Discurso durante a 151ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Voto de pesar pelo falecimento do escritor, professor, advogado e pensador Marcos Almir Madeira.

Autor
Marco Maciel (PFL - Partido da Frente Liberal/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Voto de pesar pelo falecimento do escritor, professor, advogado e pensador Marcos Almir Madeira.
Publicação
Publicação no DSF de 30/10/2003 - Página 34222
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MARCOS ALMIR MADEIRA, PROFESSOR, ESCRITOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA.

O SR. MARCO MACIEL (PFL - PE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para falar sobre o requerimento de iniciativa do Presidente José Sarney, do qual fui subscritor, relativo a voto de pesar da Casa pela morte do escritor, professor, advogado e pensador Marcos Almir Madeira.

Fluminense de Niterói, nascido há 87 anos, teve uma vida dedicada às boas causas, especialmente aquelas voltadas para educação, ciência e cultura de nosso País. Se nos detivermos na análise de seu denso curriculum, verificaremos também haver sido ele um verdadeiro homem público, atento sempre às questões nacionais e preocupado com o alevantamento moral e cultural de nossa gente.

Integrou o Conselho Federal de Cultura e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e pertenceu a inúmeras outras acatadas instituições públicas e não governamentais. Dentre elas desejaria citar, pelo papel nelas desempenhado, duas: a Academia Brasileira de Letras, ocupante da cadeira nº 19, e o Pen Club do qual foi Presidente e sua figura se associara à própria entidade.

Possuía várias condecorações em reconhecimento pelos trabalhos e ações desenvolvidos. Publicou mais de uma dezena de livros no campo da literatura, como A ironia de Machado de Assis e outros sobre temas sociais, educacionais e literários, de interesse nacional e internacional.

Estuante personalidade, inteligente, probo e de excelente convívio, será difícil, no reduzido tempo de que o Regimento da Casa me concede, traçar-lhe, como pretendia, um perfil à altura de suas qualidades e méritos.

Vou destacar pelo menos dois atributos que ornaram sua personalidade: o cidadão e o amigo.

Disse certa feita o jornalista Hipólito José da Costa que o primeiro dever do homem em sociedade é ser útil; e cada um deve, segundo suas forças públicas ou morais, administrar, em benefício da mesma, os conhecimentos, os talentos, que a natureza, a arte ou a educação lhe prestou”. Esse perfil do cidadão, tão argutamente traçado pelo editor, em Londres, do então Correio Braziliense, é expressão nítida do pensamento e ação cívica do professor Marcos Almir Madeira.

Ao cidadão se associava o amigo como a outra face de sua personalidade. Elegante nos gestos e na palavra, Marcos Madeira era parceiro não apenas nos grandes, mas igualmente nos pequenos assuntos. Pois, como observou o escritor português Camilo Castello Branco, “é nas pequenas coisas que o verdadeiro amigo se revela”.

Em depoimento ao jornal O Estado de S.Paulo, logo após sua morte, o Embaixador Alberto Costa e Silva, Presidente da Academia Brasileira de Letras, depois de defini-lo como um grande sociólogo e professor estimadíssimo por seus alunos, acrescentou: “Era também um homem elegante em tudo, no comportamento, na fala e na escrita. E, sobretudo, muito alegre”.

O Embaixador Costa e Silva recordou também que durante a enfermidade de sua mulher, “em decorrência de um derrame cerebral, procurou não transmitir seu sofrimento aos amigos. Apesar da doença dela, procurava não falar sobre o assunto. Ele sofria com tudo aquilo, mas não o transformava em um problema para os outros, guardava para si”.

Esse é um fato comum nos casais que tiveram feliz união durante toda a vida em comum: faleceu logo após o desaparecimento da esposa, a professora e musicista Duhilia Frazão Guimarães Madeira, com quem vivera mais de meio século.

Como católico, recebeu a extrema unção e, após a morte, foi celebrada missa de corpo presente pelo sacerdote jesuíta, escritor de notáveis obras a respeito do solidarismo cristão, Fernando Bastos de Ávila.

Por fim, Sr. Presidente, solicito seja feita, além da comunicação já enviada à Academia Brasileira de Letras e à família, nas pessoas de suas filhas Maria Ângela e Maria Cristina, pelo Presidente Senador José Sarney, mensagem ao Pen Club, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, às Academia Fluminense de Letras e Academia Brasileira de Arte.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/10/2003 - Página 34222