Discurso durante a 181ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração, no próximo dia 14 de dezembro, do vigésimo aniversário da Pastoral da Criança.

Autor
Flávio Arns (PT - Partido dos Trabalhadores/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração, no próximo dia 14 de dezembro, do vigésimo aniversário da Pastoral da Criança.
Publicação
Publicação no DSF de 10/12/2003 - Página 40610
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, GRUPO RELIGIOSO, VOLUNTARIO, IGREJA CATOLICA, ASSISTENCIA, CRIANÇA, REDUÇÃO, MORTALIDADE INFANTIL, DESNUTRIÇÃO, ANALFABETISMO, EXCLUSÃO, NATUREZA SOCIAL, MENOR, FAMILIA.

O SR. FLÁVIO ARNS (Bloco/PT - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) -

Pastoral da Criança - 20 anos de voluntariado a favor do Brasil

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no próximo domingo, dia 14 de dezembro, o Brasil comemora um dia importante na luta pela cidadania e pelo desenvolvimento de suas crianças: o vigésimo aniversário da Pastoral da Criança. São vinte anos reunindo voluntários de todo o País, juntos para reduzir a mortalidade infantil, a desnutrição, o analfabetismo e a exclusão social entre as crianças e as famílias acompanhadas.

Presente em todos os Estados do Brasil, a Pastoral reúne 230 mil voluntários que acompanham 1,7 milhão de crianças e 1,2 milhão de famílias de 34.784 comunidades, em 3.696 municípios. Esta abrangência se tornou possível pelo trabalho e dedicação dos líderes comunitários, coordenadores, equipes de coordenação e capacitação, bispos, padres e todos os parceiros e amigos que, nessas duas décadas, se envolveram com as necessidades das comunidades atendidas.

O trabalho da Pastoral da Criança, que hoje serve de modelo para experiências semelhantes em outros 14 (catorze) países da América Latina, África e Ásia, surgiu de um encontro, em 1982, entre o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns e o Diretor Executivo da UNICEF na época, James Grant, que o convenceu de que a Igreja poderia desenvolver um trabalho de prevenção a doenças que tiravam a vida de milhares de crianças, como a desidratação causada pela diarréia. Foi então que Dom Paulo pediu a sua irmã, a Dra Zilda Arns Neumann, médica pediatra e sanitarista, que pensasse de que maneira se poderia concretizar essa idéia. Em 1983, a CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - confiou à Drª Zilda e a Dom Geraldo Majella Agnelo, então Arcebispo de Londrina e atual Arcebispo Primaz de Salvador e presidente da CNBB, a missão de criar a Pastoral da Criança, cujo objetivo era o de desenvolver uma metodologia própria que unisse a fé com a vida e tivesse como centro a criança, em seu contexto familiar e comunitário.

Eu tive a felicidade de presenciar, em setembro de 1983, no município de Florestópolis, no Paraná, o nascimento desta que é hoje uma das mais importantes organizações comunitárias do mundo e que forma redes de solidariedade humana para multiplicar conhecimentos e prestar serviços da e para a comunidade, utilizando o voluntariado, promovendo o autodesenvolvimento das pessoas carentes, favorecendo a libertação das famílias, seu protagonismo na solução de problemas e a capacidade de discutir alternativas de forma harmoniosa e pacífica.

Desde Florestópolis até hoje, tenho acompanhado a caminhada da Pastoral da Criança por todo o Brasil e também pelo mundo, através da ANAPAC - Associação Nacional de Amigos da Pastoral da Criança - da qual faço parte, que vem firmando parcerias com prefeituras e empresários locais; apoiando a contratação das equipes técnicas da coordenação da Pastoral da Criança, para garantir a eficiência dos trabalhos e a articulação dos seus esforços com os serviços públicos e outras áreas; além de avaliar periodicamente os resultados obtidos no País inteiro, através de indicadores de eficiência; promover e divulgar, através dos meios de comunicação, o trabalho da Pastoral e angariar fundos em benefício dos programas desenvolvidos.

Nestes vinte anos de caminhada a favor da vida, a Pastoral da Criança conseguiu que a mortalidade de crianças menores de um ano nas comunidades atendidas fosse 60% menor do que a média nacional, que engloba crianças ricas e pobres. Também conseguiu reduzir para 6% a desnutrição entre 1,5 milhão de crianças acompanhadas em todo o País.

É importante ressaltar que todo esse trabalho e esses resultados comprovam que as comunidades são capazes de se tornar agentes de sua própria transformação. Agindo de maneira sistemática e organizada e desenvolvendo a solidariedade humana, a própria comunidade consegue reduzir a desnutrição e a mortalidade materno-infantil e educar as famílias, mais especialmente a mulher, como agente de transformação social.

De todos os voluntários que contribuem para a solidificação da rede, a maioria são de líderes comunitários, pessoas simples que são treinadas e acompanhadas pelas 6.510 equipes de coordenação espalhadas por todo o País. Foi, inclusive, pensando em homenagear todos estes voluntários que atuam na Pastoral que, neste ano, elaborei um Projeto de Lei instituindo o dia 5 de dezembro, Dia Internacional do Voluntário, como o Dia Nacional da Pastoral da Criança, tendo em vista que a Pastoral soma mais de 230 mil voluntários no País.

Cabe aqui, um convite a todos os nobres colegas parlamentares e a toda a sociedade brasileira para conhecer o trabalho desenvolvido pela Pastoral da Criança nas comunidades brasileiras e contribuir para difundir suas ações e idéias para que todas as comunidades carentes tenham acesso a seus programas.

A experiência da Pastoral da Criança comprova que é possível reduzir a desnutrição e a mortalidade infantil, desenvolver o potencial da criança, educar a mulher, prevenir a marginalidade na família e, consequentemente, nas comunidades e nas ruas, promover a paz e a fraternidade cristã, através da formação de redes de solidariedade humana, organizadas nas comunidades pobres, continuamente aperfeiçoadas.

Certamente, é um exemplo que deve ser seguido nas demais áreas sociais ajudando o Brasil a se tornar uma nação promotora de cidadania e geradora de humanidade.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/12/2003 - Página 40610