Discurso durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Congratulações com a iniciativa do empresário Carlos Cassemiro Martins, da empresa CAOÊ Indústria e Comércio de Carvão Vegetal, que encomendou uma pesquisa sobre a cadeia produtiva do carvão vegetal.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Congratulações com a iniciativa do empresário Carlos Cassemiro Martins, da empresa CAOÊ Indústria e Comércio de Carvão Vegetal, que encomendou uma pesquisa sobre a cadeia produtiva do carvão vegetal.
Publicação
Publicação no DSF de 31/10/2003 - Página 34509
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • ANALISE, ATIVIDADE, PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, CARVÃO VEGETAL, ESTADO DE RONDONIA (RO), REGISTRO, MAIORIA, ORIGEM, REFLORESTAMENTO, CRITICA, PREVALENCIA, ECONOMIA INFORMAL, FALTA, APOIO, GOVERNO, CREDITOS.
  • ELOGIO, INICIATIVA, EMPRESARIO, MUNICIPIO, ALTA FLORESTA D'OESTE (RO), ESTADO DE RONDONIA (RO), ENCOMENDA, FACULDADE, AGRICULTURA, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP), PESQUISA, CARACTERISTICA, PRODUÇÃO, CARVÃO VEGETAL, CADASTRAMENTO, PRODUTOR, SUBSIDIOS, ATUAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, BANCO DE DESENVOLVIMENTO, AUMENTO, FINANCIAMENTO, SETOR.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vem do meu Estado, Rondônia, excelente exemplo de iniciativa e dinamismo de um pequeno empresário; no caso, um empresário do setor produtor de carvão vegetal. Um exemplo que também demonstra as vantagens da articulação correta entre setor privado, programas de governo e pesquisa técnica, trazendo bons frutos para o progresso econômico e a criação de empregos.

O carvão vegetal não é apenas matéria-prima para a indústria de ferro-gusa, ou para os milhões de churrascos de fim de semana pelo País a fora. Ele ainda é, em muitos rincões do Brasil, combustível de destaque nas cozinhas dos lares de muitos brasileiros. Em Rondônia, terra de florestas, nativas e plantadas, terra de destacada atividade madeireira, fiscalizada pelos órgãos ambientais, é forte a atividade das carvoarias, de produtores e distribuidores de carvão vegetal. Muitos deles também distribuem lenha, combustível que ainda desempenha papel significativo em nossa matriz energética.

O setor do carvão vegetal em Rondônia tem um ponto forte e um ponto fraco, a saber: felizmente, a madeira que ele utiliza vem, na quase totalidade de florestas plantadas, não nativas; e, infelizmente, ainda é um setor no qual prevalece a informalidade e a baixa associatividade, e que carece de apoio de órgãos de governo, faltando-lhe também, conseqüentemente, as necessárias linhas de crédito.

Foi percebendo essas carências que o empresário Carlos Cassemiro Martins, de Alta Floresta D’Oeste, Rondônia, resolveu tomar a iniciativa de mudar para melhor o panorama do setor. Ele encomendou uma pesquisa sobre a cadeia produtiva do carvão vegetal, a fim de traçar o perfil estatístico do setor e possibilitar diagnósticos e ações de governo.

Inicialmente, o próprio empresário, por meio de sua empresa, a CAOÊ Indústria e Comércio de Carvão Vegetal, conduziu o estudo, com a constituição de uma equipe especial e com coleta de informações diretamente no campo abrangendo praticamente todo o Estado de Rondônia. Posteriormente, o levantamento foi continuado e desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, escola conhecida pela Sigla ESALQ/USP.

A ESALQ/USP sistematizou os dados estatísticos que haviam sido recolhidos, orientou a coleta de dados adicionais e confeccionou um relatório final. Todo esse trabalho foi pago pela CAOÊ.

Com essa provocação e esse apoio da CAOÊ, o SEBRAE de Rondônia instituiu o Programa de Qualificação e Certificação da Industrialização de Carvão Vegetal no Estado de Rondônia. Evidentemente, é um importante passo para a melhor ordenação do setor, e se tornou possível graças ao cadastramento das centenas de produtores e distribuidores de carvão vegetal no Estado, promovido pela CAOÊ.

O setor madeireiro como um todo é o terceiro setor econômico de maior importância em Rondônia e emprega dezenas de milhares de pessoas. É composto de vários subsetores. Por exemplo, o segmento de chapas de madeira emprega 15 mil pessoas e é constituído por empresas de grande porte, bem estruturadas organizacionalmente e tecnologicamente. Dos 8 milhões de metros cúbicos, estéreos, extraídos das florestas plantadas, 2 milhões são destinados ao segmento de chapas. Os demais 6 milhões de metros cúbicos destinam-se a outros fins, diversos, incluídas aí a obtenção de lenha e a produção de carvão vegetal.

Comparativamente ao segmento de chapas, o setor de carvão vegetal apresenta um quadro bem diverso. As empresas são pequenas e a incidência da informalidade é alta, dificultando a obtenção pelo governo estadual de informação e dados detalhados e precisos sobre a cadeia produtiva e de comercialização. Isso explicaria a ausência, por parte do governo, de uma política e de uma estratégia para o setor. Estratégia que deveria incluir, por exemplo, linhas de financiamento, oportunidades para a adoção de melhores tecnologias e redução da informalidade.

É nesse estado de coisas que se inseriu a pesquisa patrocinada pela CAOÊ. Ela procurou traçar o perfil de produtores e de distribuidores, compreendendo informações sobre tipo de matéria-prima, tecnologia e infra-estrutura utilizada, mão-de-obra, aspectos quantitativos e qualitativos da produção e da comercialização, aspectos ambientais, potencial de crescimento e de evolução da atividade e, finalmente, disposição para adesão a um processo de desenvolvimento estratégico do setor, incluídas aí a qualificação e certificação de produto e do produtor.

Realizada essa importante iniciativa pela empresa CAOÊ Indústria e Comércio de Carvão Vegetal, resta agora ao Governo estadual dar os necessários passos para melhor estruturar o setor. Sobretudo faz-se urgente a abertura de linhas de crédito, do Banco do Brasil e do Banco de Desenvolvimento da Amazônia, com a finalidade de aquisição de maquinário necessário à atividade, como, por exemplo, tratores e caminhões. Também é indispensável abrir ao setor de carvão vegetal linhas de financiamento para replantio nas áreas em que houve derrubada de árvores.

Esperamos que se articulem, para o bem de Rondônia, com harmonia e eficiência, esses eixos de atuação no setor de carvão vegetal: o das empresas, o do governo e o do setor financeiro. E está de parabéns a CAOÊ, pela sua iniciativa.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 31/10/2003 - Página 34509