Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comunica o recebimento de documento que representa indícios veementes do envolvimento do ministro José Dirceu com o pedido de propina feito pelo ex-assessor parlamentar da Casa Civil, Sr. Waldomiro Diniz. (como Líder)

Autor
Almeida Lima (PDT - Partido Democrático Trabalhista/SE)
Nome completo: José Almeida Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comunica o recebimento de documento que representa indícios veementes do envolvimento do ministro José Dirceu com o pedido de propina feito pelo ex-assessor parlamentar da Casa Civil, Sr. Waldomiro Diniz. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 02/03/2004 - Página 5241
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • DENUNCIA, CONLUIO, GOVERNO FEDERAL, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, OBJETIVO, MANIPULAÇÃO, LOBBY, SIMULAÇÃO, RESULTADO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, FAVORECIMENTO, INTERESSE, EXECUTIVO.
  • PROMESSA, ORADOR, APRESENTAÇÃO, DOCUMENTAÇÃO, COMPROVAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, JOSE DIRCEU, MINISTRO DE ESTADO, CASA CIVIL, CRIME CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA.

O SR. ALMEIDA LIMA (PDT - SE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sou um Senador do PDT, da Oposição, do pequeno Estado de Sergipe. Mas, na tarde de hoje, prefiro dizer que venho à tribuna como Senador do Brasil, preocupado com os destinos do nosso País e com tudo o que acontece hoje, envolvendo o Governo Federal.

Entendo que o Governo do Presidente Lula está brincando com o povo brasileiro. O Presidente e sua equipe estão fazendo pouco caso. Estão tratando de uma questão da mais alta importância e que poderá ou não dificultar os destinos de nosso País como se fosse algo de menor importância. Estão preocupados com jogadas de marketing. O Ibope, a serviço do Governo, está pesquisando 24 horas por dia para saber se a proposta de discussão do financiamento de campanha é a alternativa para jogar debaixo do tapete a sujeira que foi descoberta.

            O Ibope faz pesquisa e a equipe de marketing, os “marketólogos” vão à cena, buscam dados, informações e, no dia seguinte, dizem: “Não. É preciso uma medida provisória para acabar com o jogo do bingo”. E essa medida sai de inopino, como se diz usando o jargão do fórum, referindo-se ao despacho do juiz, quando o advogado chega de última hora e pede a ele um despacho, dizendo, depois, que conseguiu o despacho “na perna ou na coxa”, porque é aquele despacho em cima de uma petição que ele sequer leu, que sequer apreciou, tal qual a medida provisória que foi divulgada, que sequer serviu de instrumento para cometer aquilo que eles pretendiam fazer, que era atacar o Carlinhos Cachoeira.

            Portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com a responsabilidade que sempre tive e com a preocupação que sempre demonstrei, na condição de Senador da República, quero dizer a V. Exªs e anunciar ao País que recebi documentos - eu os tenho em mão. Por não haver conseguido um contato, no dia de hoje, com duas outras pessoas para complementar uma informação não constante do documento, tomei a decisão de não torná-los público, mas o farei na sessão de amanhã. O documento representa mais do que indícios veementes. Repito: os documentos representam mais do que indícios veementes daquilo que a imprensa, o Parlamento e a sociedade brasileira estão querendo saber: o envolvimento do Ministro José Dirceu no caso Waldomiro Diniz.

O Sr. Efraim Morais (PFL - PB) - Mais ainda, Senador? O documento que V. Exª apresentará amanhã revelará mais indícios do que os existentes?

O SR. ALMEIDA LIMA (PDT - SE) - Com toda a certeza. Representa mais do que indícios veementes. Quando se fala de indícios, não se fala de provas. Indícios veementes são mais do que indícios. E, quando se diz mais do que indícios veementes, é a prova diante de fatos que precisam ser muito bem explicados e, desta vez, não apenas pelo Ministro José Dirceu, mas por muitas outras pessoas.

Senadora Heloísa Helena, há pouco ouvi V. Exª dizer que muito mais gente sabe. Venho à tribuna exatamente para dizer que, na sessão de amanhã, trarei esses fatos que estabelecem vinculação com o próprio Ministro José Dirceu, que tinha mais do que conhecimento, salvo prova em contrário, e S. Exª deverá estabelecer, bem como os demais que carrearam essas provas para autos processuais, pois aqui estarei para anunciar a todo o País esses novos fatos.

Desculpem-me não poder trazê-los na tarde de hoje, o que era o meu propósito, mas não o farei de forma irresponsável - não tem sido esse o meu comportamento. Jamais vim à tribuna desta Casa para trazer fatos que não pudesse comprovar.

Portanto, entendo que o Governo deve atuar de forma séria na apuração dos fatos. Temos a preocupação de não ver este País no estágio em que se encontrou nos idos de 1992, no período Collor. É preciso que o próprio Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e imagino e creio que isso não respingue em Sua Excelência, chame o feito à ordem, puxe as rédeas deste País, comande o seu Governo. E, se cabeças terão que rolar, que rolem as cabeças do Governo, para que não venhamos a assistir, mais uma vez, o nosso País rolar!

Muito obrigado, Sr. Presidente!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/03/2004 - Página 5241