Pronunciamento de Romero Jucá em 15/12/2003
Discurso durante a 186ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Aprovação pelo Senado Federal do Estatuto do Desarmamento.
- Autor
- Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
- Nome completo: Romero Jucá Filho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
SEGURANÇA PUBLICA.:
- Aprovação pelo Senado Federal do Estatuto do Desarmamento.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/12/2003 - Página 41347
- Assunto
- Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
- Indexação
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- SAUDAÇÃO, APROVAÇÃO, SENADO, ESTATUTO, DESARMAMENTO, ENCAMINHAMENTO, SANÇÃO PRESIDENCIAL.
- GRAVIDADE, DADOS, VIOLENCIA, ARMA DE FOGO, IMPUNIDADE, CRIME, BRASIL, EXPECTATIVA, PRIORIDADE, APERFEIÇOAMENTO, POLICIA, SEGURANÇA PUBLICA, CONTROLE, FISCALIZAÇÃO, FABRICAÇÃO, REGISTRO, UTILIZAÇÃO, ARMA, PRESERVAÇÃO, JUVENTUDE, ATENÇÃO, FRONTEIRA, COMBATE, TRAFICO.
O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na noite de 9 de dezembro de 2003, o Senado Federal viveu um dos grandes momentos do Parlamento Brasileiro, ao aprovar o Estatuto do Desarmamento, fruto de um amplo trabalho desenvolvido pela Câmara dos Deputados e por esta Casa, ressaltando-se a capacidade de negociação e liderança do Relator, Senador César Borges.
O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, certamente e com a maior brevidade, atendendo a um apelo e ao clamor da grande maioria da população brasileira, irá sancionar a matéria, que contribuirá para aliviar a dor e o desespero de tantos que já não mais suportam tanta violência, tantos crimes, tantas mortes por motivos banais com o uso de armas de fogo.
Todos nós que temos responsabilidade política e que nos preocupamos com os graves problemas da violência e da criminalidade que atinge todo o País, todos nós temos consciência de que não basta a aprovação do Estatuto do Desarmamento para que se encontre uma solução para essa grave situação de violência e criminalidade que hoje nos atinge.
Não podemos mais suportar uma situação, insustentável para a sociedade brasileira, em que 13% do total dos crimes cometidos com arma de fogo em todo o planeta são praticados no Brasil.
Não podemos conviver com uma situação em que apenas 2% dos crimes praticados são solucionados pela polícia e os culpados são presos. Isso em relação à Região Sudeste.
A aprovação do Estatuto do Desarmamento, certamente, é apenas um dos passos iniciais de um longo caminho que leva à convivência mais humana, mais pacífica, mais solidária.
Muito mais precisa ser feito, muito mais precisa ser controlado, vigiado, fiscalizado, examinado e revisto, passando pelos métodos de trabalho utilizados por nossas polícias, geralmente despreparadas dos pontos de vista material, humano e técnico, até chegarmos a outras áreas essenciais para atingirmos o objetivo de uma sociedade mais fraterna e sem violência.
Não podemos aceitar que fabricação, registro, uso e transporte de armas de fogo e munições continuem com controles fracos e vulneráveis, nem que carregamentos de armas sejam desviados em freqüência, caindo em mãos de traficantes de drogas e outros bandidos.
Nossos jovens não podem continuar como presas fáceis de bandidos e traficantes, dispondo de armas e participando de quadrilhas, usando o benefício legal da inimputabilidade.
Precisamos fiscalizar nossas fronteiras, combater o tráfico internacional de drogas, armas e munições e a escalada da violência.
Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Senado Federal aprovou a legislação possível, para iniciarmos essa caminhada que passa principalmente pela educação, pois quanto maior o nível educacional menor o nível de violência da população.
Gostaria de encerrar este meu pronunciamento com uma citação do “Manifesto de Especialistas pela Aprovação do Estatuto do Desarmamento”:
Sabemos que apenas o controle sobre esses produtos mortíferos não resolverá, por si só, o problema da violência, pois que este é um fenômeno complexo, que exige múltiplas ações, tais como o combate às desigualdades sociais e à impunidade, maiores investimentos na educação e na criação de empregos para jovens, planejamento urbano, a modernização das forças de segurança, do sistema penitenciário, do judiciário etc. Mas consideramos que a proliferação de armas, ao encontrar ambiente propício pela conjugação desses fatores, provoca o aumento da letalidade dos crimes, banaliza a morte e faz explodir a violência em proporções dramáticas. Esse é o cenário em que vivemos: só no ano passado, cerca de 40 mil brasileiros, em sua maioria jovens, foram mortos por arma de fogo. Um dos maiores índices do mundo.
São essas preocupações que nos levam a lutar permanentemente por melhorias no nosso sistema educacional, por melhor distribuição de renda e pela modernização de todo o aparelho estatal para prestar melhores serviços à nossa população.
O primeiro passo foi dado.
Tenho convicção de que não recuaremos nessa luta contra a violência, contra todos os tipos de violência.
Muito obrigado.