Discurso durante a 144ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem à Medicina pela passagem do Dia do Médico.

Autor
Augusto Botelho (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RR)
Nome completo: Augusto Affonso Botelho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Medicina pela passagem do Dia do Médico.
Aparteantes
Sibá Machado.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2003 - Página 32834
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MEDICO, ELOGIO, ATUAÇÃO, EXPECTATIVA, VALORIZAÇÃO, EXERCICIO PROFISSIONAL.

O SR. AUGUSTO BOTELHO (PDT - RR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Mozarildo Cavalcanti, Srªs e Srs. Senadores, colega Josélia, em nome de quem cumprimento todos os convidados presentes a esta sessão, vou fazer inicialmente um parêntese para dizer que me encontro muito emocionado por estar aqui presente entre os convidados uma jovem que eu tive a honra de ajudar a trazer a este mundo, a Tatiana, filha do companheiro Evaldo.

Amanhã é o Dia do Médico, um profissional imprescindível, a tal ponto que de sua importância seria desnecessário falar. Afinal, todo pai que, à noite ou de madrugada, tenha levado um filho ou uma filha ao hospital, angustiado com os possíveis desdobramentos de uma doença ou acidente qualquer, sabe o quanto de esperança e de consolo pode lhe proporcionar o médico de plantão.

Toda futura mamãe prestes a conceber um novo ser humano leva em conta as orientações e os conselhos do profissional que acompanha a gravidez. Todo cidadão acometido de uma enfermidade, principalmente nos casos de maior gravidade, deposita sua confiança na ciência e no discernimento daquele que o atende.

Portanto, penso ser mais que merecido o registro de louvor aos médicos brasileiros, e faço menção especial àqueles que exercem a atividade em meu querido Estado de Roraima.

Sr. Presidente Mozarildo Cavalcanti, Senador Tião Viana e Senador Mão Santa, começamos a formar profissionais em 1808. Naquele ano, no Terreiro de Jesus, em pleno centro histórico de Salvador, foi criada a primeira escola de Medicina do Brasil, a Escola de Cirurgia da Bahia. Ali, oferecia-se um curso de Medicina, Cirurgia e Partos. Em 1832, a Escola transformou-se na primeira Faculdade de Medicina do País.

Desde aquela época, e durante muito tempo, o crescimento do número de escolas não foi significativo. Até 1960, por exemplo, foram criadas apenas mais 22 escolas. Não obstante, somente entre 1961 e 1970 foram criadas mais 45 escolas. E, nas últimas décadas, o número continuou a crescer, de modo que chegamos, em 2003, a cerca de 120 escolas de Medicina, mais concentradas no cone sul do nosso País - mas o Estado do nosso companheiro Papaléo não tem uma escola de Medicina até a presente data.

Hoje, temos aproximadamente 250 mil médicos em atividade no Brasil, Senador Reginaldo Duarte, e a cada ano são formados 12 mil novos profissionais. É um contingente respeitável. Um número, na verdade, que nos lança, a nós próprios, médicos, e à sociedade, alguns desafios grandiosos.

Em primeiro lugar, há que se zelar pela qualidade dos cursos, pelo gabarito dos profissionais que deles saem.

Há, também, que se buscar o necessário equilíbrio entre competência técnica e humanismo, para que nossos médicos sejam não apenas profissionais altamente capacitados, mas principalmente cidadãos conscientes da realidade social de nosso País e das necessidades de nossa população.

Há que se estimular, com certeza, uma distribuição mais homogênea dos médicos entre as regiões, os Estados e os Municípios, para que, em alguns lugares, não haja oferta excessiva de serviços e, em outros, insuficiência e até ausência de atendimento médico.

Há que se lutar pela valorização dos profissionais que se dedicam ao setor público, para que, pressionados pela necessidade de manter uma vida minimamente confortável, não sejam obrigados a desdobrar-se em três, quatro ou mais empregos paralelos.

Enfim, Sr. Presidente, Sr. Senador Eurípedes Camargo, são muitos os desafios com que se defronta a classe médica brasileira. Porém, tenho certeza de que serão superados e de que nosso povo poderá, cada vez mais, orgulhar-se da capacidade, da dedicação e do patriotismo de nossos profissionais da Medicina.

Ao encerrar, gostaria de fazer uma homenagem especial aos dois médicos mais antigos, companheiro Mão Santa. Quando se fala em mais antigo, em Medicina quer-se dizer mais experiente, que entende mais da alma humana, que sabe mais como acariciar um sofrimento.

Interrompo para conceder um aparte ao meu companheiro, Senador Sibá Machado, do Acre.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senador Augusto Botelho, estou anos-luz distante de uma profissão tão sublime como a medicina, mas nesta homenagem, depois de ouvir tão bonitos pronunciamentos, como o de V. Exª, fico imaginando que essa é uma profissão que vive em dois extremos: o da grandeza de salvar vidas e o outro, da ingratidão de ter que julgar em alguns momentos. Quantas pessoas não tratam mal membros da profissão médica, sendo que quase todos os pronto-socorros a que tive acesso até hoje, em qualquer lugar do Brasil, a qualquer momento, são uma mistura violenta de preocupação com os seres vivos que chegam ali e a agonia do pranto, da dor, da dificuldade que as pessoas vivem. Tento imaginar como fica a mente, o espírito do médico ao chegar em casa. Como ele consegue ter alegria em casa, com a sua família, com tantos problemas. É uma situação realmente interessante. Eu queria apenas dizer, com este aparte, que não temos palavras para agradecer às pessoas que decidem trilhar esse caminho e que, em alguns momentos, elas são injustamente pagas pelo trabalho que fazem. Parabéns, Senador.

O SR. AUGUSTO BOTELHO (PDT - RR) - Sinto-me honrado com seu aparte e o incorporo às minhas palavras, mas devo dizer também que vejo em V. Ex.ª o espírito do médico quando luta para defender os pequenos, os fracos, os que têm menos vez na sociedade, neste País tão injusto. E todos nós aqui estamos lutando para diminuir essa desigualdade que envergonha, entristece e fere a dignidade da nossa Pátria.

Gostaria de homenagear dois médicos que ainda estão vivos em Roraima. Um foi da Comissão de Limites do Estado de Roraima, o Dr. Dorval Gonçalves, e o outro, o Dr. Jamil Sales, foi o primeiro ortopedista daquele Estado. Os dois trabalharam com meu pai, que também foi médico.

            Presto uma especial homenagem ao meu pai, Dr. Silvio Botelho, ao Dr. Elesbão e ao Dr. Reinaldo, que foram aqueles com os quais convivi durante toda a minha vida e tive o prazer de trabalhar durante os primeiros anos de exercício da minha profissão.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2003 - Página 32834