Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários às matérias: "Drama jovem" e "Programa ainda está engatinhando", publicadas nos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo, respectivamente, edições do dia 2 do corrente.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE EMPREGO.:
  • Comentários às matérias: "Drama jovem" e "Programa ainda está engatinhando", publicadas nos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo, respectivamente, edições do dia 2 do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 03/03/2004 - Página 5539
Assunto
Outros > POLITICA DE EMPREGO.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), O ESTADO DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DENUNCIA, GRAVIDADE, DESEMPREGO, JUVENTUDE, INEFICACIA, PROGRAMA, GOVERNO, INCENTIVO, EMPRESA, CONTRATAÇÃO, EMPREGO.

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) -

O DESEMPREGO E OS JOVENS

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para destacar duas matérias publicadas em edições de jornais da terça-feira, 2 de março, relativas ao desemprego que afeta os jovens e sobre os resultados tímidos do programa Primeiro Emprego.

Fiz no ano passado reiteradas críticas ao programa, que teve mais marketing do que resultados, iludindo milhares de jovens e suas famílias. A distância entre as promessas de criar 250 mil empregos e o número de apenas 2 mil e 50 vagas conseguidas, de acordo com matéria do jornal O Estado de S. Paulo, é desanimadora: apenas um por cento da meta prevista.

Enquanto isso, os jovens, devido ao perfil ainda sem experiência e sem a devida qualificação, estão entre os mais afetados pelo crescente desemprego, como revela a matéria do jornal O Globo. Pelo didatismo e por apontarem um grave problema nacional, que compromete o futuro de nossos jovens, entendo que as duas matérias merecem inserção nos Anais do Senado, no sentido de alertar o país.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE A SRª SENADORA LÚCIA VÂNIA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Publicado em: 02/03/2004

O GLOBO

Drama jovem

Panorama Econômico

A crise que perpetuou o desemprego no Brasil em dois dígitos foi especialmente cruel com os mais jovens. Dos mais de 2,4 milhões de desocupados nas seis maiores áreas metropolitanas, quase metade tem menos de 24 anos. Entre janeiro de 2003 e o mesmo mês deste ano, a participação dos jovens na população em busca de trabalho passou de 45,31% para 46,52%.

Coincidência ou não, desde o início do governo Lula é crescente o aumento da procura de emprego pelos chamados membros secundários das famílias. Teoricamente, esposas, filhos e idosos já aposentados estariam voltando ao mercado para tentar recompor uma combalida renda familiar, que entra no sétimo ano de queda real. Desde janeiro de 2003, o peso dos chefes de família entre os desempregados diminuiu de 74,1% para 70,2%.

Uma das explicações para o aumento do número de jovens na população economicamente ativa (PEA) é o incentivo que o próprio governo tem dado a este movimento, por meio de ações como o Programa Primeiro Emprego. Em vez de estar em casa estudando, os jovens são estimulados a entrar no mercado de trabalho, sem necessariamente encontrar ocupação. Como são desempregados todos os cidadãos que não trabalham, mas buscam uma vaga, a simples entrada dessa faixa etária no mercado ajuda a elevar a taxa de desemprego.

-- O índice de desocupação poderia ser menor e por um bom motivo se, em vez de subsidiar a entrada dos muitos jovens no mercado de trabalho, o governo subsidiasse sua permanência na escola -- sugere o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da FGV.

Neri argumenta que o nível de escolaridade dos jovens, em especial os que têm entre 16 e 19 anos (faixa que representa quase 10% dos desempregados), ainda é muito baixo. Boa parte sequer completou o ensino fundamental. Por isso, em vez de transferir dinheiro para as empresas, o governo deveria dar aos adolescentes a opção de receber para estudar. Seria uma espécie de Bolsa Escola ampliado, diz Neri:

-- É uma opção para tirar o jovem do mercado e, ao mesmo tempo, investir em capital humano, o que vai ser útil para o país no futuro.

Publicado em: 02/03/2004

Estado de S. Paulo

Programa ainda está engatinhando

Vânia Cristino

Anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em julho do ano passado, com a pretensão de criar 250 mil postos de trabalho até o fim deste ano, o programa Primeiro Emprego ainda está engatinhando.

Com a demora na aprovação do projeto de lei, que só foi sancionado no fim de outubro, o programa começou a funcionar no fim de 2003. Além disso, da promessa de 250 mil empregos em 12 meses, o Ministério do Trabalho acredita que só poderá cumprir 145 mil, devido à contenção de gastos do Orçamento da União, que cortou pela metade os recursos para subvenção econômica de empresas dispostas a empregar jovens.

"O programa ainda está começando", disse o secretário de Políticas Públicas de Emprego, Remígio Todeschini. Ele argumentou que, além do corte no orçamento, que reduziu a disponibilidade de recursos a apenas R$ 188 milhões em 2004, é preciso ampliar o trabalho de sensibilização dos empresários, o que depende também da retomada do crescimento. "O programa não cria empregos automaticamente. Ele vai deslanchar, na medida em que a atividade econômica também deslanche."

Segundo o secretário, o balanço até o momento indica que a subvenção às empresas que contratam jovens foi responsável por apenas 2.050 vagas. Para empregar jovens de 16 e 24 anos, o incentivo do governo às micro e pequenas empresas é de R$ 200 por mês durante seis meses. O valor cai pela metade para as grandes e médias empresas. As empresas que não precisam do incentivo também podem aderir ao programa. Nesse caso, elas arcam sozinhas com a contratação e recebem um selo denominado "Empresa Parceira do Programa Primeiro Emprego".

De acordo com Todeschini, no entanto, é preciso entender o Primeiro Emprego de um ponto de vista mais amplo, já que ele prevê desde a qualificação profissional ao trabalho comunitário, serviço civil voluntário até o incentivo às empresas para a contratação. O secretário definiu o programa como um pontapé inicial para que os jovens possam se preparar melhor para o mercado de trabalho e, dessa forma, conseguir um emprego mais duradouro, ou até mesmo se tornarem pequenos empreendedores.

O balanço do governo mostra que 40 mil jovens receberam treinamento em cursos com carga horária média de 120 horas. Outros 60 mil serão treinados este ano. No trabalho comunitário combinado com qualificação profissional serão aproveitados 12.200 jovens. Eles receberão, pelo prazo de quatro a seis meses, uma bolsa no valor de R$ 150 por mês.

Os consórcios sociais da juventude, em sete Estados, estão atendendo 7.200 jovens. A expectativa é que 40% deles sejam colocados no mercado. Além disso, o projeto desdobra-se no serviço civil voluntário, voltado para o atendimento de jovens socialmente mais vulneráveis e em conflito com a lei.

O programa pretende atingir 25 mil jovens nessa situação.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/03/2004 - Página 5539