Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elevação da carga tributária com mudanças na COFINS.

Autor
Eduardo Siqueira Campos (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/TO)
Nome completo: José Eduardo Siqueira Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
REFORMA TRIBUTARIA.:
  • Elevação da carga tributária com mudanças na COFINS.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2003 - Página 40010
Assunto
Outros > REFORMA TRIBUTARIA.
Indexação
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CALCULO, AUMENTO, TRIBUTAÇÃO, MOTIVO, ALTERAÇÃO, ALIQUOTA, CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS), PREVISÃO, DIFICULDADE, HOSPITAL, ESCOLA PARTICULAR, EMPRESA DE TRANSPORTE, CRITICA, REFORMA TRIBUTARIA, PREJUIZO, CRESCIMENTO ECONOMICO.

O SR. EDUARDO SIQUEIRA CAMPOS (PSDB - TO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Senador Romeu Tuma, Srs. Líderes, Srªs. e Srs. Senadores, aproveito a presença do nobre Líder Tião Viana para tecer alguns comentários acerca da mudança da Cofins, que, segundo artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, assinado por Renné Pereira, “eleva carga tributária em até R$10 bilhões”.

O cálculo é de consultorias especializadas, que prevêem aumento ainda maior nos próximos anos.

Os contribuintes terão de desembolsar em 2004 entre R$7 bilhões e R$10 bilhões a mais por causa do aumento da alíquota da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) de 3% para 7,6%...

Sr. Presidente, não há setor que não seja afetado. O jornal O Estado de S.Paulo destaca ainda:

Hospitais prevêem sucateamento do setor

Com exceção dos hospitais privados filantrópicos, isentos do pagamento da Cofins, cerca de 2 mil estabelecimentos em todo o País serão afetados pela medida.

(...)

Com o aumento do imposto, os hospitais terão custo de operação maior e menos recursos para investir em renovação de equipamentos.

            Outra manchete:

             

Aumento também assusta área de transporte.

Empresário avalia que setor já sofre com achatamento de preços e tarifas e prevê demissões.

            Em seguida, vemos: “Escola planeja cortes para compensar carga maior.” Em função de lei que não permite reajustamento de mensalidades agora, o que resta às escolas é diminuir a qualidade dos projetos pedagógicos.

Destaco ainda, Sr. Presidente, um importante artigo assinado por Antoninho Marmo Trevisan, que é auditor, consultor, professor e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, este último criado por ninguém menos do que o próprio Presidente da República, que o indicou.

Seria mais do que oportuno que o Presidente da República convocasse o Conselho, ou que o próprio Conselho se autoconvocasse, já que um dos seus membros escreve importante artigo acerca do aumento da Cofins.

O que estamos fazendo? Estamos votando o PLC nº 70, que nada mais é do que um aumento de carga tributária no ISS, Imposto Sobre Serviços. Estamos votando a reforma tributária já sabendo que, com a preocupação do fortalecimento do caixa da União e dos Governos dos Estados, o contribuinte não pode esperar outra coisa. Se a reforma fosse muito boa, ela conteria a manutenção da atual carga tributária. Mas a perspectiva, na verdade, é de aumento.

Tivemos, ontem, na Câmara dos Deputados, o congelamento da alíquota máxima do Imposto de Renda das pessoas físicas em 27,5%. A manutenção dessa alíquota significa uma verdadeira corrosão nos salários. Com o PLC nº 70, que está sendo votado hoje, com o aumento da Cofins e com a reforma tributária como está apresentada estamos indo na contramão de tudo o que tem feito o crescimento das demais economias do mundo.

Destaco alguns trechos do artigo de Trevisan, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social:

Estamos todos num grande dilema nesta questão da Cofins. Dez entre dez tributaristas defendem a não cumulatividade dos tributos, justamente para impedir que as longas cadeias produtivas acumulem esses custos quase que indefinidamente num movimento que o mercado apelidou de “efeito cascata”.

Cascata, como diz o Aurélio, é uma “pequena queda d’água”. Diz também o Aurélio que a gíria brasileira considera cascata uma “conversa fiada”.

(...)

Com todo o respeito pelo Parlamento brasileiro [e essa é uma convocação a todos nós] e pelas autoridades fiscais, essa história de alíquota pequenininha e imposto provisório, para não sair do tema, está virando cascata, da segunda definição do Aurélio.

            Sr. Presidente, isso atingirá o setor de turismo, o de transportes, as escolas. Portanto, vai mexer no bolso daqueles a quem me tenho referido diariamente: os alunos das escolas privadas.

Com a Medida Provisória nº 135, às vésperas da reforma tributária, não podemos concordar. Vou me juntar àqueles que discutirão com profundidade a Medida Provisória nº 135, alertando aos Líderes que nós, que estamos sinalizando para a sociedade com uma reforma tributária dizendo que ela não trará aumento de carga tributária, estamos hoje analisando o PLC nº 70, que promove aumento de carga; temos uma medida provisória em vigência, que altera a alíquota da Cofins de 3% para 7,5%; e estamos congelando a alíquota de Imposto de Renda em 27,5%.

O que estamos fazendo com o contribuinte, com a sociedade, com a indústria, com os prestadores de serviço é uma atrocidade!

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2003 - Página 40010