Pronunciamento de Antero Paes de Barros em 03/03/2004
Discurso durante a 8ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Anúncio do seqüestro e assassinato do Sr. Luiz França de Moura Neto, primo de S.Exa.
- Autor
- Antero Paes de Barros (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MT)
- Nome completo: Antero Paes de Barros Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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SEGURANÇA PUBLICA.:
- Anúncio do seqüestro e assassinato do Sr. Luiz França de Moura Neto, primo de S.Exa.
- Publicação
- Publicação no DSF de 04/03/2004 - Página 5583
- Assunto
- Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
- Indexação
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- ANUNCIO, SEQUESTRO, HOMICIDIO, PARENTE, ORADOR, SOLICITAÇÃO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), APOIO, APURAÇÃO, CRIME.
- APREENSÃO, SITUAÇÃO, SEGURANÇA, FAMILIA, ORADOR, RECEBIMENTO, LIGAÇÃO, TELEFONE, AUSENCIA, IDENTIFICAÇÃO.
O SR. ANTERO PAES DE BARROS (PSDB - MT. Pela ordem. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, peço até que compreenda a dificuldade da comunicação. Tenho o dever de registrar ao Senado - e pedi apoio da Mesa do Senado - um fato que já comuniquei à Polícia do meu Estado - e tenho certeza absoluta de que conto com o apoio da Polícia do meu Estado, do Governador Blairo Maggi. Também, já encaminhar o assunto ao Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos que ficou de apoiar as investigações.
De ontem para hoje, houve o seqüestro e o assassinato de um primo-irmão meu em Cuiabá. Esse rapaz, Luiz França de Moura Neto, tem 48 anos, é casado e tem dois filhos. Os filhos estão na idade entre 10 a 15 anos de idade. Ele é funcionário de uma gráfica. Os rendimentos dele são pequenos. Não é uma pessoa rica, como não é rica nossa família. Tem um Vectra prata.
Ontem seus últimos contatos com a família foram um às 16 horas, quando comunicou que iria ao dentista; depois do dentista, comunicou à família que voltaria ao local de trabalho e que a seguir participaria de uma festa de revelação de “amigo oculto” - esses eventos que acontecem em empresas privadas. Desaparecido - hoje, às 8h da manhã, tomei conhecimento do fato. Entrei em contato com o Governador Blairo Maggi e com o Ministro da Justiça. Depois, quando estava reunido com o meu Partido - PSDB - tive a confirmação do assassinato.
Foi assassinado e queimado. Para roubar um carro? Em Mato Grosso há muito roubo de carro, mas - e o Senador Jonas Pinheiro, que é de lá, sabe - eles roubam mais Hilux, mas um Vectra? Se o ladrão o reconheceu e, por isso, o matou, por que o queimou? É uma preocupação.
A imprensa tem me perguntado se eu faço alguma relação ou com a CPI do Banestado, ou com as nossas recentes posições no Congresso brasileiro. Eu tenho dito - e é minha posição pessoal - que tenho o dever de não fazer e não faço. Tenho o dever de comunicar às autoridades e de pedir a elas apoio. Seja qual for a verdade, quero apenas que essa questão seja absolutamente investigada.
Um outro problema que me preocupa é o recebimento de algumas ligações para integrantes da minha família, mas não com ameaças. Se me perguntarem: há ameaças? Respondo: não, não há ameaças, mas existem ligações, sempre de orelhões, sempre não identificadas, ou de bairros de Cuiabá, ou de outra cidade. Só perguntam: “Onde você está?” E nada mais. Tenho para mim que tenho consciência dos meus deveres e das minhas obrigações comigo mesmo e com a minha atuação. Perguntam-me se vou pedir segurança pessoal. Fico mais preocupado com a minha família, menos preocupado comigo, mas quero dizer que tenho a paz de consciência. Nunca persegui ninguém, nunca fiz nada, absolutamente nada contra ninguém, o que não significa que eu não possa ter inimigos, mas, com certeza, o Luizinho não tinha. Luiz França de Moura Neto não tinha inimigos. Posso ter adversários, mas ele, não. É muito difícil alguém dizer que não gostava dele, é até razoável dizer isso com relação a mim.
Sr. Presidente, peço o apoio da Casa, já falei com o Ministro da Justiça. Agradeço, inclusive, o apoio do meu Partido, do próprio Senador Mercadante, que também falou com o Ministro da Justiça pedindo apoio na apuração.
Após esta pequena exposição, vou ao Ministro da Justiça e quero a verdade, seja ela qual for, mesmo se ela até aumentar a dor da família. Quero exclusivamente a verdade. Gostaria de me justificar com o Senado porque talvez não esteja presente aqui amanhã: estou providenciando a minha ida a Cuiabá para estar ao lado dos meus familiares.
Dito isso, espero que a Mesa da Casa nos ajude nas providências solicitadas.