Discurso durante a 176ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Viagem do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Oriente Médio.

Autor
Jefferson Peres (PDT - Partido Democrático Trabalhista/AM)
Nome completo: José Jefferson Carpinteiro Peres
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Viagem do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Oriente Médio.
Publicação
Publicação no DSF de 05/12/2003 - Página 40012
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • IMPORTANCIA, VIAGEM, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ORIENTE MEDIO, BENEFICIO, LIDERANÇA, BRASIL, POLITICA INTERNACIONAL, FAVORECIMENTO, COMERCIO EXTERIOR.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, VISITA, GOVERNO ESTRANGEIRO, REGIME, DITADURA, EXERCICIO, TERRORISMO, ESTADO, ESPECIFICAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, SIRIA, LIBIA, ISRAEL.
  • DISCORDANCIA, EXCLUSÃO, PAIS ESTRANGEIRO, IRÃ, VISITA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.

O SR. JEFFERSON PÉRES (PDT - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu poderia até abrir mão, porque não é nada urgente. Pedi a palavra apenas para comentar a viagem do Presidente da República ao Oriente Médio.

Não me incluo entre aqueles que, de forma pequena, criticam o Presidente da República por viajar muito. Creio que o Presidente está certíssimo. Um país com as dimensões do Brasil, com a importância que já tem hoje no cenário internacional, precisa que o Presidente da República sirva também de uma espécie de superministro do exterior, o que aumenta a presença do país no cenário internacional e tem efeitos imediatos no aumento do intercâmbio comercial. É claro que isso só pode ser bom para o País. O fato de o Presidente cometer aqui ou ali algumas gafes, como essa de fazer um brinde num país mulçumano, é algo tão irrelevante que nem deve ser levado em conta.

Mas creio que o Itamaraty deveria ser mais cuidadoso na escolha dos países a serem visitados, Sr. Presidente. Concordo com a exclusão de Israel. Não que Israel não seja um país com o qual o Brasil deva manter boas relações. Acho que a exclusão é feita devido ao governo do Sr. Ariel Sharon, que pratica um terrorismo de Estado com o qual o Brasil não pode concordar. Creio que não seria conveniente o Presidente da República prestigiá-lo visitando-o.

A visita ao Líbano é obrigatória, por motivos óbvios, pelos laços que unem aquele país ao nosso, que tem uma enorme colônia de descendentes de libaneses.

Não concordo, porém, com a inclusão da Síria, do Sr. Bashar Al Assad. Creio que o Presidente deveria evitar países como Síria e Líbia. A próxima visita é à Líbia, do ditador Muammar al-Khadafi. O Brasil não tem que se imiscuir nos assuntos internos de outros países, é claro, mas também visitá-los, de certa forma coonestando as ditaduras que lá existem, não me parece correto, Sr. Presidente.

O Brasil poderia muito bem ter incluído apenas o Egito, o Líbano e mais, talvez, o Irã, que pode não ser um modelo de democracia, mas é um país com um presidente eleito, aliás, um presidente muito moderado, que sofre a hostilidade da ala mais radical dos aiatolás, um país com um parlamento aberto. E mais, um país com uma enorme importância econômica, talvez o mais importante, em termos econômicos, do Oriente Médio. E foi inexplicavelmente excluído da visita do Presidente Lula.

De forma que, fora esses reparos, essas restrições, Sr. Presidente, só posso cumprimentar o Presidente pela sua viagem, que espero seja exitosa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/12/2003 - Página 40012