Discurso durante a 157ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apresentação de Proposta de Emenda à Constituição que institui o direito de o eleitorado revogar o mandato de mandatários que traem seus eleitores, e de Projeto de Resolução do Senado tratando de viagens de Senadores ao exterior. (como Líder)

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. SENADO.:
  • Apresentação de Proposta de Emenda à Constituição que institui o direito de o eleitorado revogar o mandato de mandatários que traem seus eleitores, e de Projeto de Resolução do Senado tratando de viagens de Senadores ao exterior. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 07/11/2003 - Página 35639
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. SENADO.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, AUTORIA, ORADOR, GARANTIA, DIREITOS, ELEITORADO, REVOGAÇÃO, MANDATO, CANDIDATO ELEITO, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, REGISTRO, EXPERIENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), EXPECTATIVA, ANALISE, MATERIA, CONGRESSISTA, IMPORTANCIA, APROVAÇÃO, POPULAÇÃO, MANUTENÇÃO, EXERCICIO, CARGO PUBLICO.
  • COMENTARIO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE RESOLUÇÃO, AUTORIA, ORADOR, ALTERAÇÃO, REGIMENTO INTERNO, SENADO, OBJETIVO, REFORÇO, CRITERIOS, VIAGEM, SENADOR, EXTERIOR, MOTIVO, CONTENÇÃO, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, IMPORTANCIA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA, ATUAÇÃO, CONGRESSISTA.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Pedi a palavra como Líder para comunicar à Casa que apresentei e encaminhei à Mesa duas proposições que considero relevantes: uma proposta de emenda à Constituição importante para o processo político brasileiro e um projeto de resolução modificando o Regimento Interno do Senado.

A proposta de emenda à Constituição mereceu o apoio de 26 colegas, Sr. Presidente, e institui no Direito Público brasileiro a figura do recall, ou seja, do direito de o eleitorado revogar o mandato de mandatários que traem os seus eleitores. Institui o recall, que existe em muitos Estados da Federação americana. Não me parece correto que mandatários eleitos que logo em seguida decepcionam o eleitorado só possam ser julgados quatro anos depois. E não me refiro apenas à prática de desmandos, de crimes de corrupção, mas a outras mais corriqueiras. Por exemplo, quem se elege com um discurso e, logo depois de empossado, muda. É importante que o eleitorado seja chamado, nobre Senadora Heloísa Helena, para dizer se aprova. Se não aprovar, que se perca o mandato. Mudar de Partido, não, Sr. Presidente. Às vezes, muda-se de Partido obrigado, porque foi a direção partidária quem traiu os ideais. Agora, o adesismo, caso em que uma Senadora ou Senador se elege pela Oposição e, sem justificativa, adere ao Governo, é preciso que o eleitorado julgue, aprovando ou não, porque os Pares não têm como punir.

Sr. Presidente, a emenda me parece muito bem fundamentada. Caberá ao Congresso julgar. Tenho poucas esperanças de vê-la aprovada, é claro, mas quero suscitar o debate do tema.

A outra emenda é de ordem interna do Senado. É algo que desagrada alguns, mas é preciso ser feito. É necessário estabelecer regras mais claras e duras para as viagens de Senadores ao exterior. Eu tive o cuidado de levantar o número de viagens ocorridas neste ano: 40 Senadores viajaram para o exterior, o que custou R$418 mil ao Senado. Até o final do ano, isso chegará a R$500 mil.

Não vi nada escandaloso, Senadora Heloísa Helena. É normal que os Senadores viagem ao exterior, eu mesmo fui uma vez. O Senador Antonio Carlos Magalhães fez a gentileza de me convidar, e fui à ONU porque tinha muito interesse em conhecê-la. Isso enriquece o Senador, é útil à instituição. Não considero a quantia fabulosa, nem que a Presidência esteja exorbitando; isso não é nenhum escândalo, nem vou escandalizar. Mas é preciso estabelecer regras claras e que o Regimento seja cumprido; que o assunto passe por comissões e seja aprovado em Plenário, para que se saiba aonde o Senador está indo, que se limite o número de dias e de membros da delegação e emita-se relatório circunstanciado na volta. Enfim, é isso que estou propondo, apenas tornando mais rigorosas as regras já previstas no Regimento. Isso eu acredito que será aprovado pelo Senado, porque todos aqui querem transparência. Quando eu for à ONU, ao Japão ou ao Afeganistão, quero que saibam o que vou fazer e, na volta, ouçam o que fiz.

A Senadora Heloísa Helena pode ir para a Faixa de Gaza; S. Exª está se oferecendo.

Era o que eu tinha a comunicar, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/11/2003 - Página 35639