Discurso durante a 150ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários ao artigo do pesquisador Afonso Celso Candeira Valois, sobre as "Possibilidades de uso de genótipos modificados e seus benefícios".

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
  • Comentários ao artigo do pesquisador Afonso Celso Candeira Valois, sobre as "Possibilidades de uso de genótipos modificados e seus benefícios".
Publicação
Publicação no DSF de 29/10/2003 - Página 34077
Assunto
Outros > POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
Indexação
  • ELOGIO, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), PUBLICAÇÃO, TEXTO, DISCUSSÃO, CIENCIA E TECNOLOGIA, DESENVOLVIMENTO AGRICOLA, ESPECIFICAÇÃO, DIVULGAÇÃO, ESTUDO, POSSIBILIDADE, UTILIZAÇÃO, ALTERAÇÃO, GENETICA, AGRICULTURA, AMPLIAÇÃO, ACESSO, ALIMENTAÇÃO, MELHORIA, NUTRIÇÃO, DEBATE, METODO, AVALIAÇÃO, RISCOS, SEGURANÇA, SAUDE, MEIO AMBIENTE, VANTAGENS, PRODUTIVIDADE, CUSTO, PRODUTO TRANSGENICO, NECESSIDADE, COMBATE, MONOPOLIO, PRODUÇÃO, SEMENTE.

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, tem uma história de relevantes serviços prestados ao País.

Com habitual freqüência, por sua Secretaria de Gestão e Estratégia, essa empresa divulga os resultados de seus estudos e pesquisas, de sorte que sobretudo a comunidade científica venha a debater os textos produzidos e a contribuir para o seu aperfeiçoamento.

Com isso, espera dinamizar a circulação de idéias novas e a prática de reflexão e de discussão sobre os aspectos relacionados à “ciência, à tecnologia, ao desenvolvimento agrícola e ao agronegócio”, prometendo receber estudos e comentários e debater, diretamente, comentários e sugestões dos leitores.

Desta feita, com o volume 19 da série Texto para Discussão, a Embrapa divulga artigo do Pesquisador Afonso Celso Candeira Valois, sobre as “Possibilidades de Uso de Genótipos Modificados e Seus Benefícios”.

Nada mais oportuno. Previsões apontam que a população mundial deve chegar a 8 bilhões de indivíduos em 2020. Nos dias correntes, existiriam 800 milhões de pessoas sem acesso à alimentação mínima necessária, e um número ainda maior de portadores de carências de vitaminas, minerais e outros nutrientes fundamentais.

Diante dessa realidade, a moderna agricultura dedicou-se a aumentar a produção de alimentos, ao mesmo tempo em que utilizou pesticidas e fertilizantes em larga escala. De elevado custo, esses produtos químicos podem prejudicar a saúde humana e produzir danos ao ecossistema.

O autor refere-se “às amplas possibilidades do uso de plantas transgênicas na agricultura”, como opção para vencer os desafios do aumento da produção e da produtividade, do controle de pragas e doenças, de melhorar a qualidade dos produtos, e de encontrar medicamentos de baixo preço e de fácil aplicação.

Põe em discussão os métodos de se obter e utilizar plantas transgênicas em diferentes situações e nichos ecológicos, sublinhando “as condições em que os genes exógenos devem ser usados em programas de melhoramento genético de plantas”.

Enfatiza a necessidade de se avaliar o risco que a utilização de plantas transgênicas pode apresentar para a saúde alimentar e a segurança ambiental, antes de sua liberação para o consumo.

Plantas transgênicas são as “que carregam em seu genoma a adição de DNA oriundo de uma fonte diferente do germoplasma paternal”. Entre os cultivares melhorados por técnicas modernas, incluem-se os de milho, algodão, soja, colza, feijão, mamão, tomate, batata e arroz, com sólidas características de resistência a pragas e doenças. Em todo o mundo, cerca de 59 milhões de hectares com esse agronegócio rendeu mais de 2 bilhões e 500 milhões de dólares em 2000.

Alinham-se entre as vantagens das técnicas de engenharia genética e dos transgênicos a de aumento da produção e da produtividade, com redução de custos; a de constituir nova alternativa de comercialização de produtos agrícolas; a de admitir melhor controle ambiental pela redução ou eliminação do uso de agrotóxicos; a de aumentar a competitividade do produto agrícola num mercado globalizado; a de possibilitar análise do produto para integral segurança alimentar e ambiental; e a de bem informar os produtores e os consumidores quanto à origem dos transgênicos.

Depõem, também, a favor das técnicas de engenharia genética a sua maior velocidade na geração de novos cultivares; a ampla possibilidade de bem informar os produtores e os consumidores quanto à origem dos transgênicos; a instituição de melhoramento genético mais bem direcionado e de condições para ultrapassar impedimentos “de ordem biótica e abiótica”; e a criação de genótipos adaptados, para facilitar a exploração em condições ecológicas adversas.

Igualmente, o encontro de meios para vencer as barreiras de importação de recursos genéticos; a utilização de alternativas não encontradas facilmente na natureza; a melhoria da qualidade dos produtos agrícolas; a total possibilidade de evitar o surgimento de monopólios ou oligopólios na produção de sementes melhoradas.

E, finalmente, por representar alternativa consistente para colaborar com a “mitigação ou extinção da fome, pobreza e miséria absoluta que assolam cerca de 18% da população mundial”.

A publicação registra, por derradeiro, que a “enorme vantagem comparativa e competitiva de obtenção de amplos ganhos genéticos de seleção de genótipos” não exclui os procedimentos de biossegurança a serem realizados antes da distribuição dos organismos transgênicos, descartando-se os que atentem contra a qualidade de vida e saúde dos consumidores ou causem danos ao meio ambiente.

Conclusivamente, o Brasil, país em pleno desenvolvimento, possui ampla biodiversidade, recursos genéticos, biotecnologia, infra-estrutura, pessoal competente, ampla capacidade competitiva no ramo do agronegócio e sólida determinação.

Deve, portanto, em benefício da sociedade, avançar em ciência, tecnologia e pesquisa, praticando uma agricultura saudável e competitiva, para obter a tão desejada auto-suficiência em alimentos e a redução da dependência externa.

Era o que tínhamos a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/10/2003 - Página 34077