Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a saída de S.Exa. do Partido dos Trabalhadores.

Autor
Heloísa Helena (PT - Partido dos Trabalhadores/AL)
Nome completo: Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EXPLICAÇÃO PESSOAL.:
  • Considerações sobre a saída de S.Exa. do Partido dos Trabalhadores.
Aparteantes
Ney Suassuna.
Publicação
Publicação no DSF de 18/12/2003 - Página 41818
Assunto
Outros > EXPLICAÇÃO PESSOAL.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, POSIÇÃO, ORADOR, REFERENCIA, EXPULSÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

A SRª HELOÍSA HELENA (Bloco/PT - AL. Para uma explicação pessoal. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, agradeço a V. Exª e, com base no art. 14, inciso VI, usarei a palavra por cinco minutos.

Embora seja a maior vítima nesse processo todo, tenho feito um esforço gigantesco, sobre-humano, inclusive para evitar trazer o debate das circunstâncias internas do Partido dos Trabalhadores para cá. Mas agora vou fazer isso. Todas as vezes que alguém falar diretamente, indiretamente, vou falar também.

Primeiro, quero dizer, repetir, que estou de consciência tranqüila e de cabeça erguida. Podemos até fazer um debate aqui sobre o que é fidelidade programática. Eu me sinto, Senador Almeida, Senador Duciomar, absolutamente fiel a um Partido dos Trabalhadores, não ao outro, o da cúpula palaciana, que silencia diante de delinqüentes da política brasileira e silencia também porque, às vezes, se lambuzar no banquete farto do poder faz com que talvez, por uma questão de educação, silencie. Tem isso de educação. Quando somos educados, pequenininhos, mesmo com pouca coisa para comer em casa, a mãe diz isto: não pode falar e comer ao mesmo tempo. Então talvez seja isso.

Portanto, vou fazer um esforço gigantesco para não tratar deste tema mais uma vez. Fiz durante todo esse processo. Só tratei deste tema uma vez, no plenário, quando o Senador Suplicy foi à tribuna. Estou fazendo um esforço para retirar essa coisa da minha vida, porque não tenham dúvida - e disse na reunião do diretório nacional - de que o PT que estava me expulsando não era o PT ao qual dediquei os melhores anos da minha vida para construir, não era o PT socialista, não era o PT da radicalidade democrática; era o PT que faz a propaganda triunfalista do neoliberalismo e que é cúmplice e omisso nessa reacionária coexistência pacífica entre aqueles que, ao longo da história, condenamos ferozmente e hoje está tudo muito bem.

Então vou fazer um esforço gigantesco para não entrar neste tema mais uma vez e espero que ninguém entre, porque, se entrar, vou, mais uma vez, usar a tribuna.

A Senadora Fátima Cleide me disse que não tratou deste tema, não fez dessa forma. Porque seria duro. É aquela história que, uma vez, já disseram aqui: ninguém conhece o pior de mim. Ainda não conheceram o pior de mim.

Pelo amor de Deus, respeitem a minha dor. Já disse, várias vezes, que vou escrever na areia das praias de Maceió alguns nomes, para a onda vir e me fazer esquecer.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - A praia do Francês.

A SRª HELOÍSA HELENA (Bloco/PT - AL) - A do Francês é belíssima, a Barra de São Miguel. O Senador Ney Suassuna sabe disso. Ele defende as do Rio, mas sabe que as de Alagoas são mais belas.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - As da Paraíba.

A SRª HELOÍSA HELENA (Bloco/PT - AL) - Da Paraíba! Só porque é eleito por lá. Só vive defendo o Rio aqui.

Então, vou tentar ter tranqüilidade. Agora, só peço uma coisa: não toquem no meu calinho, não, porque, se tocarem, vou virar onça. Senão estou calminha, maravilhosa.

Quero fazer o debate programático. Vou continuar com o meu mandato de cabeça erguida, sabe, Senador Tuma? Fui para a reunião do diretório e disse: não estou aqui para pedir clemência, nem perdão, nem desculpa. Estou aqui para reafirmar o que, ao longo da história, afirmei aqui, nesta Casa inclusive e ao longo da minha tradição.

Estou de consciência tranqüila. Agora, pelo amor de Deus, está chegando o Ano Novo. Ano Novo, vida nova, coração de paz, solidariedade e esperança, saúde para todo o mundo. Isso é o que conta. Essas coisas são o que contam.

Já me deram um presente de Natal desses, não tem nenhum problema. Vou jogar no mar esse presente de Natal horroroso da expulsão. Agora é vida pra frente, sabe? Já tirei as bandeiras do gabinete. Esse negócio deve ser até pecado, viver abraçado, chorando, não é? Tanta gente de bem, de paz, tantos pobres espalhados pelo Brasil para chorarmos por eles. Então é isso. Tenho o maior respeito, quero continuar fazendo a disputa programática, a disputa ideologizada, com as Senadoras da Bancada, com os Senadores da Bancada, com todas as Senadoras e com os Senadores. Eu quero encerrar essa história. Agora, se tocaram, de novo, eu vou começar a falar. Entendeu? Então, ano novo, vida nova. Quero aproveitar para desejar Feliz Natal para todos, um Ano Novo de paz, saúde e tranqüilidade, porque é isso que conta. Um beijo no coração de todos. Dizem que estou falando como a Xuxa; um beijo no coração de todos, como se eu estivesse imitando a galega, não é? A neguinha imitando a galega. Um beijo para todos, e isto é o que importa; ano novo, vida nova. Dizem que as lágrimas fazem muitas cicatrizes na alma.

Mas só tem cicatriz na alma quem esteve no campo de batalha, quem não se acovardou, quem defendeu. Paz e amor para o meu coração e para a minha saúde. Para a oligarquia, para o crime organizado, para o Fundo Monetário, para as instituições de financiamento multilaterais, para os gigolôs do FMI, para os parasitas do Banco Mundial, aí vai ser Heloisinha - viu, Demóstenes - oncinha. Agora, o resto é tudo paz e amor.

 

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma) - Senadora Heloísa Helena, Deus estará sempre conosco.

A SRª FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT - RO) - Sr. Presidente, eu não gostaria de polemizar, mas me sinto na obrigação de dar duas palavrinhas com a Senadora Heloísa Helena.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. Fazendo soar a campainha.) - Não, Senadora, V. Exª vai desculpar, mas V. Exª já atravessou o orador da tribuna. Só dois poderiam falar, acho que V. Exª completou o seu pensamento.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/12/2003 - Página 41818