Discurso durante a 165ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Expectativas pela redução das taxas básicas de juros da economia, em reunião do Conselho de Política Monetária a realizar-se amanhã. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Expectativas pela redução das taxas básicas de juros da economia, em reunião do Conselho de Política Monetária a realizar-se amanhã. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 19/11/2003 - Página 37727
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • CRITICA, POLITICA MONETARIA, DEMORA, REDUÇÃO, TAXAS, JUROS, SOLICITAÇÃO, CONSELHO, MELHORIA, INDICE, BENEFICIO, ECONOMIA NACIONAL.
  • AVALIAÇÃO, INFERIORIDADE, INDICE, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB).

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não me aterei a nada prosaico. O Presidente Lula, como bom brasileiro e bom torcedor, expendeu opinião sobre a seleção de Carlos Alberto Parreira. O técnico da seleção brasileira foi muito mordaz e elegante.

Recusou-se a tecer comentários sobre o nível do Ministério do Presidente Lula. Sobrou em Parreira a elegância que faltou ao principal torcedor desta República, o Presidente.

Sr. Presidente, às vésperas de mais uma reunião do Conselho de Política Monetária, impõe-se um balanço por esta Casa. O Governo demorou demais para começar a baixar os juros básicos e, quando começou, o fez de maneira tímida, sempre abaixo do que podia e sempre abaixo da média que se discutia no mercado. Ou seja, os 18% de Selic hoje significam exatamente a mesma taxa básica de quando a economia brasileira começou a ter seus fundamentos deteriorados. Volto ao chamado custo Lula, ao chamado custo PT. Não é cabível que alguém acredite que o Governo do Presidente Fernando Henrique desfrutou de sete anos e meio de confiança dos mercados e, de repente, perdeu essa confiança sem mais nem menos, sem quê nem para quê. Ou seja, a consolidação do favoritismo do candidato Lula foi fundamental, juntamente com as incongruências ditas por Sua Excelência, pelo atual Chefe da Casa Civil, pelos projetos estapafúrdios que faziam parte do ideário do Partido dos Trabalhadores e da cabeça política do Presidente Lula, para o clima de inquietações, que levaram ao overshooting do dólar, à deterioração dos fundamentos da Economia e ao aumento desmesurado do risco Brasil com o dólar puxando para cima as taxas de inflação. Esse é um fato.

O outro fato é o seguinte: o Governo foi sensato quando trabalhou macroeconomia. Foi sensato, porém, tímido. Por ter sido sensato, não explodiu o País. Por ter sido tímido, impôs, neste ano, algo que ficará entre 0,6% a 0,8% de crescimento positivo do PIB. Diz o Ministro Palocci: “Poderia ter sido pior”. E eu digo ao Ministro Palocci que poderia ter sido bem melhor. Poderia ter sido bem menos difícil. Poderíamos ter alcançado algo em torno de 2,2%, 2,3%, se tivesse havido mais decisão, mais ousadia na hora de se começar a baixar a Selic e no quanto se rebaixaria a taxa básica de juros.

Portanto, Sr. Presidente, às vésperas de mais um Copom, o apelo e o alerta que o PSDB faz ao Governo da República e ao Banco Central são no sentido de não se limitar a redução que se avizinha e se preanuncia a 1%. É possível se fazer mais. Vi empresários falando na redução de 18% para 13%. Eu não iria a esse ponto, mas não iria a 1%. Não iria jamais a menos de 1% porque o Brasil consagraria, com esse percentual, a idéia de que a taxa real de equilíbrio de juros seria acima de 10%. Eu não faria isso. Dois por cento cabe. Teríamos um pouco menos que 10% de taxa real de juros e estaríamos sinalizando para valer, com um 2004 bem mais alvissareiro do que o que acontecerá se o Governo persistir na trajetória conservadora.

Assim, os meus votos sinceros são de que, na sua soberania, a qual respeito, o Copom se decida por mais do que 1% de redução de taxa básica de juros Um por cento é o que todo mundo espera. Um por cento representa falta de criatividade, de imaginação e de coragem. Um por cento é uma sensatez que, de tão sensata, começa a ficar insensata, porque não estimula quem tem que investir a começar a fazê-lo.

Concluo, Sr. Presidente, deixando o meu apelo no sentido de que, sem arroubos, sem tresloucamentos, o Governo não perca a oportunidade de demonstrar o seu compromisso com o crescimento do ano que vem. O próximo ano é ano de crescimento, quando nada de crescimento cíclico. Não sei como será em 2005 e em 2006. Esse será o seu grande teste. É preciso aumentar a taxa de investimento do País dos ridículos 16%, 17% atuais para, pelo menos, 25% a 28% num prazo curto, se é que queremos sustentar alguma coisa parecida com o espetáculo do crescimento. Mas o primeiro sinal é dizer a quem pode investir que as condições começam a melhorar.

Portanto, o PSDB recomenda 2% de redução da taxa básica de juros e se decepcionará, entendendo que a sensatez do Ministério da Fazenda se tornaria medrosa, se ela se cingir a 1%, percentual já tão badalado na imprensa. Dois por cento é o número do PSDB, é o número do otimismo, é o número do crescimento econômico.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/11/2003 - Página 37727