O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não é movido por nenhum motivo de alegria ou de satisfação que ocupo, na tarde de hoje, a tribuna do Senado Federal. Muito pelo contrário, é entristecido e envergonhado que trato do assunto que me traz aqui.

Um dos jornais mais lidos do meu Estado traz, na primeira página, a seguinte manchete: “Francisco Guedes é demitido da Codevasf”. Francisco Guedes é aquele mesmo cuja nomeação só foi feita cinco meses após a posse do Presidente Lula. E eu cobrei aqui, por diversas vezes, uma solução para o caso. Era a única indicação do Governador do Estado do Piauí na cota de prestígio político que, hipoteticamente, lhe caberia no Governo Federal, já que S. Exª, o Governador do meu Estado, é o único do Partido do Governo no Nordeste brasileiro.

Francisco Guedes é demitido no momento em que estamos vivendo esse furação de denúncias e acusações sem que se apresente uma justificativa para tal fato. Por que o Sr. Guedes foi demitido? Por corrupção? Por incompetência? Por corrupção, não acredito. Os recursos da Codevasf não eram repassados. E, quando se dava o repasse, o Sr. Guedes não tinha a menor ingerência sobre como, quando e para quem liberar. Competência também não dá para ser testada porque ele assumiu um cargo completamente manietado, sem poder colocar em prática os seus conhecimentos.

O que me entristece, Sr. Presidente, é o comportamento do Governador do Estado. O Sr. Wellington Dias já devia ter tomado uma atitude mais séria, mais enérgica, uma atitude de homem, porque vem constantemente sendo desmoralizado pelo Governo Federal. E, hoje, S. Exª diz, nos jornais da minha terra, que sai ganhando no episódio, porque o Sr. Guedes vai assumir uma função no Ministério do Meio Ambiente e ele vai tentar indicar o substituto da Codevasf. Mas sobre a primeira tentativa que fez, indicando um ex-Superintendente do Banco do Nordeste em Teresina, o Sr. Luiz Carlos Barros, a imprensa já disse que o Ministro Ciro Gomes vetou.

Não quero entrar na questão, na briga, na queda-de-braço entre o Governador e o Ministro Ciro Gomes. Não é da minha competência. Mas o Presidente da República devia respeitar o Piauí. Não é possível que o Governador se submeta a esse tipo de vexame, envergonhe o Piauí por falta de autoridade, por falta de altivez. Demite-se um piauiense sem nenhuma justificativa, apenas porque não combina com o temperamento do Ministro! O que é isso? Onde está o companheirismo, o respeito ao único Governador do Nordeste eleito pelo Partido dos Trabalhadores?

Sr. Presidente, a única vez que se olhou para o Piauí no atual Governo foi para tentar levar para minha cidade o Sr. Fernandinho Beira-Mar. Agora, voltam as notícias com a mesma novela. E, como me contava o Líder Efraim Morais, hoje, o Macaco Simão, em sua coluna, diz: “Beira-Mar não é besta, quer passar o Carnaval no Rio de Janeiro.” Ficam brincando com coisa séria. A Codevasf é um órgão da maior importância para o desenvolvimento do Nordeste e, portanto, para o Estado do Piauí. Se coube ao Governador a indicação do seu titular, cabe ao Governo Federal tratar essa questão com respeito, e não com esse deboche.

Sr. Governador, lamento, tenho pena da sua fraqueza em atitudes como essa, porque o Piauí não merece isso. Espero que V. Exª bata na mesa e tome uma atitude de altivez, aliás altivez que é uma das características do povo do Piauí.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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