Discurso durante a 144ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Presta homenagem à Medicina pela passagem do Dia do Médico.

Autor
Eurípedes Camargo (PT - Partido dos Trabalhadores/DF)
Nome completo: Eurípedes Pedro Camargo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Presta homenagem à Medicina pela passagem do Dia do Médico.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2003 - Página 32845
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA, MEDICO, AGRADECIMENTO, TRATAMENTO, POPULAÇÃO CARENTE.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, ENTIDADE, AMBITO INTERNACIONAL, MEDICO, AUSENCIA, FRONTEIRA, ATENDIMENTO, EMERGENCIA, VITIMA, DESASTRE, CONFLITO, DENUNCIA, VIOLAÇÃO, DIREITOS HUMANOS, BUSCA, PAZ.

O SR. EURÍPEDES CAMARGO (Bloco/PT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mozarildo Cavalcanti, que propôs esta sessão em homenagem ao Dia do Médico, Senadora Serys Slhessarenko, comunidade médica aqui presente, falo na condição de serralheiro, minha profissão de origem, mas também como paciente, como usuário do sistema de saúde de nosso Pais.

Venho do interior e, em nosso dia-a-dia, ficamos marcados por algumas referências de nossa comunidade. Entre elas, cito aquelas de que nos lembramos, desde nossa infância, e que levamos para o resto de nossas vidas. Refiro-me ao professor, ao padre e ao médico. São essas as referências que trazemos ao longo de nossa existência. Lembro o Dr. Domingos, o Dr. Jair, nos anos de implantação da colônia agrícola Bernardo Saião, na região que hoje é o vale do São Patrício. São fortes referências que tenho em minha memória.

Aproveito este pronunciamento para lembrar e homenagear o trabalho inestimável da organização Médicos Sem Fronteira, cuja principal função é proteger o bem maior: a vida. Trata-se de uma organização independente de governos, que trabalha em situações de crise. Fundada desde a década de 70, tem aderido ao princípio de que toda vítima de desastres, sejam estes de origem natural ou humana, tem direito a uma assistência profissional, fornecida da forma mais eficiente possível.

Lembro o momento por que passa a Bolívia, a situação de sofrimento e de conflito que está vivendo. Em momentos como esse, entra em ação a organização Médicos Sem Fronteira, com seu trabalho de resgate da saúde daquelas pessoas que estão sofrendo, que seria desnecessária se não houvesse essa situação de conflito. Sabemos que todos estão trabalhando para encontrar uma saída, porque são se trata de uma questão apenas de natureza humana, de saúde, mas do princípio de soberania. Limites territoriais nacionais e circunstâncias ou preferências políticas jamais devem interferir na prestação de ajuda humanitária.

É importante ressaltar que o trabalho dos Médicos Sem Fronteira envolve também a denúncia das causas das catástrofes humanitárias. Apontando-as, a organização ajuda a formar a opinião pública em oposição às violações e abusos de poder.

O seu trabalho é abrangente e parte de diagnósticos amplos diante da existência de crises humanitárias. Levam em conta diagnósticos sobre necessidades médicas, nutricionais e sanitárias, o contexto político e ambiental, as condições de segurança, transporte e as capacidades locais.

Suas principais ações são: campanhas de vacinação; ação de prevenção de doenças; assistência a campos de refugiados; nutrição terapêutica e suplementar; distribuição de alimentos em regiões de forme aguda; distribuição de medicamentos; assistência médica dentro de instalações públicas pré-existentes; apoio à reinserção social; formação de pessoal de saúde, entre outros.

Muitas vezes, a sua intervenção torna possível a ajuda humanitária e também a busca pela paz e reconciliação em situações de conflitos ignorados, falência de sistemas de saúde, epidemias mundiais, como Aids, ou doenças negligenciadas, como a tuberculose e a malária.

Ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, em 1999, a organização Médicos Sem Fronteira pode aqui ser tomada como símbolo maior de todos os profissionais que aqui em nosso País se defrontam diariamente com o quadro de violência gerado pelo trânsito, pela brutalidade urbana, pelas doenças geradas pela miséria e tantos outros males que são enfrentados com dignidade e dedicação no dia-a-dia de nossos hospitais, fazendo dos médicos e médicas brasileiros militantes pela paz em prol da vida.

Deparamo-nos, no dia-a-dia de nossas comunidades, com a preocupação do médico em relação à pessoa que recebe a receita e a transforma em remédio, fervendo a receita. Nesse contexto, há a questão social colocada também, e esse é o conflito que vive o médico em seu dia-a-dia. Sei que esse é um conflito que desumaniza, é um ingrediente a mais nessa relação em que o médico sofre, porque se depara, em seu cotidiano, com essa situação. Portanto, não é apenas com a precariedade salarial que o médico convive no exercício de sua profissão, mas também com a desumanidade, com a situação atual do sistema de saúde.

Ficam aqui os nossos parabéns aos médicos por sua atuação e escolha de tão abnegada profissão. Em nome da população excluída do processo de tratamento médico, que encontra refúgio nessa categoria, agradeço e enalteço os médicos.

Essa é a nossa contribuição para minorar a situação não só dos médicos, mas também da nossa população.

Muito obrigado a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2003 - Página 32845