Discurso durante a 14ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

O risco da obesidade. Registro do artigo intitulado "A receita anticrise de FFHH", de autoria do colunista Elio Gaspari, publicado no jornal O Globo, de 22 de fevereiro do corrente.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • O risco da obesidade. Registro do artigo intitulado "A receita anticrise de FFHH", de autoria do colunista Elio Gaspari, publicado no jornal O Globo, de 22 de fevereiro do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 12/03/2004 - Página 6784
Assunto
Outros > SAUDE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • GRAVIDADE, PROBLEMA, SAUDE PUBLICA, DESEQUILIBRIO, ALIMENTAÇÃO, AUMENTO, OCORRENCIA, CAUSA MORTIS, PROVOCAÇÃO, CARDIOPATIA GRAVE, DOENÇA CRONICA, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DEBATE, NECESSIDADE, CAMPANHA EDUCACIONAL.
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ANALISE, ADMINISTRAÇÃO, CRISE, POLITICA NACIONAL.

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) -

O RISCO DA OBESIDADE

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta Tribuna para abordar um assunto que vem ocupando a atenção dos meios de comunicação, pois se trata de uma questão de saúde pública. Refiro-me à obesidade, um tema recorrente nos congressos médicos pelas suas conseqüências no aumento dos casos de doenças cardíacas e diabetes. A matéria a que me refiro, publicada na Folha de São Paulo desta quarta-feira, 10 de março, revela que a obesidade deve superar o fumo como causa de mortes nos Estados Unidos.

A obesidade tem sido assunto constante no congresso norte-americano, pelo agravamento das doenças decorrentes do excesso de peso me crianças, o impacto dessas questões no sistema de saúde, previdenciário e nas empresas. As licenças e afastamentos por motivo de saúde afetam a economia e preocupam os especialistas em recursos humanos, pois já existe discriminação em relação ao peso, com diferenças salariais.

A mesma Folha de São Paulo volta ao assunto no editorial do dia 11, alertando para o crescimento do diabetes, sétima causa de mortes no país e para a necessidade do Estado contribuir coma reversão desse cenário, por meio de campanhas educativas e instrumentos fiscais, mas sem mecanismos de coerção.

Os dois textos merecem inserção nos anais do Senado, no sentido de alertar esta Casa para a responsabilidade que temos na proposição de legislação capaz de proteger de forma mais eficaz a saúde dos brasileiros.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo também a tribuna para registrar o artigo intitulado “A receita anticrise de FFHH”, de autoria do colunista Elio Gaspari, publicado no jornal O Globo de 22 de fevereiro do corrente.

O artigo, que trata de como um governo deve administrar suas crises, é a expressão da diferença entre o estadista e o político que simplesmente chegou ao poder.

Requeiro, Sr. Presidente, que o artigo publicado no jornal O Globo, de 22 de fevereiro do corrente, seja dado como lido e considerado como parte integrante deste pronunciamento.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE A SRª. SENADORA LÚCIA VÂNIA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Obesidade deve superar fumo como maior ameaça à saúde nos EUA

A obesidade pode superar o fumo como a principal causa de mortes evitáveis entre americanos em 2005, segundo um estudo publicado nesta terça-feira que pede que campanhas de saúde pública alertem os americanos sobre o problema.

Mais americanos sofrerão de doenças cardíacas, diabetes e outros males relacionados com a obesidade do que os causados pelo tabagismo no próximo ano, na medida aumenta a epidemia de obesidade no país e um número crescente de americanos deixa o fumo.

Pesquisadores dos CDC (Centros Americanos para o Controle e Prevenção de Doenças, na sigla em inglês) estimam que a taxa de mortalidade atribuída a uma dieta pobre e à falta de exercícios saltou em um terço entre 1990 e o ano 2000, enquanto as mortes causadas pelo fumo aumentaram menos de 10%.

Se a tendência se mantiver, o número de mortes relacionado à obesidade pode ultrapassar a marca dos 500 mil no próximo ano, superando o tabagismo como principal causa de mortes evitáveis pela primeira vez em mais de 40 anos. No ano 2000, um número estimado de 400 mil mortes --16,6% do total nacional, de 2,4 milhões-- estava relacionado de alguma forma com os hábitos alimentares e o sedentarismo das pessoas, segundo a análise dos CDC, publicada no "Jornal da Associação Médica Americana". A maioria dessas mortes se deve à obesidade, disse Ali Mokdad, chefe do setor de estudo dos comportamentos do CDC em Atlanta, Geórgia. O tabagismo ainda se mantém como a principal causa de mortes evitáveis: o câncer de pulmão e outras doenças relacionadas com o cigarro provocaram 435 mil mortes ou 18,1% do total em 2000. Mas os pesquisadores esperam que este índice despenque nos próximos anos, por causa da redução da popularidade do hábito, enquanto os efeitos a longo-prazo da epidemia de obesidade, vistos nos anos 90, levam anos para se manifestar.

"Precisamos fazer da prevenção parte de nosso sistema de saúde", disse Mokdad.

Especificamente, disse ele, as autoridades de saúde pública precisam encarar com agressividade o problema emergente, com o tipo de campanhas que conseguiram fazer os americanos abandonarem o cigarro nos anos 90. Mais de 60% dos adultos americanos estão acima do peso ou obesos. No ano passado, os custos médicos relacionados com a obesidade foram estimados em US$ 75 bilhões, segundo o jornal "Obesity Research". O estudo se baseou na análise das estatísticas de mortalidade desde o ano 2000 e em dados de pesquisa sobre os fatores de risco das mudanças de hábitos desde 1990.

Editorial Folha de São Paulo - 10-03-2004

O FATOR OBESIDADE

É de Cícero a célebre frase: "É necessário comer para que tu vivas, e não viver para que tu comas". À medida que o mundo foi perdendo o seu latim, perdeu também algo do estoicismo que motivou as palavras do orador. O resultado se mede em quilos. Relatório divulgado anteontem pelos CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) lança um novo e contundente alerta contra a epidemia de obesidade nos EUA. Segundo a vigilância epidemiológica norte-americana, as mortes causadas pelo excesso de peso cresceram na década de 90 quatro vezes mais rápido do que as provocadas pelo tabaco. A obesidade está bem perto de se tornar a principal causa evitável de morte nos EUA, ultrapassando o fumo. No Brasil, embora tudo indique que a parcela da população acima do peso ainda não tenha chegado a 64% como nos EUA, não há dúvidas de que seguimos na mesma trilha insalubre. Assim como o fumo, a obesidade e o sedentarismo se associam, em maior ou menor grau, às três principais causas de morte no Brasil: doenças cardíacas, cânceres e acidentes vasculares (derrames). O binômio superalimentação e inatividade está também ligado ao surgimento do diabetes, que é a sétima causa de morte no país. Isso sem mencionar seu papel como co-fator numa miríade de outras moléstias. O Estado, em seu papel de agente indutor da saúde pública, e também por arcar com custos de internações decorrentes da obesidade, tem o dever de tentar reverter essa situação. Não lhe faltam meios para tanto. É legítimo que se utilizem desde campanhas educativas, que poderiam começar com a inclusão de noções de nutrição nos currículos escolares, até instrumentos fiscais, para estimular o consumo de alimentos saudáveis e inibir o dos hipercalóricos. É óbvio que a busca por uma dieta mais saudável não deveria justificar medidas autoritárias e coercitivas. Desde que cientes dos riscos que assumem, todos têm o direito de escolher estilos de vida menos estóicos, que incluem até o viver para comer.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/03/2004 - Página 6784