Pronunciamento de Lúcia Vânia em 10/02/2004
Discurso durante a 17ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Desemprego no Brasil.
- Autor
- Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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POLITICA SOCIAL.
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Desemprego no Brasil.
- Publicação
- Publicação no DSF de 11/02/2004 - Página 3744
- Assunto
- Outros > POLITICA SOCIAL. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- APREENSÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, DESEMPREGO, PAIS.
- COMENTARIO, PROGRAMA, EMISSORA, TELEVISÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), DIVULGAÇÃO, PROGRESSO, MUNICIPIO, RIO VERDE (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), AUSENCIA, DESEMPREGO, PROVOCAÇÃO, TUMULTO, VIAGEM, DESEMPREGADO, CIDADE, RETORNO, CRIANÇA, TRABALHO, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE).
- DEFESA, EFICACIA, COMBATE, TRABALHO ESCRAVO, PAIS, QUESTIONAMENTO, DECLARAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), CORTE, ORÇAMENTO, UNIÃO FEDERAL.
A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ainda acredito que a persistência vence a apatia, a arrogância e a indiferença. Por isso volto a esta tribuna, para novamente chamar a atenção do Governo para a questão do desemprego no nosso País.
Vários Senadores especialistas em política monetária têm assumido esta tribuna para mostrar o comportamento conservador do Banco Central, reduzindo muito lentamente os juros; outros têm assumido esta tribuna para apontar o excessivo superávit primário que tem desestruturado a nossa economia; outros ainda têm vindo aqui para mostrar as pesquisas cada vez mais inquietantes sobre o desemprego.
Sr. Presidente, quando discursamos, é como se fosse um desabafo. Sentimos, pelo menos, que estamos cumprindo uma parte da nossa obrigação. No entanto, quando chegamos aos nossos Estados e aos nossos Municípios, esse desabafo se transforma em indignação. E é com indignação que quero mostrar hoje, da tribuna desta Casa, o que está ocorrendo na cidade de Rio Verde, uma das mais prósperas do Estado de Goiás. O jornal O Popular noticia o que está ocorrendo nessa cidade em relação ao emprego.
A cidade de Rio Verde foi objeto, na semana passada, de uma reportagem do Globo Repórter, em que foi apontada como uma das cidades mais prósperas deste País. Bastou que a reportagem fosse ao ar para que à cidade afluíssem pessoas de todo o Brasil. Hoje, em São Paulo, não há mais passagens de ônibus para a cidade de Rio Verde. E o seu Prefeito se encontra totalmente angustiado, sem amparo do Poder Público Federal, sem amparo de qualquer outra estrutura para atender a essa legião de desempregados que chegam àquela cidade.
Não bastasse isso, Sr. Presidente, ontem, o Jornal Nacional estampou novamente um grupo de crianças voltando ao trabalho no Estado de Pernambuco. Além da retração econômica aqui apontada, ainda há, nos programas sociais, um inteiro descaso para com a aflição do povo brasileiro desempregado. As crianças de Pernambuco estão retornando ao trabalho infantil, sem receber a bolsa há seis meses.
Ao lado desse fato, o Governo exibe para a Nação brasileira uma aparente eficiência no combate ao trabalho escravo. Nunca se viram tantas fazendas abrigando o trabalho escravo. É preciso que o Governo olhe o outro lado da moeda. Será que o trabalho escravo, ao invés de estar sendo combatido com a eficiência mostrada, não terá surgido do desespero do desempregado que, diante da dificuldade para manter sua família, aceita qualquer tipo de trabalho para sobreviver?
Em outra matéria mostrada ontem - sobre a deportação de imigrantes ilegais brasileiros -, surpreendeu-nos que, após o belíssimo trabalho feito pelos Senadores Hélio Costa e Marcelo Crivella nos Estados Unidos, grande parte dos brasileiros que sofreram naquele país está disposta a voltar, porque a desesperança bate à porta das famílias brasileiras aqui.
Por isso, Sr. Presidente, a nossa indignação, que se torna maior ainda hoje, quando abrimos os jornais e lemos a declaração do Ministro da Fazenda, que, com a serenidade que lhe é peculiar, diz que vai cortar R$6 bilhões no Orçamento.
Eu aconselharia o Ministro da Fazenda a ler o artigo do importante articulista da Folha de S.Paulo Josias de Souza, que lembra a S. Exª relatório feito pelo Ministro Waldir Pires, a pedido dele próprio, quando fez uma investigação na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e constatou, em dois relatórios, que aquele órgão, responsável pela gestão de R$200 milhões da dívida ativa de grandes empresas, consegue arrecadar apenas R$2 bilhões por ano. O articulista recomenda ao Ministro que faça um pouco de esforço para recolher R$6 bilhões, evitando, dessa forma, que o Orçamento seja cortado.
Sr. Presidente, agradeço a boa vontade de V. Exª e encerro dizendo ao povo brasileiro e especialmente a esta Casa que não há estoque de esperança que resista ao que o brasileiro está passando atualmente no interior do País.
Muito obrigada.