Discurso durante a 181ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre o artigo do periódico Folha do Meio Ambiente, publicado na última edição de outubro deste ano, que aborda a importância da solidariedade para o País.

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDIGENISTA.:
  • Comentários sobre o artigo do periódico Folha do Meio Ambiente, publicado na última edição de outubro deste ano, que aborda a importância da solidariedade para o País.
Publicação
Publicação no DSF de 10/12/2003 - Página 40615
Assunto
Outros > POLITICA INDIGENISTA.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DO MEIO AMBIENTE, IMPORTANCIA, SOLIDARIEDADE, PAIS, EMPENHO, FUNDAÇÃO NACIONAL DO INDIO (FUNAI), CENTRAIS ELETRICAS DO NORTE DO BRASIL S/A (ELETRONORTE), PRESERVAÇÃO, GRUPO INDIGENA, REGIÃO AMAZONICA.

O SR. ROMERO JUCA (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o periódico Folha do Meio Ambiente vez por outra nos brinda com reportagens e artigos sobre aspectos da realidade acerca dos quais pouquíssimos brasileiros têm conhecimento.

Tal é o caso da última edição de outubro deste ano, que aborda, entre outros assuntos, a importância da solidariedade para o País, e a ilustra com matéria a respeito do povo indígena denominado Waimiri Atroari.

Aliás, a chamada de capa da última edição qualifica com rara propriedade o conceito de solidariedade. Os editores desse prestigiado jornal no ramo da ecologia e do desenvolvimento sustentável nos fazem lembrar que a verdadeira solidariedade transcende os belos, mas insuficientes, gestos tais como a doação de cestas básicas, o ato de dar esmolas e até a doação de quantias em dinheiro.

Sim, pois a solidariedade, para se completar, necessita de compromisso, de paciência, de troca de conhecimentos e, sobretudo, de tempo, para frutificar.

O caso dos indígenas da tribo Waimiri Atroari é ilustrativo da verdadeira solidariedade que devemos ter com o próximo. Esse povo indígena habita a Amazônia brasileira, no espaço compreendido entre o Norte do Estado do Amazonas e o Sul do Estado de Roraima.

A variação demográfica dessa tribo tem sido impressionante, de acordo com os dados censitários publicados na revista. No final do século XIX e no início do século XX, a população Waimiri Atroari era de 2000 e 6000 pessoas, respectivamente.

Já na década de 1970, técnicos da FUNAI indicavam que a população restante havia decrescido vertiginosamente, e estimativas da época indicavam que o número de índios dessa tribo não passava de mil. O alagamento de parte do território, em virtude da construção da hidrelétrica de Balbina, várias guerras e uma série de doenças que acometeram essa população fizeram com que os índios Waimiri Atroari chegassem à beira de ser extintos.

Felizmente, essa tragédia foi evitada, graças a esforços conjuntos empreendidos, em 1987, pela Eletronorte e pela FUNAI, que tencionavam mitigar os impactos ambientais causados pela Usina Hidrelétrica de Balbina. Tratava-se, pois, de um amplo projeto solidário denominado “Programa Waimiri Atroari”, que previa ações nas áreas de saúde, educação, meio ambiente, apoio à produção, vigilância dos limites, documentação e memória.

A coordenação dos esforços entre a FUNAI e a Eletronorte, esta responsável pelo financiamento, aquela pela execução do projeto, não poderia ter sido mais bem-sucedida.

A demarcação definitiva de suas terras, a ênfase dada à educação e ao atendimento médico e odontológico trouxeram um impressionante salto qualitativo à vida dos Waimiri Atroari. Partindo de uma situação de quase extinção, o que se vê, hoje, é um crescimento populacional da tribo da ordem de 6,5% ao ano, Sr. Presidente!

Esse avanço propiciou, a propósito, a comemoração do nascimento do milésimo indiozinho Waimiri Atroari, demonstrando de modo cabal a importância de parcerias solidárias entre instituições que detêm todas as condições para preservar a riqueza e a diversidade dos índios brasileiros.

Portanto, Sr. Presidente, é com muita satisfação que transmito aos prezados Srs. Senadores e Srªs Senadoras um pouco do que aprendi na edição de outubro da Folha do Meio Ambiente. Lições, aliás, que merecem ser seguidas por todos nós.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/12/2003 - Página 40615