Discurso durante a 169ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem à Sociedade São Vicente de Paulo.

Autor
Valmir Amaral (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Sociedade São Vicente de Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 25/11/2003 - Página 38574
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ORGANIZAÇÃO, IGREJA CATOLICA, AUXILIO, POPULAÇÃO CARENTE, RECONHECIMENTO, IMPORTANCIA, TRABALHO, INSTITUIÇÃO ASSISTENCIAL.

O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 23 de setembro de 1600, um jovem francês, preocupado com a miséria material e espiritual dos pobres, recebia o sacramento da Ordem do Bispo de Périgueux, Dom François de Bourdeille, na Igreja de Château-l`Eveque.

Esse jovem sacerdote, que teve uma mudança decisiva em sua vida, ao fazer uma opção radical e um compromisso único e definitivo com o Evangelho de Jesus Cristo, veio a tornar-se o patrono de todas as obras de caridade cristã: São Vicente de Paulo.

Hoje podemos perguntar: qual a importância de um acontecimento do século XVII neste início de Terceiro Milênio?

Ou ainda: a obra, a mensagem, o exemplo de vida, a atividade missionária, a fé inquebrantável, o compromisso evangélico, o desprendimento e a vida dos santos ainda têm sentido ou importância para um mundo materialista, fisiologista, hedonista, em que o mal parece florescer e até aparentemente vencer o bem?

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não há dúvida, apesar de todas as dificuldades do mundo de hoje, apesar de todas as notícias negativas e trágicas que nos chegam a cada dia, a cada hora e a cada minuto, denunciando um mundo que parece dominado e dilacerado pelo ódio e pela violência, não há dúvida de que o bem, finalmente, vencerá e que existe no coração do homem, de todos os homens, a busca do bem, da verdade e da luz do Criador.

Por isso mesmo, a obra de homens como São Vicente de Paulo continuará através dos séculos, exatamente por não se tratar de obra de homens, mas obra de Deus realizada por meio de seus santos profetas.

São Vicente de Paulo ao centrar os objetivos de sua ação sacerdotal e apostólica na elevação material e espiritual dos irmãos mais pobres, certamente estava cumprindo o novo mandamento deixado por Jesus Cristo: Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei!

A opção preferencial pelos pobres, diretriz essencial da Igreja Católica Apostólica Romana, certamente segue a linha evangélica de São Vicente de Paulo, de São Francisco de Assis e de Madre Teresa de Calcutá, exemplos para os homens de todas as raças, povos, línguas e nações, de todos os tempos.

Todos esses homens e mulheres de Deus, que souberam se superar espiritualmente e vencer a guerra interna contra o egoísmo, amando a Deus e aos irmãos, todos eles são exemplos do Evangelho Vivo, de anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo em benefício dos desprovidos material e espiritualmente, dos pobres, dos excluídos e dos marginalizados.

O Papa João Paulo II, em Mensagem à Sociedade São Vicente de Paulo, em 14 de fevereiro de 2001, afirmou: “Vós representais uma forma eminente de caridade que se realiza em todos os continentes, o serviço aos pobres que, como gostava de recordar o Monsenhor Vicente, uma maneira de servir Cristo. Mediante o seu compromisso cotidiano, a vossa Associação constitui para a Igreja uma recordação permanente da vocação que ela tem de manifestar o amor preferencial de Cristo pelos pobres.”

A Congregação dos Religiosos de São Vicente de Paulo realiza seu belo trabalho da França ao Brasil e do Canadá à África, com um “mesmo dinamismo da missão, movido pela caridade de Cristo”, pois “ajudar os outros não é oferecer simplesmente um apoio e um socorro material, mas é sobretudo conduzi-lo, mediante o testemunho da própria disponibilidade, a fazer a experiência da bondade divina, que se revela com força especial na mediação humana da caridade fraterna”, como afirmou o Papa João Paulo II.

Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Sociedade São Vicente de Paulo, organização católica formada por leigos e fundada em 23 de abril de 1833 por Antonio Frederico Ozanam e seis companheiros estudantes da Universidade de Sorbonne, em Paris, surgiu como resposta às críticas dos ateus, que diziam: “Os cristãos não praticam o que pregam. Onde estão as suas obras de caridade?”

Frederico Ozanam, beatificado pelo Papa João Paulo II em 1997, levou adiante uma obra inspirada no “Pai da Caridade”, São Vicente de Paulo.

Hoje a Sociedade São Vicente de Paulo está presente em aproximadamente 141 países e conta com cerca de um milhão de membros, conhecidos como Vicentinos e Vicentinas.

No Distrito Federal, os Vicentinos chegaram no início da construção de nossa Capital, em 27 de abril de 1958, com o nome de Conferência São João Bosco, localizada no Núcleo Bandeirante, com apenas 4 fundadores, entre eles o eminente Padre Roque Batista, cuja obra de caridade continua até hoje, com aproximadamente 7 mil colaboradores.

Certamente, este meu modesto pronunciamento jamais conseguiria retratar a imensa obra de caridade e amor ao próximo desenvolvida pelos Vicentinos em todos os continentes.

Srªs e Srs. Senadores, gostaria de encerrar este meu pronunciamento citando mais uma vez o Papa João Paulo II, em sua Homilia por ocasião da Jornada da Caridade, em 16 de maio de l999: “Há pouco, nesta Praça, foram dados alguns testemunhos, através dos quais parecem os prodígios que Deus realiza através do generoso serviço de tantos homens e mulheres, que fazem de sua existência um dom de amor aos outros, um dom que não se detém nem sequer diante de quem não o acolhe. Estes nossos irmãos e irmãs, juntamente com muitos outros voluntários em toda parte da terra, testemunham com o seu exemplo que amar o próximo é a via para chegar a Deus e reconhecer a Sua presença também neste mundo tão distraído e indiferente.”

Minhas homenagens a toda a Família Vicentina, a todos os homens e mulheres que souberam vencer o egoísmo e contribuir para tornar este mundo fraterno e mais humano.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/11/2003 - Página 38574