Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Cobranças de políticas efetivas do governo no sentido de minimizar os efeitos das chuvas no país, em especial no Nordeste brasileiro. (como Líder)

Autor
Efraim Morais (PFL - Partido da Frente Liberal/PB)
Nome completo: Efraim de Araújo Morais
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Cobranças de políticas efetivas do governo no sentido de minimizar os efeitos das chuvas no país, em especial no Nordeste brasileiro. (como Líder)
Aparteantes
Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 12/02/2004 - Página 3891
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • CRITICA, INEFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, ATENDIMENTO, ESTADOS, REGIÃO NORDESTE, VITIMA, INUNDAÇÃO, AUSENCIA, SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO.
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), CONTRADIÇÃO, IDEOLOGIA, PROGRAMA PARTIDARIO.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, REDUÇÃO, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, UNIÃO FEDERAL, DESTINAÇÃO, COMBATE, TRABALHO, INFANCIA.
  • CRITICA, AUSENCIA, EMPENHO, GOVERNO FEDERAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), VOTAÇÃO, ALTERNATIVA, PROPOSTA, REFORMULAÇÃO, PREVIDENCIA SOCIAL.

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª, Presidente Eduardo Siqueira Campos.

Sr. Presidente, primeiramente, queria registrar a palavra do Senador Ney Suassuna em defesa da política externa do Governo Federal. Penso que é natural. Mas não estou conseguindo entender a preocupação da base do governo com a política externa quando não resolve o problema interno.

Não temos nenhuma ação concreta do Governo Federal, do Governo do PT, do Governo Lula para a questão das calamidades públicas, das enchentes, da situação vivida pelo País. E tenho informações de que o Sudeste começa a sofrer a partir de hoje com as enchentes. O Governo Federal não resolveu a questão do Nordeste, que é desprezível para ele - o Nordeste sempre é deixado para depois -, e, imaginem, terá problemas a partir de hoje com o Sudeste, pois a chuva começa a cair.

Lamento a omissão, a falta de solidariedade, a falta de ação do Governo do PT em relação às enchentes. Não admito a hipótese nem a tese de que depois das chuvas será resolvido o problema dos desabrigados. Ora, estamos em uma situação emergencial - o próprio nome já sugere urgência - e o Governo Federal vai esperar que passem as chuvas. A tendência é que chova até o meio do ano, até abril, maio e junho. E as mais de duzentas mil famílias desabrigadas neste País? Elas vão ter de aguardar até lá?

O Governo está mais preocupado com outros assuntos. Diz uma manchete: “Lula decide apressar o projeto contra a escravidão”. A matéria foi enviada ontem ao Congresso Nacional, e a Câmara já a está discutindo, para tentar salvar a convocação extraordinária.

Houve grande prejuízo nesta convocação extraordinária para a palavra do Governo, que não merece mais crédito. O Governo disse que votaria a PEC paralela, Senador Mão Santa. A semana está terminando e a matéria não será votada. Vou esperar que o Senador Pedro Simon venha a esta tribuna para fazer discurso contra o Governo, porque fizemos o pacto de que se a matéria não fosse votada até o final da convocação S. Exª viria aqui dizer o que é realmente o Governo Lula. Se fosse votada, eu estaria aqui, com muito orgulho, em defesa do funcionalismo público, elogiando o Governo Lula. Mas parece que será difícil elogiá-lo, pois o Governo não faz nada que mereça elogio de nenhum parlamentar, a não ser daqueles apaixonados, que vêm aqui defendê-lo.

Enquanto isso, o PT defende Deputado Federal petista cassado. Trata-se de uma matéria de O Globo: “PT defende deputado federal petista cassado”.

V. Exªs sabem o que o Presidente do PT está dizendo? Que está havendo perseguição do Ministério Público, que está havendo perseguição do TRE. E V. Exªs sabem o que esse cidadão fazia? Segundo informações dos companheiros do Amapá, o Deputado Antônio Nogueira dava carteiras de habilitação para aqueles que não sabiam dirigir. No Nordeste, quem não sabe dirigir faz barbeiragem; lá no Amapá, faz “nogueirada”. E agora vem o PT defender esse cidadão, que foi cassado pelo TRE.

Senadora Heloísa Helena, V. Exª foi expulsa do Partido porque V. Exª defendia o funcionalismo público brasileiro, o trabalhador brasileiro. E agora o PT - a que V. Exª pertenceu e a que hoje se orgulha de não pertencer mais - está defendendo parlamentares que foram cassados. Na Paraíba, chamamos de Detran a pessoa do apito ou da carteira de habilitação. E o PT está apitando ou está dando carteira de habilitação. Não sei não.

Senador Romeu Tuma, ouço V. Exª.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Quero dar uma informação em um segundo. V. Exª falou sobre a PEC do trabalho escravo. Quero informar a V. Exª que há um projeto do Senador Ademir Andrade, do qual fui Relator, que há dois ou três anos saiu do Senado e está na Câmara. Portanto, o que se pede é, simplesmente, a agilização do que estava dormindo em alguma gaveta.

O SR. EFRAIM MORAIS (PFL - PB) - Senador Romeu Tuma, agradeço a V. Exª, mas minha preocupação não era exatamente a urgência dessa matéria. Acredito que tenhamos que votar com urgência a matéria relatada por V. Exª, que estava adormecida. No entanto, minha preocupação é com o que está nos jornais: “Lula corta 80% da verba de combate ao trabalho infantil”. Exatamente a matéria sobre a qual V. Exª falará, por coincidência. Não dá para entender: Lula decide apressar o projeto contra a escravidão, mas corta 80% do famoso Peti, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil?

Sr. Presidente, creio que há algo errado nesse Governo. Estão gastando quase R$200 mil para comemorar o aniversário do PT, o que significa o bolo mais caro que jamais vi. O Governo se descontrola totalmente. A verdade é que o Partido descontrolou-se, e o Governo não sabe o que faz.

Esta Casa está repleta de homens e mulheres experientes, de ex-Governadores, ex-Ministros, de futuros Governadores - como V. Exª, Sr. Presidente Eduardo Siqueira Campos, que, não tenho a menor dúvida, governará o seu Estado, pelo trabalho que tem prestado a sua gente e a sua terra - e de tantos outros que estão aqui hoje prestando serviços ao Congresso Nacional e à sociedade brasileira, já o tendo prestado a seus Estados. É preciso que V. Exªs orientem esse Governo. É essencial que o Governo entenda que não pode tirar 80% da verba de combate ao trabalho infantil, quando prega diferentemente nas manchetes.

Como disse ontem, digo hoje e direi amanhã, a única preocupação do PT é ter a manchete do dia seguinte. Entretanto, não está sabendo o que faz. Uma manchete diz que Lula decide apressar projeto contra escravidão e outra diz que ele retira 80% da verba para combate ao trabalho infantil.

Esse Governo está sem perna, sem cabeça e sem corpo. É preciso que as Lideranças do PT nesta Casa comecem a orientar o Governo, para que ele entenda que não é a política externa, não é a defesa da Índia ou de outros países que interessa à população brasileira. O que interessa, primeiramente, é que o Governo entenda que, com os juros altos, com o desemprego que ronda todas as metrópoles do Brasil, com a falta de solidariedade, com a falta de trabalho, de projeto e, sobretudo, de seriedade, levaremos este País a uma situação de que não poderá se recuperar.

Lamento, sim, que esse Governo esteja mais preocupado com as eleições municipais, com a eleição da Prefeita Marta Suplicy - que, no meu entender, caminha para uma derrota fragorosa em São Paulo. Aqueles grandes Municípios do PT de outrora passarão a ser apenas lembranças do passado, de uma Oposição que fez bravatas e enganou a população brasileira, que enganou aqueles que lhe deram o caminho para chegar ao poder, ou seja, o trabalhador e o funcionalismo público. Hoje, ela está enganando inclusive o Congresso Nacional.

Está na gaveta a famosa, a extraordinária, a única na história deste Congresso, a PEC paralela, que enganou a todos os Senadores, inclusive os do PT, mas sobretudo à sociedade, à população e a todos que acreditamos nos Líderes e na palavra do todo-poderoso Presidente José Dirceu, quero dizer, do Ministro José Dirceu. Acreditamos até na boa vontade do Senador Paulo Paim, que lutou e brigou pela aprovação da PEC paralela.

Parece-me que essa PEC é mesmo paralela, que está de acordo com a definição da matemática, da geometria, segundo a qual duas retas paralelas só se encontram no infinito. E no infinito estará a resposta que o povo dará, como uma espiral tendendo para zero; zero será o resultado que o Governo do PT obterá da população brasileira nas eleições municipais.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/02/2004 - Página 3891