Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Recondução de S.Exa. à Liderança do PSDB, enfatizando sua disposição de avaliar e apresentar os equívocos da administração de Luiz Inácio Lula da Silva. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Recondução de S.Exa. à Liderança do PSDB, enfatizando sua disposição de avaliar e apresentar os equívocos da administração de Luiz Inácio Lula da Silva. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 19/12/2003 - Página 42115
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • DISPOSIÇÃO, ORADOR, LIDER, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), RESPONSABILIDADE, OPOSIÇÃO, CRITICA, FISCALIZAÇÃO, ERRO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL.
  • CRITICA, CONTRADIÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, GOVERNO FEDERAL, AUSENCIA, EXPECTATIVA, CRESCIMENTO ECONOMICO, PREJUIZO, POPULAÇÃO, PAIS.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, ao agradecer a V. Exª pela gentileza, pelo cavalheirismo de sempre, reitero que em 2004 o PSDB fará mais do mesmo, ou seja, será construtivo sempre que visualizar o Brasil e será implacável em relação a erros e equívocos cometidos por um Governo que temos a obrigação de fiscalizar. Esse é o nosso dever precípuo. A diferença é que faziam oposição ao País e confundiam os interesses do País, na tentativa de desestabilizar o Governo. Nossa perspectiva é enfrentar equívocos do Governo para servirmos ao País à nossa moda com nossas convicções. Agradeço a V. Exª, que tem sido um companheiro impecável, lembrando que nosso Partido, cada dia mais, solidifica sua unidade e se prepara para novo momento de luta.

Sr. Presidente, todos fazem balanço. O Senador César Borges fez um brilhante balanço do primeiro ano do Governo Lula. S. Exª sucedeu na tribuna o Senador Heráclito Fortes e o Senador Alvaro Dias, que também fizeram com lucidez essa mesma análise.

No tempo de que disponho, nesta comunicação de Liderança do PSDB, remeto-me basicamente à questão econômica. O Presidente Lula começa a complicar o possível crescimento de 2005 e 2006 com as omissões e equívocos que pratica nesta quadra, neste momento.

Eu tenho batido e repisado a questão microeconômica. Nos diversos itens da microeconomia, com ênfase para as agências reguladoras, o Presidente adota uma política que afugenta investidores. E se não se aumentar a chamada formação bruta de capital fixo, ou seja, a taxa de investimentos com proporção do PIB dos medíocres 17% de hoje para, pelo menos, alguma coisa parecida com 25% a 28% ao longo do tempo, nós não sustentaremos nenhum crescimento. Nenhum crescimento será sustentável, repito.

Eu volto a dizer que assusta os investidores o documento editado pela Ministra Dilma Rousseff a respeito do chamado marco regulatório.

Eu tenho, Sr. Presidente, um dado que, a meu ver, é muito esclarecedor em relação à política externa, que virou item importante de política econômica, sim. Eu quero apenas ser lógico e cobrar coerência. Eu não estou aqui dizendo que o Senador Fulano teria de gostar ou não da política econômica do Governo Lula, mas entendo que não tem nenhum cabimento, não tem nenhuma lógica o Governo Lula adotar essa política econômica que, para ter êxito - se é que terá -, depende de entendimento privilegiado com o Tesouro americano; depende de entendimento privilegiado, a partir do entendimento com o Tesouro, com o Fundo Monetário Internacional; com entidades assemelhadas não privadas e que depende do aval do Tesouro americano e do aval do Fundo Monetário Internacional para manter abertas para o Brasil as portas da banca internacional nas crises de liquidez. Não consigo entender nenhuma ligação lógica entre a manutenção dessa política econômica se, ao mesmo tempo, o Presidente insista em praticar uma política externa que, a todo momento, cutuca os Estados Unidos, a todo momento arisca esse equilíbrio, a todo momento põe em risco algo que é essencial para manter os fundamentos dessa política econômica que ele adota.

Portanto, Sr. Presidente, uma das marcas desse Governo é a incoerência. E sobre ela se cobra preço a médio prazo, se cobra preço a longo prazo. Eu advirto o Presidente Lula de que médio prazo para ele é 2005 e longo prazo para ele é 2006.

Aqui se falou da falência administrativa. Aqui se falou de um Governo inerte. Não há como se dizer que algum setor tenha, de fato, melhorado no País, um sequer! Educação, saúde, ciência e tecnologia, qualquer setor a que nos reportemos vai mostrar, com clareza, que o País parou, que o País mergulhou na estagnação, que o País peca por falta de criatividade, que o País peca por falta de experiência, o País peca por falta de quadros, o País peca por falta de humildade do Governo, que violenta um País que pelo seu povo é humilde, é construtivo, é competente, é trabalhador.

Encerrarei este ano - não hoje, amanhã, não sei quando -, fazendo o que fiz no primeiro dia, quando dia comuniquei ao Governo que o exercício da minha liderança seria no sentido de combater os equívocos do Governo. Encerrarei este ano combatendo o Governo. Encerrarei o último ano do Presidente Lula combatendo os equívocos do Governo, por entender que essa é uma forma de nos reportarmos com ética à sociedade, porque o meu candidato à Presidência da República perdeu a eleição. O meu candidato à Presidência da República não ganhou a eleição Se é assim, a única coisa ética que me cabe fazer é, não há dúvida, colaborar e muito com o Governo Lula, apontando-lhe, implacavelmente, os equívocos, apontando-lhe, pontualmente e no atacado, os erros e procurando cumprir o meu papel de brasileiro e levar o meu Partido a cumprir o seu papel de Partido e de patriota.

Que a base do Governo, de maneira muito leal e muito firme, apóie o Presidente, porque ele vai precisar disso. Que nós aqui saibamos dar ao Presidente o apoio de que ele precisa, que não é o apoio do aulicismo, que não é o apoio da bajulação, que não é o apoio do “sim, senhor”. É o apoio de quem foi eleito Senador para representar o seu Estado, de quem foi eleito Líder para representar o seu Partido e de quem foi eleito para fiscalizar o Governo que venceu a eleição. Fora disso, haveria desequilíbrio. Com isso, ocorre mais equilíbrio.

Quando renovo os meus votos de boas festas ao Presidente Lula, eu lhe digo: “Presidente, de todo o coração, espere muito mais luta de minha parte no ano que vem”.

Muito obrigado. Era o que tinha a dizer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/12/2003 - Página 42115