O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há 50 anos, o Nordeste consumia apenas 1% da energia elétrica produzida no Brasil. Hoje, consome 15%. Isso mostra como o Nordeste conseguiu, nas últimas décadas, sair da estagnação e do imobilismo e começar a marchar, com vitalidade, a passo modernizante.

São muitos os focos de dinamismo hoje presentes no Nordeste. Mas somos, ainda, a região que contém as maiores manchas de pobreza do País. Os problemas da seca vão sendo atacados, aqui e ali, mas exigem um grande e persistente esforço para superá-los e, principalmente, ações decididas e arrojadas.

Ainda é grande a dívida social do Brasil para com o Nordeste. O Presidente Lula tem, em seu governo, a oportunidade de criar grandes avanços no resgate dessa dívida.

Creio que ele fez um positivo e substancial movimento nesse sentido, há alguns dias, com sua visita oficial aos Estados da Paraíba, Pernambuco e Bahia. Tive a honra de participar, nessa visita, da comitiva do Presidente.

Prestigiando com sua presença esses Estados nordestinos, o Presidente fortaleceu todo o Nordeste. Pois é preciso entender que aquilo que fortalece uma parte do Nordeste contribui para toda a região. É o caso da transposição do São Francisco, apoiada pelo Presidente Lula.

Não cabem, em relação ao projeto de transposição de 3% das águas do São Francisco para o semi-árido, quaisquer resistências, relutâncias ou antipatias. Trazer água para o semi-árido, beneficiará todo o Nordeste, pois o desenvolvimento de sua porção mais desfavorecida acabará por contagiar toda a região.

Em paralelo à transposição, sem que haja necessidade de adiá-la, se poderá ir sanando os desgastes ambientais que acometem o grande rio. A transposição é empreendimento que todo o Nordeste deve, unido, cobrar do Governo Lula.

Durante a visita, o Presidente esteve na cidade de Campina Grande, Paraíba, onde se implantará o Instituto do Semi-Árido. Essa entidade tem um grande papel a cumprir no progresso do Nordeste.

O Instituto do Semi-Árido promoverá pesquisas e estudos que impulsionarão o desenvolvimento do Nordeste, por meio de melhor convívio com a seca e do aproveitamento racional dos recursos da região, incluída aí a produção de alimentos.

Poderá e deverá aproveitar a experiência acumulada pelo Instituto Agronômico José Augusto Trindade, implantado em Sousa em 1940, pela Presidência visionária e idealista de Getúlio Vargas, primeira instituição de pesquisa agrícola situada em áreas secas, conforme reconhecido pela UNESCO.

Estou certo de que o Instituto do Semi-Árido de Campina Grande, ao interagir com a experiência acumulada em pesquisa e formação de técnicos para atuar nas regiões semi-áridas de todo o mundo, no seu embrião em Sousa, estará unindo as duas pontas de um mesmo sonho: o de Getúlio Vargas e o do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Mais do que recuperar essa notável experiência histórica de Sousa, o Instituto do Semi-Árido de Campina Grande irá ampliá-la, exponencializá-la na construção de soluções contemporâneas economicamente viáveis de convivência do homem com a seca.

E ajudará, certamente, a reescrever a história dessa região tão especial no contexto brasileiro, magistralmente descrita em suas dores e perdas por Raquel de Queiroz, no seu primeiro livro O QUINZE, marco do romance regional brasileiro.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é uma necessidade do Brasil melhor equilibrar o desenvolvimento de suas diversas regiões. As desigualdades regionais alimentam as desigualdades de renda, de emprego, de educação, todas elas.

Não serão superadas as nossas conhecidas e excessivas desigualdades sociais sem que o País avance na superação do fosso que divide as regiões.

Estive presente, junto com o Presidente, nos seus contatos com o povo. Vi que os nordestinos compreendem que o Presidente os compreende, que os nordestinos entendem que este Governo é uma renovada esperança para o Nordeste.

O Presidente Lula poderá, no Nordeste, resgatar a sua promessa de campanha de “governar com o coração”. Acredito firmemente que o fará.

Muito obrigado.