Pronunciamento de Lúcia Vânia em 22/10/2003
Discurso durante a 147ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Aumento da carga tributária.
- Autor
- Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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REFORMA TRIBUTARIA.:
- Aumento da carga tributária.
- Publicação
- Publicação no DSF de 23/10/2003 - Página 33176
- Assunto
- Outros > REFORMA TRIBUTARIA.
- Indexação
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- CRITICA, GOVERNO FEDERAL, AUMENTO, CARGA, TRIBUTOS, PROJETO, REFORMA TRIBUTARIA.
- COMENTARIO, PESQUISA, INSTITUTO BRASILEIRO, PLANEJAMENTO, NATUREZA TRIBUTARIA, DEMONSTRAÇÃO, RELACIONAMENTO, CRESCIMENTO, ARRECADAÇÃO, IMPOSTOS, RECESSÃO, ECONOMIA NACIONAL, AUMENTO, ONUS, POPULAÇÃO.
- DEFESA, NECESSIDADE, SENADO, IMPEDIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), REFORMA TRIBUTARIA, AUMENTO, CARGA, TRIBUTOS.
A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Para uma comunicação inadiável.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a carga tributária brasileira bateu, ontem, novo e triste recorde no primeiro semestre deste ano.
Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, a relação entre os tributos arrecadados nos primeiros seis meses do ano e o Produto Interno Bruto atingiu 37,57%, um aumento de 0,9 ponto percentual em comparação ao mesmo período do ano passado, quando a carga tributária atingiu 36,67%.
Isso significa que o Estado aumentou a sua fatia no bolo da riqueza nacional, retirando poupança das mãos da população, que, por sua vez, ficou com menos dinheiro para consumir.
Agora, com o Projeto de Reforma Tributária, que foi lido hoje, pela manhã, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, o Governo mais uma vez tenta abocanhar uma fatia ainda maior da poupança.
Mais uma vez o Governo optou pelo caminho mais fácil: em vez de melhorar a qualidade da tributação, preferiu aumentar a arrecadação.
Segundo o especialista Ricardo Varsano, a solução seria reforçar a administração para capacitá-la a arrecadar imposto bom e não piorar a tributação para adequá-la à capacidade da administração.
A hora escolhida pelo Governo para mais uma vez a mão pesada no bolso do contribuinte não poderia ser pior, com o País convivendo com elevadíssimas taxas de juros e a economia em recessão.
De 1994, para cá, a relação entre arrecadação e PIB diminuiu apenas uma vez, em 1996.
Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário sinaliza para um aumento da relação entre arrecadação e PIB, que deverá chegar a 38% até o final do ano, apesar do pífio desempenho da economia.
Para dar suporte ao levantamento, o Presidente do Instituto, Gilberto Luiz do Amaral, explica que foram levados em conta fatores como a elevação do teto de cobrança do INSS, o aumento da contribuição social sobre lucros para as prestadoras de serviço e o aumento da Contribuição sobre Intervenção de Domínio Econômico (Cide).
No primeiro semestre o grande número de liminares contra a Cide prejudicou a arrecadação do Governo.
A expectativa de Gilberto Luiz do Amaral é que a reforma tributária deverá empurrar a carga para níveis próximos de 41% do PIB.
Amaral aposta, no entanto, que o Senado Federal fará os ajustes necessários, pois o volume de tributos está insuportável para um País que não tem outra saída a não ser crescer para criar novos empregos.
O problema, em sua opinião, é como compatibilizar juros altos e impostos elevados com crescimento da economia. A capacidade de pagamento do brasileiro está muito próxima da exaustão. O Presidente do Instituto lembra que a nossa carga tributária é igual a de países desenvolvidos, com a diferença que aqui a população nem de longe desfruta da qualidade de vida dos europeus.
A pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário mostra que no primeiro semestre a arrecadação tributária cresceu R$39,77 bilhões, ou seja, 17,5%. Os líderes da arrecadação no período foram o ICMS, o Imposto de Renda, o INSS, a Cofins, o FGTS e a CPMF. Somados, os seis tributos representaram 27,13% do PIB. O imposto que registrou maior aumento no volume recolhido foi o PIS (46,85%), que teve o sistema de arrecadação alterado pelo Governo. Refletindo a desaceleração vivida pelo setor industrial, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, avançou apenas 2,14%.
O tributarista Ives Gandra Martins resumiu o imbróglio criado pelo projeto do Governo afirmando que “a Reforma Tributária é ruim, porque implicará efetivo aumento da carga tributária, numa Nação que há muito ultrapassou o limite de sua capacidade contributiva”.
Portanto, está agora com o Senado o poder de alterar o projeto de lei que aqui tramita. A sociedade espera que esta Casa ponha um ponto final ao aumento de carga tributária.
Muito obrigada.