Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Dificuldades de operacionalização no sistema de crédito rural no Brasil.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Dificuldades de operacionalização no sistema de crédito rural no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 04/11/2003 - Página 34836
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, RECLAMAÇÃO, PRODUTOR RURAL, DIFICULDADE, OPERAÇÃO, SISTEMA, CREDITO RURAL, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DE RONDONIA (RO), INSUFICIENCIA, RECURSOS, FINANCIAMENTO, CUSTEIO, SAFRA.
  • DEFESA, IMPORTANCIA, SETOR, AGROPECUARIA, ECONOMIA NACIONAL, CRIAÇÃO, EMPREGO, INTERIOR.
  • COBRANÇA, GOVERNO, URGENCIA, SOLUÇÃO, PROBLEMA, CREDITO RURAL.

O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tenho detectado algumas dificuldades de operacionalização no sistema de crédito rural no Brasil. Vez por outra surgem reclamações de sindicatos de produtores rurais contra a insuficiência de recursos para custeio da safra.

Sempre lamento muito qualquer problema que ocorra com o sistema de crédito rural, porque isso sempre me evoca aquela anedota da galinha dos ovos de ouro. Não tenho dúvida de que, ao não operarmos adequadamente o sistema de crédito rural, ao permitirmos que faltem recursos para custeio da safra, estamos matando o setor econômico que se tem mostrado mais dinâmico nos últimos anos, no Brasil; o que tem mais crescido; o que mais contribui com as exportações; portanto, o que mais aufere divisas num país caracterizado por crises cambiais periódicas e por fragilidade das contas externas. Esse setor -- todos estamos cansados de saber -- é o agropecuário ou, se quisermos dar ao termo uma roupagem mais moderna, enfatizando sua sofisticação e sua natureza de indústria, o agronegócio.

Como se não bastasse a importância do agronegócio em termos estritamente econômicos, ainda há de se lembrar a função social relevantíssima que o setor cumpre, por gerar milhões de empregos no interior. Isso, num país em que uma das mais graves mazelas é o processo histórico recente de urbanização excessiva, provocada por êxodo rural, por falta de condições de sobrevivência no campo, resultando em centros urbanos inchados, violentos, que não tiveram e continuam não tendo condições para absorver tanta gente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, penso que é conveniente reiteradamente lembrar e enfatizar a importância econômica e social do agronegócio no Brasil. Disso não podemos estar esquecidos. Essa lembrança nos impediria de cometer erros primários no que diz respeito ao apoio do Estado a essa atividade.

Todavia uma questão mais específica, -- que se insere no tema agronegócio, -- traz-me, hoje, à tribuna. É uma questão de operação do crédito rural em meu Estado, Rondônia.

Em visitas ao Estado, em contatos políticos com produtores rurais rondonianos, em conversas mantidas em agências financeiras que operam o sistema de crédito rural, -- no Banco do Brasil e no BASA, -- tenho verificado a existência de sérios problemas no financiamento de custeio, especialmente, nas culturas de café, soja e cacau.

As reclamações são muitas, e há muita insatisfação por parte dos plantadores das mais importantes culturas do Estado de Rondônia. O que se diz é que o dinheiro do crédito rural não tem sido suficiente para financiar o custeio da safra. Reclama-se de que o dinheiro definido no Orçamento Geral da União para essa finalidade tem sido executado de maneira ínfima. Em outras palavras, a quantia que tem sido liberada é irrisória em comparação com o que os produtores podiam, legitimamente, esperar, dadas as dotações orçamentárias. São, aliás, nesses números, que estão muito longe de ser realizados, que se basearam as decisões dos produtores quanto à área a ser plantada e que presidiram todo um planejamento para a safra.

Outro dia ouvi um discurso do eminente Senador Jonas Pinheiro, representante de um Estado vizinho nosso, o Mato Grosso, em que Sua Excelência trazia ao Plenário insatisfações semelhantes por parte dos produtores mato-grossenses de soja, café e de cacau, e também de algodão. Assim, -- acredito, -- essa situação deve se reproduzir em outras áreas do País.

Portanto, Sr. Presidente, o que posso e devo fazer por enquanto, em primeiro lugar, é chamar a atenção das autoridades federais que lidam com o crédito rural para esse problema, e cobrar a mais rápida possível solução.

Repetindo: os produtores de Rondônia de soja, café e de cacau não estão conseguindo plantar e expandir a produção por falta de crédito oficial! Gostaria de contar com a sensibilidade das autoridades para o problema. E o quanto antes! Pois, em assunto de agricultura, que é atividade que cumpre o calendário da natureza, não se pode esperar.

Cobro, portanto, uma solução oportuna para a questão. Vou acompanhar o desdobramento desse problema e estar atento.

            Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/11/2003 - Página 34836