Discurso durante a 146ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 35 anos de existência da revista Veja.

Autor
Papaléo Paes (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AP)
Nome completo: João Bosco Papaléo Paes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 35 anos de existência da revista Veja.
Publicação
Publicação no DSF de 22/10/2003 - Página 33084
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CONGRATULAÇÕES, TRABALHADOR, JORNALISTA, MEIOS DE COMUNICAÇÃO.

O SR. PAPALÉO PAES (PMDB - AP. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ninguém, em sã consciência, há de negar a importância da imprensa no mundo moderno. A garantia da liberdade de imprensa é fundamental para a consolidação das democracias, para a transparência dos atos da administração pública, para a expansão dos conhecimentos, para o avanço científico e tecnológico e para a promoção da justiça social.

No Brasil, felizmente, temos uma razoável convivência entre a imprensa, as autoridades e os personagens, célebres ou anônimos, da vida nacional. Falo de uma “razoável convivência”, Sr. Presidente, porque os profissionais da comunicação continuam expostos a perigos diversos, e os recentes assassinatos de três deles, incluindo um proprietário de jornal, é demonstrativa desse risco.

Por outro lado, orgulha-nos ter uma imprensa moderna e combativa, que faz críticas tanto quanto elogios, mas sempre com uma intenção construtiva e o firme propósito de bem servir à sociedade brasileira.

Nesse panorama, destaca-se um semanário que já se tornou referência nacional, por sua tradição no mercado editorial e por sua elevada tiragem. Trata-se da revista Veja, que, no mês passado, completou 35 anos de existência - um verdadeiro marco, conhecidas as limitações do mercado, a ausência do hábito de leitura do brasileiro e o seu baixo poder aquisitivo.

A revista Veja foi pioneira entre os semanários de notícias e variedades. Criada em setembro de 1968, em um contexto de modernização da imprensa brasileira, ela foi idealizada por Roberto Civita, seu atual editor, e fundada pelo pai deste, Victor Civita, então proprietário da Editora Abril.

A Abril, na época, já editava revistas em quadrinhos, fotonovelas e uma revista de larga aceitação pelo público masculino, a Quatro Rodas, especializada em automobilismo. Além disso, experimentara, dois anos antes, um amplo sucesso editorial com uma revista de grandes reportagens, a Realidade, até hoje relembrada com saudosismo por quantos a conheceram.

Com previsão de tiragem de 250 mil exemplares, a Veja teve um meteórico sucesso quando do seu lançamento, mas depois amargou prejuízos por dois anos, em função dos elevados investimentos e, em diversas ocasiões, da censura que lhe foi imposta pelo regime militar. Essa situação se reverteria algum tempo depois, com a venda por assinaturas e o aumento da tiragem proporcionado por reportagens atrativas e bem elaboradas.

A revista Veja se notabilizou por notáveis reportagens, de espírito investigativo, e também pelas análises de conjuntura, seguindo uma tendência do jornalismo contemporâneo. Hoje, seu conceito se consolida com uma tiragem superior a 1 milhão e 300 mil exemplares, que representam um público de 4 milhões e 500 mil leitores semanais. Com 70% do seu público nas classes “A” e “B”, ela atinge um importante segmento de formadores de opinião: empresários, jornalistas, professores, profissionais liberais em geral, estudantes, donas-de-casa.

Ao longo dessas três décadas e meia, Srªs e Srs. Senadores, a publicação acompanhou todos os grandes fatos da vida nacional e internacional. Testemunhou e noticiou grandes transformações e, não raro, contribuiu para mudar a nossa realidade.

No plano nacional, em centenas ou milhares de páginas, acompanhou a campanha das "Diretas Já” e a redemocratização do País, a promulgação da Constituição de 1988, o impeachment de Fernando Collor e a ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, para citar apenas alguns fatos. No cenário internacional, foi atenta observadora e intérprete das escaramuças entre judeus e palestinos, da queda do Muro de Berlim, da derrocada do comunismo, da formação da Comunidade Européia, da globalização econômica, do terrorismo internacional e da hegemonia americana.

Em 1969, dias antes de o homem chegar à Lua, Veja entrevistava Werner von Braun, principal cientista do projeto espacial americano. O videogame e a TV em cores surgiriam apenas quatro anos após o lançamento da revista, que veria surgir o teste de DNA, em 1984, e a Internet, em 1988. A publicação noticiaria, também, o surgimento de epidemias como a Aids e a descoberta de medicamentos como o Prozac e o Viagra. A clonagem, a morte de Ayrton Senna, as desventuras e as proezas do futebol brasileiro, as transformações no mundo artístico e a adoção de novos hábitos no Brasil e mundo afora, tudo isso, Sr. Presidente, seria levado ao conhecimento dos leitores brasileiros por essa revista, que, nos seus 35 anos de fundação, se mantém sólida e competitiva num mercado de alta complexidade, como o editorial.

Por tudo isso, Srªs e Srs. Senadores, quero deixar registrados os meus cumprimentos a todos os jornalistas e funcionários da revista Veja, na pessoa do seu editor, Roberto Civita, formulando votos para que essa publicação continue sua trajetória de sucesso, de compromisso com o jornalismo sério e investigativo e de bons serviços prestados à coletividade brasileira.

Muito obrigado


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/10/2003 - Página 33084