Discurso durante a 158ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários à matéria "Inadimplência atinge 20 milhões de habitantes", publicada no jornal Folha de S.Paulo, edição de 12 de agosto do corrente.

Autor
Teotonio Vilela Filho (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: Teotonio Brandão Vilela Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Comentários à matéria "Inadimplência atinge 20 milhões de habitantes", publicada no jornal Folha de S.Paulo, edição de 12 de agosto do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 08/11/2003 - Página 35990
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), AUMENTO, INADIMPLENCIA, CONSUMIDOR, DADOS, ENTIDADE, BANCOS.

O SR. TEOTÔNIO VILELA FILHO (PSDB - AL. Sem apanhamento taquigráfico.) -

INADIMPLÊNCIA EM ALTA

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna, neste momento, para comentar a matéria “Inadimplência atinge 20 milhões de habitantes”, publicada no jornal Folha de S.Paulo em sua edição de 12 de agosto de 2003.

A referida matéria, que solicito seja inserida nos anais do Senado Federal, trata dos dados divulgados pela Serasa (centralização dos Serviços Bancários) de que a inadimplência dos consumidores continua em alta e que cerca de 11,5% da população brasileira tem hoje alguma pendência financeira.

A população continua tomando crédito para pagar dívidas antigas, o que significa abrir mão de consumir.

O texto, que passo a ler, para que fique integrando este pronunciamento, é o seguinte:

INADIMPLÊNCIA ATINGE 20 MILHÕES DE BRASILEIROS

29/10/2003

Total de dívidas não pagas cresceu 5,9% este ano. Serasa diz que consumidor tem trocado débito antigo por novo

SÃO PAULO e RIO. A inadimplência dos consumidores continua em alta e cerca de 20 milhões de brasileiros (11,5% da população) têm hoje alguma pendência financeira, segundo dados da Centralização dos Serviços Bancários (Serasa). O Indicador de Inadimplência mostra que cresceram 5,9% as dívidas não pagas entre janeiro e setembro. Segundo Carlos Henrique de Almeida, economista da empresa, o crédito vem aumentando mas as pessoas têm trocado uma dívida antiga por outra nova, para sair das listas de inadimplência.

-- A taxa de inadimplência está crescendo menos, mas ainda não é uma notícia tão boa. As pessoas ainda estão tomando crédito para pagar dívidas e continuam tendo de abrir mão de consumir. O problema maior é a queda de renda, e ela só se resolve a médio prazo. A preocupação do governo é gerar emprego, e a recuperação da renda deve ficar para 2005 -- disse ele.

Fatia de dívida bancária sobe de 24% para 29% do total

Nada menos do que 36% das dívidas não pagas nos primeiros nove meses do ano foram feitas com o uso de cheque, pré-datado ou à vista, com valor médio de R$ 378,36. Em segundo lugar aparecem as dívidas com cartão de crédito e financeira, com 33% do total e valor de R$ 228,77. As dívidas feitas em instituições bancárias (cheque especial, CDC e até cartão de crédito emitido pelos bancos) representam 29% da inadimplência e o valor médio é maior: R$ 938,01.

Almeida lembra que o ritmo de aumento de inadimplência está em queda em todos os segmentos, mas observa que a participação das dívidas bancárias no total é crescente: passou de 24% em 2001 para 29% em 2003. O cheque devolvido percorreu trajetória inversa, e a participação caiu de 43% em 2001 para 36% este ano.

‘Dívidas foram honradas

com sacrifício do consumo’

Para o economista, a queda consistente da inadimplência só será possível no primeiro trimestre de 2003, com a retomada da economia. Será preciso ainda observar o movimento do Natal, pois muitos consumidores se prepararam para ir às compras a prazo saldando dívidas. Este ano, a cada cem pessoas inadimplentes 75 se livraram do calote, contra 45 em 2002.

-- As dívidas foram honradas com sacrifício do consumo -- disse Almeida.

Boa parte da inadimplência deste ano foi explicada pela facilidade de crédito no fim de 2002, quando os lojistas aumentaram prazos de pagamento e afrouxaram controles. Com a baixa atividade econômica, que causou mais desemprego e corroeu a renda, a dívida ficou impagável para muitos.

A proximidade do Natal e a recente queda dos juros animaram a cabeleireira Adeluzia Costa, do Estácio, a voltar ao crediário. Mas antes de ir às compras, ela esteve no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), do Clube de Diretores Lojistas, no Centro, para acertar uma dívida feita por sua irmã em seu nome. O crédito de cem reais saltou para R$ 500 e sua opção é negociar abatimento do valor ou pagamento em parcelas.

-- Preciso arrumar um jeito de limpar meu nome para comprar de novo -- disse ela.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/11/2003 - Página 35990