DIAS (PDT - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) -

A QUESTÃO AGRÁRIA

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho neste momento à tribuna para comentar a matéria publicada no jornal O Estado de São Paulo, de 2 de outubro do corrente, intitulada “No PR, MST só libera colheita se fazendeiro dividir produção”.

A matéria, que solicito seja inserida nos Anais do Senado, serve para ilustrar as dificuldades que a agricultura produtiva do país enfrenta atualmente, e que vai continuar enfrentando, enquanto o governo Lula não tomar as medidas necessárias para resolver a questão agrária no país.

O texto, que passo a ler, para que fique integrando este pronunciamento, é o seguinte:

*************************************************************************

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210 do Regimento Interno.)

*************************************************************************

Quinta-feira, 2 de outubro de 2003

No PR, MST só libera colheita se fazendeiro dividir produção

Padre foi enviado para pedir 50% da aveia plantada pelo agricultor Valdomiro Bognar

EVANDRO FADEL

CURITIBA - O agricultor Valdomiro Bognar, de Luiziana, cidade a 440 quilômetros de Curitiba, disse ontem que cerca de 500 famílias do Movimento dos Sem-Terra (MST) estão exigindo 50% da sua produção de aveia para permitir a colheita. A fazenda Baronesa dos Candiais 2, arrendada por Bognar, está invadida desde 28 de abril. O produtor calcula que o seu prejuízo poderá chegar a R$ 400 mil.

"Não considero justo dividir a produção, porque a semente, o adubo, o óleo diesel e o maquinário são todos meus", afirmou. A proposta dos sem-terra foi apresentada pelo representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na região, padre Alziro dos Santos.

O padre justificou que os ocupantes mantiveram a limpeza da cultura, o que teria garantido a produtividade, e consideram justo um pagamento por isso.

"Pediram em aveia." Segundo ele, os sem-terra também não concordam com os planos do agricultor, que quer semear soja: "Eles querem a terra para plantar as culturas deles."

Mais prejuízo - Bognar disse que anteontem esteve na fazenda, que tem 290 hectares de área mecanizada, e observou que parte da aveia está perdida. "Está ficando quebradiça e apodrecendo. Mais uma semana e não compensa tirar mais nada."

Bognar disse que deveria ter plantado trigo em maio, mas não conseguiu, devolvendo as sementes. A soja precisa ser plantada neste mês. Caso não consiga, os prejuízos, que por enquanto são calculados em R$ 50 mil, poderiam chegar a R$ 400 mil.

O arrendamento da terra foi pago antecipadamente, mas no fim do ano precisará ser renovado. "O dono já veio perguntar o que eu farei." Bognar teve de dispensar quatro de seus cinco antigos funcionários.

O fazendeiro conseguiu mandado de reintegração de posse no dia seguinte à invasão. A Secretaria de Segurança anunciou que a desocupação ocorreria em agosto, mas, a pedido do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da CPT e do MST, foi suspensa.