Discurso durante a 150ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre a viagem do Presidente Lula à Argentina.

Autor
Roberto Saturnino (PT - Partido dos Trabalhadores/RJ)
Nome completo: Roberto Saturnino Braga
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Comentários sobre a viagem do Presidente Lula à Argentina.
Publicação
Publicação no DSF de 29/10/2003 - Página 33971
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • COMENTARIO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, VIAGEM, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESTINO, PAIS ESTRANGEIRO, ARGENTINA, IMPORTANCIA, ENCONTRO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, BUSCA, SOLUÇÃO, CRISE, ECONOMIA, REFORÇO, SOBERANIA, REGISTRO, SEMELHANÇA, IDEOLOGIA, CHEFE DE ESTADO, ASSINATURA, DOCUMENTO, COLABORAÇÃO, POLITICA EXTERNA, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, SUGESTÃO, CRIAÇÃO, PARLAMENTO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), AUMENTO, INTEGRAÇÃO, AMERICA DO SUL.
  • REGISTRO, ATUAÇÃO, BRASIL, GOVERNO ESTRANGEIRO, ARGENTINA, AUXILIO, CRISE, PAIS ESTRANGEIRO, BOLIVIA, UNIÃO, NEGOCIAÇÃO, AREA DE LIVRE COMERCIO DAS AMERICAS (ALCA), PRIORIDADE, REFORÇO, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).

O SR. ROBERTO SATURNINO (Bloco/PT - RJ. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero fazer um breve comentário sobre a viagem do Presidente Lula, 10 dias atrás, à Argentina. Eu já devia ter feito esse comentário anteriormente e até procurei fazê-lo em um discurso maior, pois o tema mereceria ser tratado em 20 minutos, mas infelizmente não consegui a inscrição, pois os nobres colegas estão mais assíduos do que nunca na tribuna.

Assim, hoje, farei um breve comentário para contar os momentos presenciados em Buenos Aires. Foi realmente um encontro histórico e marcante. Os dois Presidentes foram eleitos em um momento em que o Brasil e a Argentina enfrentam dificuldades muito graves, que afetam as suas respectivas soberanias. Neste momento histórico, o Brasil e a Argentina elegem dois Presidentes que são coincidentes em idéias, pensamentos e avaliações sobre as dificuldades que vivem seus países e as respectivas soluções.

Essa coincidência de pontos de vista e de posições políticas neste momento grave para as duas nações é algo de extrema importância, porque os dois Países precisam efetivamente um do outro para superar a problemática em que se encontram. E, tendo como pano de fundo essa problemática, os dois Presidentes firmam uma aliança estratégica muito sólida, definida em princípios muito bem expostos, os quais foram colocados em um documento a que se chamou de Consenso de Buenos Aires. Tal documento pautará a atuação do Brasil e da Argentina no campo internacional e nas próprias políticas internas.

É extraordinário que isso tenha acontecido, pois Brasil e Argentina eram países, historicamente, adversários. Lembro-me de que, quando fiz o meu serviço militar no CPOR, a hipótese de guerra do Exército Brasileiro era com a Argentina. Isso foi inteiramente superado pela realidade que os dois países vivem e que fez um olhar para o outro como aliados, amigos, países que têm um destino comum e que falam, hoje, em integração econômica, cultural e até mesmo política.

O Presidente Kirchner enfatizou a urgência de se instalar um Parlamento do Mercosul. O Presidente Lula fez referências várias ao embrião de uma nação sul-americana. Isso, necessariamente, leva os dois países a uma atuação conjunta em favor dos seus próprios interesses, das suas populações, das suas economias, frente a problemas maiores que lhe são colocados exatamente porque herdaram situações e políticas anteriores que os levaram a esse quadro de dificuldades.

Os dois países tiveram uma participação muito interessante e importante na solução da crise boliviana e, agora, estão agindo em conjunto na questão da Alca, colocando a consolidação do Mercosul antes da Alca. E, como razões de negociação e pontos de vista de ambos os países, coloca-se a defesa dos interesses do Mercosul, perante uma economia muito mais desenvolvida em termos de produtividade, visto que o projeto de desenvolvimento de Brasil e Argentina pode ser profundamente afetado caso o Brasil ou a Argentina, isoladamente, venham a assinar um acordo, venham a concordar com posições e postulações da potência norte-americana que afetem de maneira indelével, de maneira irrecorrível, o nosso processo de desenvolvimento, o nosso projeto nacional de desenvolvimento.

Esse fato, Sr. Presidente, é extremamente auspicioso e extraordinário na história deste País, na história do Cone Sul e da América do Sul, precisando, pois, ser discutido com mais profundidade. Lamento ter somente este tempo curto, mas eu tinha que dar à Casa as impressões que recolhi nesta viagem da qual participei e que, como eu disse, constituiu um marco importante na história desses dois países.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/10/2003 - Página 33971