Discurso durante a 136ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento dos Srs. José Carlos Gomes Carvalho, José Carlos Martinez e Anfrisio Fonseca de Siqueira, ocorrido no último fim de semana no Estado do Paraná.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento dos Srs. José Carlos Gomes Carvalho, José Carlos Martinez e Anfrisio Fonseca de Siqueira, ocorrido no último fim de semana no Estado do Paraná.
Aparteantes
José Jorge.
Publicação
Publicação no DSF de 07/10/2003 - Página 30562
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOSE CARLOS GOMES CARVALHO, SUPLENTE, SENADOR, JOSE CARLOS MARTINEZ, DEPUTADO FEDERAL, PRESIDENTE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB), ANFRISIO FONSECA DE SIQUEIRA, EX PREFEITO, MUNICIPIO, CORNELIO PROCOPIO (PR), ESTADO DO PARANA (PR), ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cumpro o dever de trazer a esta tribuna a tristeza que invade os lares de muitas famílias paranaenses neste momento. O Paraná, nos últimos dias, foi palco infeliz da morte de três homens públicos de relevo, cada qual com suas próprias características.

José Carlos Gomes de Carvalho, o conhecido Carvalhinho, suplente do Senador Osmar Dias, repentinamente, deixou sua família, seus amigos, o Paraná, suas responsabilidades, seus sonhos e suas esperanças. Tive a honra de conhecer Carvalhinho e de convocá-lo para que, conosco, contribuísse como Secretário da Indústria e do Comércio no meu Governo, a fim de que o Paraná se transformasse num Estado de atração de novos investimentos. Naquele período, de 1987 a 1991, sobretudo pelo entusiasmo, pelo dinamismo, pela vocação pública imbatível, pelo bom humor permanente, Carvalhinho foi fundamental para que novos investimentos significativos aportassem ao Paraná. Ele dizia que, em média, três indústrias, por dia, chegavam ao nosso Estado. Isso resultou em um incremento de crescimento econômico sem precedentes. Naquela ocasião, implodia o Plano Cruzado e uma crise brutal se abatia sobre o País, com recessão e queda significativa do Produto Interno Bruto nacional. E o Paraná, contrariando a lógica brasileira, cresceu. E eu não poderia, neste momento de homenagem póstuma, deixar de reconhecer a importância do trabalho desenvolvido por José Carlos Gomes de Carvalho na atração de investimentos que possibilitaram o crescimento do Produto Interno Bruto no Estado na contramão do que ocorria nacionalmente com a queda do Produto Interno Bruto, conseqüência da recessão econômica.

Carvalhinho foi também suplente de Senador, assumindo o Senado em vários momentos. Morreu como Presidente da Federação das Indústrias do Paraná, onde exercitou, na sua plenitude, a capacidade de articulação no mundo empresarial. Sua habilidade na política e especialmente na área empresarial é notória. Particularmente, jamais conheci alguém com o mesmo apetite, com a mesma disposição, com o mesmo entusiasmo na tarefa de articular, de galvanizar forças, de reunir até mesmo os contrários na busca de objetivos comuns. Por isso, foi um cidadão vitorioso. Começou, praticamente do zero, na sua cidade, Santo Antônio da Platina, e foi construindo a prosperidade pelo trabalho e pela competência.

Deixo registradas nossas homenagens póstumas. Certamente, seus familiares, neste momento de dor e de sofrimento, haverão de se lembrar do seu exemplo que, certamente, marcará a trajetória de todos eles.

O Deputado José Carlos Martinez, também, perdeu a vida de forma trágica no último sábado. S. Exª era um símbolo de dinamismo. Figura polêmica, de muitos amigos e de inimigos. Em sua trajetória política, procurou agir com o entusiasmo de principiante a cada momento e a cada passo. E por isso, Senador Papaléo Paes, ele transformou o PTB num grande Partido.

Como Presidente do PTB, exercitando a capacidade de articular e de liderar, Martinez transformou um pequeno partido num partido de força, de presença importante na base de apoio do Governo Lula.

Martinez é também vítima do que - permitam-me utilizar esta expressão - a “máquina de moer carne” faz com os políticos durante a campanha eleitoral. Todos se lembram de que Martinez foi alvo de críticas, de agressões, durante a realização do primeiro turno das eleições, quando apoiava Ciro Gomes. No segundo turno, passou a apoiar Lula e, evidentemente, esqueceram-no. Depois das eleições, quando Lula aportou no Paraná pela primeira vez, a seu lado estava José Carlos Martinez, já não mais alvo das críticas.

Essa é a política - a política da falsidade, a política da encenação - e, às vezes, sentimo-nos até constrangidos num momento como este, quando manifestamos nosso pesar, porque, mesmo aqueles que o atacavam duramente, hoje aparecem para manifestar pesar e dizer que perderam um grande amigo.

José Carlos Martinez era uma figura polêmica, que provocou divergências. Obviamente, foi alvo de discussões, de agressões, mas eu não poderia, na tarde de hoje, deixar de registrar a sua presença na política do Paraná. Martinez exerceu diversos cargos e funções; foi Parlamentar por vários mandatos, disputou o Governo do Paraná e foi o principal artífice da organização da Central Nacional de Televisão (CNT).

A nossa solidariedade à família Martinez que, hoje, no Paraná, chora a morte do seu filho ilustre.

E o terceiro paranaense que desapareceu e que deixa saudades é Anfrísio Fonseca de Siqueira, um militante do meio popular, um ativista.

Embora tenha sido Prefeito de São João do Triunfo e de Cornélio Procópio, marcou a sua presença na vida pública do Paraná como Presidente da famosa Boca Maldita, uma instituição que surgiu no Paraná, sem freios, com irreverência absoluta, para dizer não às mazelas que sempre açoitaram o nosso País, notadamente, no período autoritário, para dizer não ao autoritarismo. Durante 47 anos Anfrísio Siqueira presidiu a Boca Maldita, uma instituição que resistiu a toda sorte de pressão, uma tribuna dedicada ao livre pensamento, fundamental na campanha das “Diretas já!”, tendo cedido o local onde realizamos, em 1984, exatamente no dia 12 de janeiro daquele ano, o primeiro comício pelas eleições diretas no nosso País, com a presença de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e tantas outras lideranças nacionais.

Anfrísio Siqueira, antes de partir, antes de deixar o mundo terreno, deixou encaminhada, entre outras coisas, a rádio comunitária Boca Maldita, já com autorização ministerial de funcionamento.

As nossas homenagens póstumas, a nossa solidariedade à família Siqueira.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/10/2003 - Página 30562