O SR. PRESIDENTE (José Sarney) - Obrigado a V. Exª.

Antes de submeter a votos o requerimento de aplauso, quero expressar dois sentimentos: um, da mesma alegria que tem a Casa pela eleição do Senador Marco Maciel para a Academia Brasileira de Letras; o outro, de agradecer, em nome da Academia Brasileira de Letras, o alto prestígio de que ela desfruta nesta Casa e no Brasil inteiro.

A eleição para a Academia não é um julgamento, é uma escolha. Essa é uma norma que temos naquela Casa. Isso para dizer que o escritor Fernando de Morais não foi julgado pela Academia. É um grande escritor e, sem dúvida alguma, tem uma posição na Literatura brasileira por todos nós reconhecida.

Calculo a satisfação do Senador Marco Maciel. Com ele já falei, transmitindo-lhe, dando-lhe as minhas saudações de chegada à Academia Brasileira de Letras. Talvez tenha sido, para mim, a sensação de maior plenitude de realização pessoal a minha eleição, quando fui, em 1979, eleito para a Academia.

Àquela época, eu era mais escritor do que político, e já sou o quarto mais antigo membro daquela Casa. Portanto, a nossa Academia tem a mesma tradição da Academia Francesa, a qual serviu de espelho para sua fundação. Das pessoas que têm essas duas faces - a face do político e a face da literatura - ela os tem acolhido como uma casa que representa o sentimento da Nação. Devemos lembrar que nasceu em Pernambuco o primeiro dos que pertenceram à Academia e foi seu fundador: Joaquim Nabuco, político e escritor. O próprio Machado de Assis foi o grande escritor, mas também teve uma sedução pela política, e essa sedução levou-o a concorrer a Deputado por um distrito de Minas Gerais. Político e escritor foi José Américo de Almeida. Político e escritor foi Gilberto Amado, que pertenceu à Academia e ali esteve por tanto tempo.

Quero dizer que temos uma cadeira na Academia, a 41ª, esta que é uma injustiça que a Casa cometeu e que permanece com um acadêmico: é em relação a Juscelino Kubitschek - ele não entrou na Academia Brasileira de Letras, mas até hoje é lembrado como uma injustiça da Academia e nós o consideramos ocupando a 41ª cadeira da Academia, aquela que não foi ocupada, mas que, por direito, deveria ser ocupada.

Portanto, agradeço em nome da Academia as referências feitas à Casa, agradeço em meu nome pessoal também a generosidade dos Colegas e me associo a todos na alegria pela eleição do Senador Marco Maciel para a Academia Brasileira de Letras.