Discurso durante a 157ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Obras inacabadas no Brasil.

Autor
Aelton Freitas (PL - Partido Liberal/MG)
Nome completo: Aelton José de Freitas
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Obras inacabadas no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 07/11/2003 - Página 35637
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, ESTADO DE MINAS, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), GRAVIDADE, AUSENCIA, CONCLUSÃO, OBRA PUBLICA, AMBITO NACIONAL, RESPONSABILIDADE, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, FALTA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, MELHORIA, INFRAESTRUTURA.
  • ELOGIO, INICIATIVA, ANDERSON ADAUTO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DOS TRANSPORTES (MTR), PRIORIDADE, RECURSOS, OBRA PUBLICA, PROXIMIDADE, CONCLUSÃO, NECESSIDADE, POLITICA, DEFINIÇÃO, MATERIA, CRITICA, REALIZAÇÃO, CORTE, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, FRUSTRAÇÃO, EXPECTATIVA, POPULAÇÃO.
  • COMENTARIO, FALTA, CONCLUSÃO, OBRA PUBLICA, IRRIGAÇÃO, RODOVIA, FERROVIA, REGISTRO, EXPERIENCIA, DEMORA, CONSTRUÇÃO, METRO, MUNICIPIO, BELO HORIZONTE (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), NECESSIDADE, DEFINIÇÃO, CRONOGRAMA, OBRAS, GOVERNO FEDERAL.
  • DEFESA, RECRIAÇÃO, SUBCOMISSÃO, SENADO, APURAÇÃO, SITUAÇÃO, ATRASO, CONCLUSÃO, OBRA PUBLICA, CONTENÇÃO, PERDA, FUNDOS PUBLICOS, FISCALIZAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO.

O SR. AELTON FREITAS (Bloco/PL - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, brasileiros e brasileiras que acompanham o nosso trabalho pela Rádio Senado e pela TV Senado, venho a esta tribuna hoje motivado por uma série de reportagens publicadas nos últimos dias pelos jornais Estado de Minas e Correio Braziliense, tratando da triste realidade das obras inacabadas do nosso País.

Essas obras, Sr. Presidente, em sua maioria, já consumiram milhões e milhões em recursos sem surtir os benefícios tão necessitados pela nossa população. Trata-se de um acúmulo ineficiente de tempo, de trabalho e de muito dinheiro dos cofres públicos, com obras arrastando-se há mais de 30 anos. Entre essas, destaco projetos de irrigação, ferrovias urbanas e, principalmente, estradas federais. É justamente de responsabilidade do Ministério dos Transportes a principal coleção de obras parcialmente concluídas pelos governos. Na área de rodovias, são 322 contratos parados, que precisariam pelo menos de R$5 bilhões para o seu cumprimento integral.

A situação é dramática, Srªs e Srs. Senadores, não só pelo risco que corremos nas rodovias, mas também pelo prejuízo que as más condições acarretam aos transportes de carga em todo o País. Um exemplo são os números da Associação Nacional de Transportes de Cargas, ANTC, para o trajeto Brasília-Fortaleza pela BR-020. A entidade aponta um gasto adicional de R$2,20 por quilômetro para um caminhão que trafega com capacidade de 25 toneladas de carga. Esse é apenas um dos inúmeros casos semelhantes registrados em todo o País.

Entendo que não é fácil conseguir os avanços demandados nessa área de infra-estrutura. São muitos os problemas, e os recursos são escassos. Por isso mesmo, estou e sempre estarei solidário com o Ministro dos Transportes, Anderson Adauto, um político de seriedade comprovada, que demonstra coerência ao priorizar a aplicação de recursos em estradas e obras de toda a natureza de infra-estrutura que estejam mais próximas da sua conclusão - ou seja, faltando no máximo 15% de investimento necessário para o seu término.

Foi exatamente essa postura correta adotada pelo Governo Lula, por meio do Ministro dos Transportes, que possibilitou na minha região o término da Ponte de Porto Alencastro, uma belíssima obra, fundamental para a integração regional de Minas Gerais com Mato Grosso do Sul. Sou natural do Triângulo Mineiro e sei o quanto a conclusão dessa ponte será importante para o fortalecimento econômico das duas regiões e de todo o seu entorno.

Acredito que o Governo Federal deve seguir esse exemplo bem-sucedido e definir prioridades para serem executadas numa previsão de gastos realistas, condizente com a saúde financeira do País atualmente.

De nada adianta, Sr. Presidente, fazer todos os anos uma ousada previsão de investimentos, que acabam não sendo realizados em virtude de reduções e contingenciamentos orçamentários com que nos estamos deparando todos os dias. Cria-se uma falsa expectativa nos órgãos competentes e na população, que acaba vivendo mais uma desilusão.

É o caso do metrô da capital do meu Estado, Belo Horizonte. Desde o início da sua construção, em 1982, vem amargando prejuízos que custam aos cofres públicos cerca de R$3 milhões ao mês. São 22 anos de lentidão, de burocracia, de promessas, de projetos que não saem do papel e de espera da população belo-horizontina por melhores condições de transporte público.

A previsão para que a obra seja concluída, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é de 75 anos, levando-se em conta que o valor total estimado é de R$600 milhões e que a média de investimentos nos últimos anos foi de R$8 milhões. O serviço de terraplanagem, por exemplo, corre o risco de se perder com a chegada das chuvas, que já chegaram. Apenas uma das quatro linhas que fazem parte do projeto original está concluída até hoje, atendendo apenas um terço da população belo-horizontina.

Infelizmente, não é apenas Belo Horizonte que enfrenta o problema com o metrô, mas também Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília. São cidades que também possuem ferrovias urbanas inacabadas. Todas acabam deparando com os mesmos recursos escassos e com a impossibilidade da conclusão de obras em tempo hábil.

Por tudo isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é imprescindível que o Governo Federal tenha um diálogo maduro com as lideranças dessas capitais e defina um cronograma de trabalho, pois certamente é impossível concluir todas as obras ao mesmo tempo. O fundamental é trabalhar para que o orçamento a ser definido seja integralmente cumprido, fazendo uma previsão de investimento mais tímida, mas também mais realista, que seja colocada em prática, de fato.

É natural que as críticas continuem existindo, até porque elas são importantes. Se o Governo conseguir manter essas diretrizes, poderá, no futuro, ter consciência tranqüila de que não alimentou esperanças em vão.

É fundamental salientar ainda a importância da recriação da Subcomissão de Obras Inacabadas nesta Casa, de que terei a responsabilidade de participar como titular, ao lado dos nobres Senadores e Pares Delcídio Amaral, Gerson Camata, Efraim Morais, Leonel Pavan e outros que se interessarem.

Em 1995, quando funcionou pela primeira vez, a Comissão apurou a existência de 1.172 obras inacabadas, segundo informação dos órgãos federais, para cuja conclusão seriam necessários R$6,07 bilhões. O objetivo dessa subcomissão, além de fiscalizar obras que foram inventariadas em 1995 como inacabadas, é buscar novas obras inconclusas e examinar, com mais clareza e profundidade, os motivos de ocorrência de tais fenômenos na administração pública brasileira.

Por intermédio do trabalho da subcomissão, o Senado Federal também vai oferecer a sua contribuição para que a importante questão das obras inacabadas passe a ser tratada de maneira mais responsável.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/11/2003 - Página 35637