Discurso durante a 155ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem de pesar pelo falecimento da professora, jornalista, romancista, cronista, teatróloga e acadêmica Rachel de Queiroz.

Autor
Tasso Jereissati (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/CE)
Nome completo: Tasso Ribeiro Jereissati
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem de pesar pelo falecimento da professora, jornalista, romancista, cronista, teatróloga e acadêmica Rachel de Queiroz.
Publicação
Publicação no DSF de 05/11/2003 - Página 34867
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, RACHEL DE QUEIROZ, ESCRITOR, MUNICIPIO, QUIXADA (CE), ESTADO DO CEARA (CE), PERSONAGEM ILUSTRE, LITERATURA BRASILEIRA, REPRESENTAÇÃO, MULHER, ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS (ABL), IMPORTANCIA, OBRA LITERARIA, DESCRIÇÃO, SITUAÇÃO, VIDA HUMANA, REGIÃO NORDESTE.

            O SR. TASSO JEREISSATI (PSDB - CE. Para encaminhar a votação. Sem revisão do orador.) - Faleceu hoje de madrugada, no Rio de Janeiro, a escritora cearense Rachel de Queiroz. A imortal romancista, eleita que fora em 1977 como a primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras, soube, como poucos, descrever a força do homem nordestino, sempre sob o jugo da natureza e dos donos do poder. 

            Descendente de José de Alencar, compunha, ao lado de outras legendas da literatura brasileira, como José Américo de Almeida, Graciliano Ramos, Euclides da Cunha e José Lins do Rego, por exemplo, incomparável plêiade de romancistas voltados para a realidade nordestina, não apenas como meros observadores, mas verdadeiramente empenhados na transformação daquela secular condição de pobreza e padecimento. Já no primeiro romance, O Quinze, magnífica obra escrita quando contava com apenas 20 anos, Rachel se inspirou na terrível seca que assolou o Nordeste naquele ano, revelando profunda consciência de seu papel, como jornalista e escritora, na denúncia da tragédia que se completava com a exploração do homem pelo homem. Rachel não se deixou conter nem calar pela situação de mulher e nordestina, numa época de coronéis e machismo, alçando vôo nas letras, para alcançar sucesso e reconhecimento em todo o mundo.

            Ontem à noite, indagada por um amigo sobre sua saúde, respondeu serenamente: “Só não estou melhor porque não estou no meu Ceará...”

            Rachel morreu dormindo, certamente sonhando com sua Quixadá. Rachel, com certeza, atenderá ao chamado romântico e bucólico de sua querida fazenda no interior do Ceará: “Não me deixes...” E ela certamente nunca nos deixará. Por certo está agora varando o sertão, lançando bênçãos sobre o povo que tanto amava, carregada pelo vento na companhia de seus inesquecíveis personagens João Miguel, Dora Doralina, Maria Moura e outros.

Fica, portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nosso voto de pesar em nome de todos os cearenses, adiantando que estamos requerendo a realização de uma sessão especial do Senado Federal para prestarmos homenagem póstuma a ela que, em vida, tanto honrou o povo nordestino e brasileiro.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/11/2003 - Página 34867