Pronunciamento de João Alberto Souza em 16/12/2003
Discurso durante a 1ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Crítica à invasão do Iraque pelos Estados Unidos da América. Importância de uma política de poupança para o País.
- Autor
- João Alberto Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MA)
- Nome completo: João Alberto de Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA INTERNACIONAL.
BANCOS.:
- Crítica à invasão do Iraque pelos Estados Unidos da América. Importância de uma política de poupança para o País.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/12/2003 - Página 41673
- Assunto
- Outros > POLITICA INTERNACIONAL. BANCOS.
- Indexação
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- CRITICA, CONDUTA, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), INVASÃO, PAIS ESTRANGEIRO, IRAQUE, DESRESPEITO, DEMOCRACIA, DIREITOS HUMANOS.
- SAUDAÇÃO, BILL NELSON, SENADOR, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), PRESENÇA, PLENARIO, SENADO.
- COMENTARIO, IMPORTANCIA, PROGRAMA, CAIXA ECONOMICA FEDERAL (CEF), DIVULGAÇÃO, CAMPANHA, INCENTIVO, POUPANÇA.
- DEFESA, NECESSIDADE, URGENCIA, ADOÇÃO, POLITICA, INCENTIVO, POUPANÇA, PAIS.
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (PMDB - MA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Eduardo Siqueira Campos, Srªs e Srs. Senadores, hoje eu trouxe um discurso escrito há muito tempo a respeito da poupança da Caixa Econômica. No entanto, gostaria de falar sobre a prisão de Saddam Hussein no Iraque, o que me faria estender e proceder a uma análise da política internacional. Não discuto pessoalmente a situação de Saddam, mas discutiria a invasão de um país soberano por outro.
Os Estados Unidos invadiram o Iraque alegando que aquele país tinha armas químicas, armas de destruição em massa. Foi provado que não tinha. Parece que o que o Sr. Bush queria e quer - é o que se lê na imprensa - é o petróleo iraquiano. Com a prisão de Saddam, o que os jornais estão dizendo? Que o preço do petróleo vai baixar, porque agora o Iraque vai poder exportar. E quem está comandando o petróleo? Simplesmente os Estados Unidos.
É uma vergonha para todos, principalmente para nós, brasileiros, que temos a Amazônia. Não sei se amanhã também não pode acontecer a mesma coisa conosco; podem inventar alguma coisa do Brasil, principalmente porque está muito independente a atual política externa brasileira. Já invadiram a República Dominicana no passado. O mundo está cheio de ditadores, principalmente na África. Por que os Estados Unidos não invadem a África e tiram os ditadores sanguinários de lá? É porque lá não tem o que ele querem.
Sr. Presidente, eu trouxe aqui dados importantes sobre a poupança brasileira e vou deixar para falar de política internacional em outra oportunidade. Mas me dói, humilha-me como cidadão ver os Estados Unidos passarem por cima da ONU, não respeitarem direitos humanos, não respeitarem nada, levarem presos para Guantánamo e dizerem, agora que prenderam o ex-presidente do Iraque, que eles derrubaram, que não sabem se vão fuzilá-lo, porque querem participar ativamente de sua condenação.
Lamento tudo isso, mas deixarei para outra oportunidade o pronunciamento a respeito do Sr. Bush. O futuro vai dizer se ele está ou não causando um grande mal à democracia e à humanidade. Eu, de minha parte, desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque, não tomo mais Coca-Cola e nunca mais encostei nesse vendedor de sanduíche deles. É uma maneira de protestar, e talvez outras pessoas estejam fazendo a mesma coisa. Esse Mc Donald’s por mim vai à falência e essa Coca-Cola também. É a maneira de eu protestar contra a política econômica e a política internacional do Presidente Bush.
Mas agora quero fazer o meu pronunciamento a respeito da poupança brasileira.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Siqueira Campos) - Nobre Senador João Alberto Souza, a Mesa ousa interromper o pronunciamento de V. Exª para anunciar a presença, no nosso plenário, de S. Exª o nosso nobre colega, Senador Bill Nelson, democrata do Estado da Flórida.
É uma honra para esta Presidência e para nós, Srªs. e Srs. Senadores, recebermos a visita do Senador americano.
O Senador Bill Nelson foi também um astronauta e participou do programa que atualmente treina um brasileiro para a mesma finalidade. É uma honra para este Parlamento a visita de tão nobre parlamentar, acompanhado do nobre Senador Hélio Costa.
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (PMDB - MA) - Quero saudar o Senador visitante.
Sr. Presidente, os comentários que fiz sobre o Iraque e a política externa dos Estados Unidos não vêm em função da presença do Senador, porque eu não sabia que ele estava nesta Casa.
O SR. PRESIDENTE (Eduardo Siqueira Campos) - E ele é democrata.
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (PMDB - MA) - É, eu sei. Acredito que ele seja contra essa política externa danosa dos Estados Unidos. Mas quero saudá-lo e dizer que aqui vivemos num País democrático e que a opinião é livre. É a opinião que eu estou dando.
Vejo o nobre Senador Hélio Costa na tribuna. Não sei se S. Exª fará a saudação ao nosso querido Senador do Estado da Virgínia, nos Estados Unidos.
O SR. HÉLIO COSTA (PMDB - MG) - S. Exª é do Estado da Flórida.
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (PMDB - MA) - Do Estado da Flórida, nos Estados Unidos. Em seguida, continuarei com o meu pronunciamento a respeito da poupança no Brasil.
O SR. JOÃO ALBERTO SOUZA (PMDB - MA) - Serei breve, Sr. Presidente.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Caixa Econômica Federal, de acordo com o noticiário, entrará em 2004 com um programa novo. Refiro-me à intenção da Caixa de iniciar uma campanha de incentivo à poupança visando a estimular o investidor. Seus dirigentes estão preocupados porque nos últimos doze meses a caderneta de poupança perdeu R$13 bilhões de reais e acreditam que uma das alternativas para incentivar os depósitos em poupança é premiar quem deixar o dinheiro aplicado por mais tempo.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, essa intenção merece o apoio de toda a sociedade. Há muito que o País vem perdendo dinheiro e oportunidade de educar os cidadãos para se organizarem financeiramente.
Fui bancário por 40 anos; fui de servente a presidente de banco. Conheço muito bem a estrutura bancária e há a necessidade urgente de uma política de poupança no nosso País.
Em tempos como os atuais, de apelo sistemático e irresistível ao consumo, é inegável a necessidade de aprendizagem na área do trato a ser dispensado ao dinheiro. Conhecer o valor dos bens, ter limites para os gastos e aprender a importância de fazer poupança são itens fundamentais para a formação de um adulto equilibrado financeiramente. Faço particular referência ao jovem e mesmo à criança, hoje alvos prediletos do marketing do consumo. Já se escreveu e se disse que os shoppings são as catedrais do consumo. Para os shoppings acorrem os jovens para se deslumbrar com as luzes e a variedade dos produtos expostos, para conversar, para namorar, para se divertir e para gastar.
Vi um programa do Governo sobre crédito fácil, o que considero uma maldade. O cidadão nunca negará o pedido de um filho quando tiver possibilidade de buscar dinheiro no crédito fácil. Depois, passa a lhe ser difícil pagá-lo, resgatar essa dívida.
Sem equilíbrio, sem caráter para determinar opções que privilegiam o essencial, sem capacidade de renúncia ao supérfluo, fica extremamente difícil o não envolvimento emocional com a novidade e a moda, que se constituem momentos, tal a efemeridade com que se apresentam. Vêm, se oferecem, capturam alguns e se vão.
Merece encômio a iniciativa da Caixa no sentido de empreender ações que visem a educar o povo a valorizar a poupança, evitando ser presa fácil de uma ânsia de consumo que, ao invés de satisfazer, esvazia espíritos, orçamentos e a própria possibilidade de desenvolvimento futuro.
Não há economia pessoal, familiar ou de país que se sustente e progrida sem política de longo prazo, que contemple planejamento e capacidade de espera. Não se trata de recuperar a ética individualista do liberalismo clássico, mas de concepção e programação do próprio crescimento.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
Fui muito rápido e agradeço a V. Exª.