Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Votos de saúde ao Governador Paulo Hartung. Cobranças para que o Presidente da Câmara dos Deputados cumpra os acordos para a votação das matérias da convocação extraordinária. Defesa do Vice-Presidente da República no episódio do INCA. (como Líder)

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PREVIDENCIA SOCIAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Votos de saúde ao Governador Paulo Hartung. Cobranças para que o Presidente da Câmara dos Deputados cumpra os acordos para a votação das matérias da convocação extraordinária. Defesa do Vice-Presidente da República no episódio do INCA. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 29/01/2004 - Página 1609
Assunto
Outros > PREVIDENCIA SOCIAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • VOTO, SAUDE, PAULO HARTUNG, GOVERNADOR, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), RECUPERAÇÃO, CIRURGIA.
  • EXPECTATIVA, DECISÃO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, VOTAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, COMPLEMENTAÇÃO, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL, CUMPRIMENTO, ACORDO, GOVERNO FEDERAL.
  • DEFESA, HONRA, JOSE ALENCAR, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, INJUSTIÇA, ACUSAÇÃO, IMPRENSA, FAVORECIMENTO, DOENTE, TRANSPLANTE DE ORGÃO, ESCLARECIMENTOS, ENCAMINHAMENTO, PEDIDO.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são vários os motivos que me trazem a esta tribuna hoje à tarde. Primeiramente, quero me solidarizar com a família do Governador do meu Estado, Paulo Hartung, que submeteu-se a uma cirurgia, em São Paulo, para extrair um rim. Que Deus o proteja, juntamente com sua família, neste momento da sua vida.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, estamos esperando a posição do Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado João Paulo, e aguardando que o Governo cumpra com esta Casa o acordo feito para votarmos a PEC nº 67, ou seja, aprovar a PEC nº 77, garantindo os avanços conseguidos pelo Parlamento brasileiro quanto à paridade, à regra de transição, à cobrança dos inativos. Isso é necessário para que o Governo continue a ter crédito nesta Casa. Caso contrário, Sr. Presidente, o Governo sofrerá, nesta Casa, ao longo deste ano, muitas decepções. Não teremos mais razão nenhuma para confiar em qualquer tipo de acordo proposto pela Liderança do Governo, e o Líder do Governo empenhou a sua palavra no sentido de que o acordo seria cumprido para que todos pudéssemos caminhar juntos.

Faço parte da base do Governo, mas uma coisa é fazer parte da base do Governo e outra é subserviência, que não existe. É necessário que os líderes do Governo se esforcem no sentido de convencer o Presidente João Paulo, que continua na sua posição de pirraça com relação a PEC nº 77, a imediatamente colocá-la na pauta da Câmara dos Deputados para darmos uma resposta que justifique a convocação extraordinária à população brasileira.

Sr. Presidente, outro assunto que me traz a esta tribuna refere-se às denúncias veiculadas na mídia nacional nesse final de semana, fazendo uma exposição desnecessária de um homem de bem chamado José Alencar. Sou o Líder do PL nesta Casa, e o País conhece o Vice-Presidente da República, que faz, para nossa alegria e honra, parte do nosso Partido.

José Alencar é um homem de bem, gerador de honra, porque quem gera emprego, Sr. Presidente, gera honra. José Alencar é um homem que construiu a sua vida com dignidade, e não temos quem possa levantar um dedo contra a sua honra. É um homem que construiu a sua vida dando emprego, permitindo que o trabalhador brasileiro pudesse, por meio da iniciativa desse empreendedor vitorioso que é o Vice-Presidente da República, levar o alimento para a sua mesa. Fomos todos assaltados nesse final de semana pela exposição grosseira que se fez do Vice-Presidente. Não sei com que interesse, não sei de onde vieram as duas denúncias feitas. Uma dizia que se tratava de transplante de medula.

Sabe-se que um Deputado Federal pediu ajuda a S. Exª, que mandou que encaminhasse o caso ao Ministério da Saúde. A única coisa que S. Exª não podia fazer era mandar que o caso fosse encaminhado para a Dilma Rousseff, porque Dilma toma conta do setor elétrico. Não podia encaminhar o caso também ao Ministro do Esporte. S. Exª tinha de encaminhá-lo ao Ministro da Saúde. Na verdade, não há que se seguir a ordem das filas de transplante, mas há que se fazer uma avaliação técnica. Toda mãe, todo pai, que procura um Senador, um Deputado Estadual ou Federal, um Vereador, buscando ajuda, tem um familiar que está morrendo. Se não houver ajuda, a filha morrer, o filho vai morrer. Vê-se o desespero da família. O encaminhamento é para que se faça uma avaliação técnica.

Há dois anos e meio, sofri uma cirurgia de medula. Tenho a medula lesionada, algumas pessoas que me vêem puxando um pouco a perna perguntam se estou com o joelho machucado. Não, a minha coluna tem um enxerto; devido a uma lesão de medula, o fio condutor que recebe informação do meu cérebro foi lesionado. Tiraram um tumor da minha medula.

Fui ao ortopedista da Câmara tratar do meu joelho e disse a ele que sentia dores nas costas. Ele recomendou uma avaliação no joelho e na coluna e pediu uma ressonância magnética. Fiz, e detectaram que o problema do joelho era muito menor que o problema na medula, um tumor. Perguntei o que eu devia fazer, e ele disse que ia fazer o encaminhamento para que o neurocirurgião me avaliasse e para ver se eu poderia ser operado em janeiro, durante o recesso. O neurocirurgião disse que, se eu não operasse em 60 dias, ficaria paralítico, pois estava comprometida a cauda eqüina, os nervos que dão comando às pernas. Desmarquei todos os meus compromissos e fui operado na semana seguinte. Arrancaram o tumor que achavam que era maligno, e fui mandado para a cadeira de rodas com a medula lesionada. A minha avaliação foi técnica.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - O médico que me operou, Dr. Paulo Said, tinha outros pacientes para serem operados no mesmo dia, mas eles podiam esperar. Tenho apenas um pequeno movimento no pé direito em função da lesão de medula. Fui operado porque fui tecnicamente examinado e porque se identificou que eu precisava de cirurgia em 60 dias.

O que o Vice-Presidente da República fez com esse Deputado foi o que todos fazemos. Se se colocar um sino no pescoço dos Deputados Federais e Senadores que fazem encaminhamento de pedidos, Brasília não vai dormir, o Brasil não vai dormir, porque todos fazemos encaminhamentos.

Ora, as pessoas fazem pedidos absurdos, fazem concurso público, são transferidas do seu Estado e querem a ele retornar; o pai telefona, manda uma carta, a mãe manda uma carta, e recebemos os pedidos educadamente.

Sr. Presidente, a carta - ainda com relação ao nosso Vice-Presidente - era de um velho companheiro de José Alencar, um senhor de 84 anos que foi exposto na televisão, um homem simples do interior. Parecia que se tratava de um bandido, mas era um avô que escreveu uma carta intercedendo por seu neto. Nós já vimos milhões de pais, de tios, de avós fazerem algo semelhante. Era o caso de uma residência. Na verdade, em se tratando de residência, é preciso passar na prova. Não se pode colocar ninguém na frente de ninguém. Pode ter havido erro da assessoria no encaminhamento que fizeram, mas o Vice-Presidente da República não pediu que alguém fosse retirado e colocado o neto do amigo dele. Não pediu que tirasse o sujeito que estava em último lugar para colocar o neto do amigo dele, que tirasse o que passou em segundo lugar e colocasse o rapaz. Não foi nada disso. De onde vem isso? Dizia S. Exª hoje: “Só o sombra sabe”.

Expõe-se toda uma família, um homem que tem o respeito da Nação brasileira, que não vai parar de fazer encaminhamentos, porque nenhum de nós vai parar. Quantos pedidos recebemos?

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Quantos pedidos a população brasileira nos faz? Pedem-nos até para arrumar um visto, porque acham que parlamentar pode tudo, até arrumar um visto para alguém ir para os Estados Unidos. Sabemos que não podemos. Não existe critério. Não somos atendidos. Mas eles mandam-nos as cartas. E não custa nada fazer uma carta de apresentação quando conhecemos o cidadão: “Conheço fulano de tal, é decente, é honrado”.

Se colocar, volto a dizer, um sino no pescoço de todos os parlamentares que fazem encaminhamento de pedidos que lhes são feitos, o Brasil não dormirá, porque o sino tocará 24 horas por dia.

Por isso, como Líder do meu Partido, eu precisava vir à tribuna defender o Vice-Presidente da República, um cidadão de bem, que passou por esta Casa e honrou o Parlamento brasileiro quando no exercício do seu mandato.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/01/2004 - Página 1609