Discurso durante a 173ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia Nacional de Combate ao Câncer, no último dia 27 de novembro.

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SAUDE.:
  • Comemoração do Dia Nacional de Combate ao Câncer, no último dia 27 de novembro.
Publicação
Publicação no DSF de 02/12/2003 - Página 39562
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SAUDE.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, COMBATE, CANCER, OPORTUNIDADE, RECONHECIMENTO, EFICACIA, CAMPANHA EDUCACIONAL, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, INFORMAÇÃO, PREVENÇÃO, IMPEDIMENTO, PROPAGAÇÃO, DOENÇA.
  • COMENTARIO, PROGRESSO, PREVENÇÃO, DIAGNOSTICO, CANCER.

O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, transcorreu, no dia 27 de novembro, a comemoração do Dia Nacional de Combate ao Câncer. Essa efeméride foi criada, em 1988, pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de despertar a consciência da população para a importância da luta contra a doença.

Infelizmente ela vem antecedida, há pouco, de violenta crise de gestão no Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro, que chegou a afetar a credibilidade do Governo federal na área da saúde. É uma pena que órgão de excelência e de referência no País e no estrangeiro tenha que passar por dissabores semelhantes. Esperemos que a experiência sirva de lição e que novo modo de gerir órgãos sensíveis como o INCA seja implantado, em benefício da nossa gente.

De fato, Sr. Presidente, uma das mais graves e prolongadas lutas que a humanidade enfrenta em sua história tem sido o combate ao câncer em todas as suas formas. Tem sido um permanente desafio à capacidade criadora do homem para decifrar o código das inúmeras variantes do câncer e para estabelecer tratamentos eficazes de cura. Assim como tem sido uma permanente confrontação com a dor da perda de lutas pessoais e coletivas contra a rudeza da morte pela ação de uma das mais cruéis mazelas com que o homem tem de se defrontar.

Sr. Presidente, o Dia de Combate ao Câncer é uma data-marco para que todos nos lembremos da importância que há em se juntar esforços para a defesa da saúde da humanidade.

A campanha deste ano tem como tema “Conhecer para prevenir”. O objetivo é alertar o público sobre a importância da informação para a prevenção e a detecção precoce da doença. A população receberá informações sobre fatores de risco, mentiras e verdades sobre o câncer e dicas para se proteger. Independentemente de conotações partidárias, a luta contra o câncer é uma luta de todos os brasileiros. Por isso, todas as ações nesse sentido serão, sempre, elogiáveis e elogiadas, mesmo por nós, de um partido de oposição ao atual governo. Fazemos oposição ao governo; não ao Brasil e aos brasileiros.

Na verdade, quando falamos câncer, estamos falando de um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado, maligno, de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se para outras regiões do corpo, no processo que chamamos de metástase.

Dividindo-se rapidamente, essas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Hoje, com os novos conhecimentos e recursos da medicina, muitos tipos de câncer podem ser prevenidos. Em particular, os cânceres causados pelo tabagismo e pelo uso de bebida alcoólica podem ser prevenidos em sua totalidade. Mesmo assim, a Organização Mundial de Saúde atesta que o tabaco vem causando cerca de cinco milhões de mortes anuais, o que é muito e desnecessário.

Muitos cânceres que estão relacionados à dieta também podem ser prevenidos. Evidências científicas sugerem que cerca de um terço das mortes por câncer estão relacionadas a neoplasias malignas causadas por fatores dietéticos. Além disso, muitos cânceres de pele podem ser prevenidos pela proteção contra os raios solares. Exames específicos, conduzidos regularmente por profissionais da saúde podem detectar o câncer de mama, cólon, reto, colo de útero, próstata, testículo, língua, boca e pele em estádios iniciais, quando o tratamento é mais facilmente bem-sucedido. Auto-exames de mama e de pele podem, também, resultar no diagnóstico precoce dos tumores correspondentes.

Recentemente, Srªs e Srs. Senadores, tem-se observado importantes progressos na prevenção, diagnóstico e terapêutica do câncer. Os efeitos da prevenção primária, como a redução da prevalência do tabagismo, já podem ser observados na população masculina norte-americana, enquanto no Brasil os esforços são contínuos para aumentar a adesão aos programas de controle do tabagismo. As novas estratégias que ajudam os fumantes a abandonar o cigarro, como o uso dos adesivos de reposição de nicotina e as terapias de apoio psicológico, já vêm apontando para resultados favoráveis em diferentes estudos científicos. O redirecionamento dos padrões dietéticos vem, também, ganhando adesão crescente em nosso País.

Há, pois, enormes progressos alcançados na prevenção, no diagnóstico e no tratamento dos cânceres, além de precauções ao alcance de todos, mediante informação adequada. Espero que o dia 27 de novembro (Data de combate ao Câncer) seja um dia de conscientização para a luta contra o câncer. E seja, ainda, o dia da retomada do apoio ao Instituto Nacional do Câncer como órgão de referência oncológica no Brasil, País tão carente de apoio às instituições sérias de preservação da saúde pública.

Auguro, ainda, que mais e mais brasileiras e brasileiros se conscientizem da necessidade de exames periódicos de detecção de doenças como o câncer, como forma de prevenir antes da necessidade de ter que tratar o mal já instalado. Num país cheio de carências como o nosso, a prevenção sempre será socialmente mais eficaz e economicamente mais barata.

Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/12/2003 - Página 39562