Discurso durante a 13ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Necessidade de mais rigor na guarda de armamentos nos quartéis das Forças Armadas no Estado do Rio de Janeiro.

Autor
Marcelo Crivella (PL - Partido Liberal/RJ)
Nome completo: Marcelo Bezerra Crivella
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Necessidade de mais rigor na guarda de armamentos nos quartéis das Forças Armadas no Estado do Rio de Janeiro.
Publicação
Publicação no DSF de 11/03/2004 - Página 6643
Assunto
Outros > SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • APREENSÃO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, ROUBO, METRALHADORA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MOBILIZAÇÃO, QUADRILHA, TRAFICANTE, DESRESPEITO, AUTORIDADE PUBLICA.
  • SOLICITAÇÃO, COMANDANTE, FORÇAS ARMADAS, AMPLIAÇÃO, GUARDA, FISCALIZAÇÃO, ARMA, QUARTEL, IMPEDIMENTO, ROUBO, AUMENTO, VIOLENCIA, GARANTIA, PROTEÇÃO, POPULAÇÃO.

O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje venho à tribuna desta Casa muito preocupado com o Estado do Rio de Janeiro. Não é a primeira vez que isso ocorre, e, mais uma vez, faço um pronunciamento pedindo a atenção desta Casa e das autoridades do meu Estado para que esse fato não se repita.

Sr. Presidente, dez submetralhadoras beretas - que tantas vezes carreguei em longas marchas, no meus anos de Exército - foram roubadas de um quartel da Marinha.

No Estado do Rio de Janeiro, há 700 mil pessoas envolvidas com o narcotráfico. O Secretário de Segurança é ameaçado para deixar a Secretaria. Há ações de mobilização, ações terroristas, por parte de quadrilhas de traficantes para desestabilizar as autoridades públicas. Não é possível que as Forças Armadas, os quartéis da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, continuem permitindo que fuzis, granadas e submetralhadoras beretas sejam furtadas. V. Exª imagina o estrago que poderá fazer uma submetralhadora bereta, com 30 cartuchos, na mão de um bandido? Quantos tiros perdidos, quantas crianças paraplégicas, quantos pais de família não voltarão para suas casas depois da aventura de saírem para trabalhar?

Senador Romeu Tuma, como eu, V. Exª é um homem preocupado com a segurança em nosso País, com a segurança das famílias brasileiras. Faço um apelo ao Ministro do Exército, ao Ministro da Aeronáutica, ao Ministro da Marinha e ao Ministro da Defesa para que adotemos um código de honra que não precisa estar escrito em lei nem em regulamento militar. O comandante de unidade militar - seja de quartel de infantaria, de artilharia, de material bélico, de cavalaria, intendência, seja do Corpo de Fuzileiros Navais ou da Base Aérea -, se sumir um armamento, deverá entregar o comando da unidade. 

Lembro ainda, e já faz muitos anos, do regulamento disciplinar do Exército: o comandante é responsável por tudo que acontece e deixa de acontecer na sua unidade.

Não é possível, Sr. Presidente, que dez submetralhadoras, seis fuzis, e tantas granadas e munição, cunhetes inteiros de munição sumam dos nosso quartéis. Digo isso com conhecimento de causa, quantas vezes fui oficial de dia, quantas vezes comandei companhia! Não se podia sair do quartel, o corneteiro não dava toque de ordem sem que as armas fossem conferidas, uma por uma; passava-se a vista no paiol, depois que chegava a mão do comandante aquele papelzinho muito singelo, mas assinado por todos os comandantes, todos os detentores de carga de arma. O comandante chamava o corneteiro e dizia: dê o toque de ordem. E cada um era responsável por aquilo ali. Não era o soldado que era punido, nem o cabo, eram os oficiais de carreira que passaram quatro anos na academia militar e que têm a vida naquela assinatura, porque soldados e cabos, infelizmente, no Brasil, não são profissionais, estão ali para cumprir o serviço de um ano, muitas vezes sem receber alimentação e vestem uma farda sem grandes apetrechos.

Sr. Presidente, venho aqui com o peso do Estado e principalmente da cidade do Rio de Janeiro, que não agüenta mais conviver com a violência, e faço esse apelo dramático aos srs. comandantes militares do Brasil: precisamos acabar com essa vergonha de traficantes, bandidos invadirem quartéis das Forças Armadas, o último - muitas vezes ouvi essa frase - esteio de moral de uma nação, impugnável, invencível, de brio, de cidadania, onde se canta todos os dias o Hino Nacional, onde se veste uma farda e se jura entregar a própria vida por amor à Pátria. Não disputamos guerra, não somos chamados, como tantos outros países, a teatros de operação, mas precisamos que esse armamento não desapareça dos nossos quartéis.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/03/2004 - Página 6643