O SR. VALMIR AMARAL (PMDB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a comemoração, neste dia 19 de fevereiro, de mais um Dia do Esportista enseja oportunidade não apenas de nos congratularmos com todos aqueles que se dedicam à atividade esportiva competitiva, mas também de refletirmos sobre a grande relevância da atividade física na vida do cidadão comum e das práticas desportivas no progresso das sociedades humanas.

A percepção do valor das atividades esportivas para a formação do caráter dos jovens e para a manutenção da saúde física e mental é antiqüíssima, remontando aos primórdios das civilizações. A milenar medicina ayurvédica, da Índia, prescreve enfaticamente a prática da ioga, com suas posturas - os chamados ássanas - de múltiplos benefícios para os diversos órgãos, funções e sistemas do organismo. A arte marcial chinesa conhecida como kung fu ou wu shu vem sendo transmitida de geração em geração, aperfeiçoada e desenvolvida há nada menos do que 5 mil anos, e é diariamente praticada por milhões de chineses de todas as idades. Aliás, é muito interessante observar nessas formas de cultura física orientais o seu simultâneo caráter de técnicas de desenvolvimento espiritual.

Nas antigas civilizações do Ocidente, o enfoque não era diferente. Na Europa, como se sabe, o primeiro povo a atingir um elevado grau civilizatório foi o grego, e uma das inúmeras heranças deixadas pelos helenos para o mundo moderno foi a Educação Física. Entre espartanos e atenienses, o esportista ocupava lugar de destaque. O valor dos exercícios físicos era de tal forma reconhecido por Aristóteles e Hipócrates, que eles chegavam mesmo a afirmar que a educação do corpo devia anteceder à do intelecto. Um dos maiores luminares da Grécia clássica, o filósofo Sócrates, afirmou: “Que desgraça é para o homem envelhecer sem nunca ter visto a beleza nem conhecido a força que seu corpo é capaz de produzir.” Já os latinos formularam o celebérrimo brocardo mens sana in corpore sano.

Na verdade, é lícito supor que, depois da alimentação, a mais remota ação do homem sobre a face da Terra tenha sido aquilo que hoje conhecemos como esporte. Afinal, o homem faz uso de seu corpo para a conquista desde tempos pré-históricos, na medida em que, quando fugia de animais ferozes ou lutava por áreas e domínios, estava, de certa forma, competindo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, do ponto de vista social, da formulação das políticas públicas, o esporte deve merecer especial atenção, haja vista o papel que pode desempenhar na melhoria da saúde, no incremento da auto-estima, na aquisição de disciplina, na educação para as relações sociais. Com efeito, as práticas esportivas devem ser encaradas como um dos métodos mais eficazes de que dispomos para bem encaminhar nossa juventude, na certeza de que estaremos formando cidadãos mais saudáveis, cônscios, solidários e bem integrados à vida em comunidade. Ao mesmo tempo em que aprimora a forma física, o esporte desenvolve a mente, veiculando aos jovens importantes lições de convivência social.

No âmbito da educação escolar, observa-se que os esportes vêm assumindo papel cada vez mais destacado nas instituições educacionais brasileiras. A preocupação das direções pedagógicas com o tema tem crescido, a partir da percepção de que a busca do desenvolvimento nos esportes constitui eficaz instrumento de incentivo aos alunos. A prática esportiva como instrumento educacional visa ao desenvolvimento integral das crianças, jovens e adolescentes, capacita o sujeito a lidar com suas necessidades, desejos e expectativas, bem como com as necessidades, expectativas e desejos dos outros, de forma que ele possa desenvolver as competências técnicas, sociais e comunicativas essenciais para o seu processo de desenvolvimento individual e social.

Deve-se ressaltar que o esporte, como instrumento pedagógico, precisa integrar-se às finalidades gerais da educação, de desenvolvimento das individualidades, de formação para a cidadania e de orientação para a prática social. Além de ampliar o campo experimental do indivíduo, a prática esportiva cria obrigações, estimula a personalidade intelectual e física e oferece oportunidades reais de integração social.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de fato, investir na área esportiva significa desenvolver melhor a população. Para isso, contudo, não basta concentrar recursos em uma única modalidade ou em atividades de base, por exemplo. Todos os setores do esporte devem ser contemplados.

Para desenvolver suas ações, o Ministério do Esporte conta com a colaboração das universidades brasileiras, entendendo que elas são foros privilegiados para a criação de novas tecnologias educacionais que aliem o esporte e a escola. Essa ampliação da oferta de práticas esportivas nos estabelecimentos escolares, especialmente os das redes públicas, é fundamental para assegurar a consecução de um dos principais objetivos da política governamental para o setor, qual seja a democratização do acesso à prática esportiva, principalmente no que diz respeito às populações de baixa renda. O Governo aposta nos esportes como eficaz instrumento para alcançar melhor desenvolvimento humano, para ajudar a corrigir as desigualdades e, também, para formar plenamente a juventude.

Um outro aspecto que está a requerer a atenção do Governo, do Poder Legislativo e do conjunto da sociedade brasileira é a necessidade de o Brasil passe a investir mais na formação de atletas de competição. Afinal, o País será a sede dos Jogos Pan-americanos em 2007 e pleiteia sediar as Olimpíadas de 2012 e a Copa do Mundo de 2014. Para a Copa do Mundo, as chances do Brasil são consideráveis, haja vista ser o único candidato e considerando-se o revezamento entre os continentes instituído pela FIFA (Fédération Internationale de Football Association).

Os atletas brasileiros já mostraram que podem obter excelentes colocações nas disputas, mas a concretização desse potencial exige investimento expressivo e continuado. É preciso definir modalidades prioritárias e começar logo o trabalho de formação de novos atletas. É bom lembrar que cada conquista expressiva de um esportista brasileiro numa competição internacional representa notável estímulo para que milhões de crianças e jovens se iniciem ou se aprofundem nas diversas modalidades esportivas.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para além do culto ao corpo, da vaidade que faz lotarem as academias, o esporte tem, como pudemos explanar ao longo desta fala, um significado muito mais amplo e muito mais profundo. Esporte é saúde física e mental; é disciplina; é formação do caráter; é aprendizado de paciência e de estratégia; é caminho para o incremento da auto-estima; é instrumento para dar vazão às pressões internas, assegurando o equilíbrio emocional; é laboratório vivo de interação social, de solidariedade, de submissão às regras; pode, inclusive, ser senda de desenvolvimento espiritual. Para um atleta, um esportista, é também jornada de realização pessoal e profissional.

O trabalho cotidiano do esportista é o de dar o melhor emprego a sua força, sua habilidade, sua inteligência para superar os próprios limites. O resultado correlato é atingir índices elevados, alcançar a glória e os aplausos do público. Quando o esportista cruza a linha de chegada, ou o árbitro da disputa determina seu encerramento, estamos presenciando o clímax de uma labuta hercúlea para atingir o ápice do condicionamento corporal e mental, visando à vitória. O exaustivo trabalho do esportista encerra em si o desejo de perfeição, a idéia de totalidade. Esse é o ideal que o atleta perseguirá ao longo de toda a sua vida dedicada ao esporte.

Por isso, Srªs e Srs. Senadores, aproveito o ensejo do 19 de fevereiro para cumprimentar todos os esportistas brasileiros, de todas as modalidades, os quais, nos mais diversos esportes, labutam diariamente, dando o melhor de si nos clubes, nas escolas, nas entidades, nas agremiações. Fazendo do esporte um motivo de engrandecimento pessoal, de superação de metas, eles têm contribuído, inúmeras vezes, para elevar o nome do Brasil ao seu merecido lugar.

Parabéns a vocês, esportistas do Brasil!

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

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