Discurso durante a 13ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do falecimento da Sra. Maria Benedita Pinto Nogueira.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do falecimento da Sra. Maria Benedita Pinto Nogueira.
Publicação
Publicação no DSF de 11/03/2004 - Página 6632
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, MARIA BENEDITA PINTO NOGUEIRA, CIDADÃO, ESTADO DE GOIAS (GO), RESPONSAVEL, PRESTAÇÃO DE SERVIÇO, ASSISTENCIA SOCIAL, POPULAÇÃO.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a Mesa já informou que encaminhará o requerimento de pesar que eu apresentei pelo falecimento da Srª Maria Benedita Pinto Nogueira.

Gostaria de registrar que se trata de uma pessoa excepcional, conhecida, em São Paulo e em muitos lugares do Brasil, especialmente em Goiás, por Dona Filhinha. Lerei trechos da justificação.

Prematura de sete meses, era tão pequena e tão perfeita que os pais, João Francisco e Benedita, referiam-se a ela como “a filhinha”, a “menina pequena que requer muito cuidado”. Era a décima primeira criança de uma grande família, coisa comum naqueles tempos em que o Brasil tinha terra demais e gente de menos. O pai era dono de uma fazenda entre Jaraguá e Itaberaí e dono de um empório em Pirenópolis. E a menina Filhinha foi criada no meio das plantações, dos pomares e dos animais. Desde pequena aprendeu a amar a tudo o que fosse vivo. Cada folha de cada planta, cada fruto de cada árvore.

Falava com elas, dizia que todas lhe respondiam, assim como falava com os animas, do carneiro mais manso às cobras mais venenosas. “Falo com as plantas e os bichos porque eles falam comigo”, costumava dizer. “- Mas o que é que você fala? - lhe perguntavam. E ela respondia: “- As plantas, os bichos, eles me contam histórias.

Na verdade, Senador Antonio Carlos Magalhães, ela acabou por desenvolver um dom especial.

Quando menina, certo dia foi vacinada contra a varíola, que havia matado muita gente nos anos 20.

Mas de suas chagas, com um espinho de laranjeira, tirou um líquido e arranhou todos os seus amiguinhos. Os médicos de então ficaram boquiabertos, pois ela havia vacinado todos por pura intuição infantil. Ficaram todos imunes.

Na escola, ela até foi convidada a sair por ser tão curiosa e porque todos achavam muito estranhos esses seus costumes de tratar a natureza como coisa viva. Mas ela possuía um certo dom, pois se aproximava sem medo dos leprosos e lhes limpava as feridas, preocupava-se com as crianças que tinham tosse comprida. Pegava uma folha do mato, conhecida pelo nome, após sua maceração, dava ao doente que logo melhorava.

Sr. Presidente, trata-se de uma pessoa excepcional que sentia em si própria aquilo que poderia ser algum mal de saúde no corpo de tantas pessoas. Conheci dezenas de pessoas que por ela foram curadas, inclusive em minha própria família. Pessoas como Antônio Ermírio de Morais que, obviamente, sabe praticamente de tudo sobre saúde, por ser Superintendente do Hospital Beneficência Portuguesa, admiravam o seu trabalho. De nenhuma pessoa cobrava, mas se dedicava muito a obras sociais e, ajudadas por milhares de pessoas, beneficiou dezenas de milhares.

Assim, Sr. Presidente, peço que seja transcrita na íntegra a justificativa de meu requerimento. Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR EDUARDO SUPLICY EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inserido nos termos do art. 210, Inciso I, § 2º, do Regimento Interno)

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/03/2004 - Página 6632