Discurso durante a 15ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise do relatório setorial da cadeia têxtil brasileira, intitulado "Brasil Têxtil/2003".

Autor
Romero Jucá (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RR)
Nome completo: Romero Jucá Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Análise do relatório setorial da cadeia têxtil brasileira, intitulado "Brasil Têxtil/2003".
Publicação
Publicação no DSF de 13/03/2004 - Página 6935
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, RELATORIO, INDUSTRIA TEXTIL, INDUSTRIA, CONFECÇÃO, BRASIL, IMPORTANCIA, DADOS, EVOLUÇÃO, SETOR, RENOVAÇÃO, CAPACIDADE, MODERNIZAÇÃO, TECNOLOGIA, MELHORIA, COMPETIÇÃO INDUSTRIAL, MERCADO INTERNACIONAL, EXPORTAÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, OFERTA, EMPREGO.

O SR. ROMERO JUCÁ (PMDB - RR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em formato bilíngüe, o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) acaba de publicar o relatório setorial da cadeia têxtil brasileira, intitulado “Brasil Têxtil/2003”. Com apoio da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, trata-se da terceira edição desta publicação, que se propõe a registrar a evolução da indústria brasileira do setor em 2002. Anuário oficial das informações sobre a produção e o desempenho, transforma-se no veículo indispensável à leitura de empresários, dirigentes e investidores dos segmentos têxtil e confeccionista do País.

Não por acaso, é do conhecimento comum que órgãos governamentais, fabricantes e investidores estrangeiros também se têm servido do relatório como fonte preferencial de informações sobre a cadeia têxtil brasileira, para a articulação de novas estratégias econômicas. Com tiragem de três mil exemplares, o “Brasil Têxtil/2003” proporciona acesso amplo a um banco de dados setoriais e mercadológicos de excepcional confiabilidade. No fundo, não se trata de um banco qualquer, mas, sim, daquele que evidencia as transformações da indústria, contribuindo para alargar o conhecimento e a capacidade de competição das empresas por meio do estabelecimento de parâmetros para um planejamento mais seguro.

Vale notar, no entanto, que o setor têxtil brasileiro enfrenta, corajosamente, os desafios da concorrência global, apostando, já há um bom tempo, na renovação de sua capacidade instalada. Ao menos desde 1998, indústrias têxteis e confecções têm maciçamente investido em maquinário e tecnologia, o que lhe rende hoje a coleta de frutos robustos para além do previsto. Isso, sem considerar que a moda brasileira renasce com o vigor e o respeito que lhe são correspondentes, trilhando a passos largos a senda para a conquista do mundo. Sem dúvida, a julgar pelo saldo da balança comercial do setor, cujo valor de janeiro a setembro de 2003 somou a quantia de quase 300 milhões de dólares, não se pode menosprezar uma cifra que representa nada menos que o melhor resultado do setor em onze meses.

Na verdade, a expectativa é de que, até 2008, somente a exportação alcance a cifra dos quatro bilhões de dólares. Para fins comparativos, em 2003, o volume de exportações foi da ordem de 1,6 bilhão de dólares. A própria ABIT declara que, durante o mesmo período, promoveu sucessivos seminários e palestras, totalizando dezoito mil reuniões de negócios nas 80 feiras e eventos realizados, contando com a participação de 400 empresas. Ao divulgar a marca Brasil por todo o mundo, o relatório terminou por promover um volume de mídia espontânea de 60 milhões de dólares.

Além disso, o setor, num contexto nacional de desemprego crônico, aloja em seus quadros quase dois milhões de profissionais, cuja contribuição para o progresso econômico brasileiro se efetiva pelo talento, pela criatividade e pela alegria da cultura nacional. Afinal de contas, são diferenciais que atraem cada vez mais os compradores com olhos atentos em busca de novidade. Por isso mesmo, mais que números e registros contábeis, “Brasil Têxtil/2003” encerra as atribuições de garra e competência de todos os profissionais do ramo, transfigurados em linguagem de desempenho e sucesso.

Pois bem, Sr. Presidente, embora não haja números conclusivos, o setor têxtil teve como meta, em 2003, o saldo de 400 milhões de dólares na balança comercial. Segundo o relatório, tão importante quanto o volume das exportações é a diversidade de empresas exportadoras, cujo número somava, em 2002, quase três mil unidades, exportando para 150 países. Comparado ao ano anterior, isso significou um crescimento de 8% e 10% respectivamente. Não gratuitamente, até os primeiros seis meses de 2003, cerca de 450 novos exportadores brasileiros haviam ingressado no mercado mundial.

Ao lado disso, em plena operação, a Central de Serviços da ABIT ocupa lugar de destaque no setor, acompanhando as negociações de acordos bilaterais, multilaterais e negociações em bloco. Além de manter um fluxo intenso de informações para as empresas e para o público mediante portal eletrônico, disponibiliza igualmente documentos on-line, edita newsletter digital e comunicações impressas. Por fim, executa tarefas relacionadas ao levantamento e análise de dados conjunturais, estudando os cenários de curto e médio prazo e criando estatísticas macro-setoriais.

Sobre o conteúdo do relatório, propriamente dito, cumpre ressaltar o registro de dados estatísticos atualizados, permitindo avaliar as questões relevantes sobre a evolução recente da indústria têxtil no País. Para que não pairem desconfianças a respeito da idoneidade dos profissionais, as análises e os comentários apresentados foram feitos por consultores experientes e especialistas no estudo da indústria têxtil brasileira. Por conta disso, tais análises representam uma visão imparcial do complexo processo de evolução desta indústria, sem a pretensão de esgotar todos os aspectos relacionados às questões abordadas.

Na estrutura da cadeia produtiva do setor têxtil, observamos a interação equilibrada entre os segmentos envolvidos, desde fornecedores (aí incluídos equipamentos, produtos químicos, fibras e filamentos) a produtores de manufaturas (de fios, tecidos e malhas) e, por fim, a bens acabados de têxteis confeccionados. De acordo com o relatório, dispondo de um faturamento total equivalente a 4% do PIB brasileiro e 10,6% do PIB industrial do País, a indústria de tecidos emprega cerca de 2% da população economicamente ativa.

Como país produtor de artigos têxteis, o Brasil exerce um papel importante no cenário mundial, conquistando, respectivamente, a sétima posição na produção de fios e filamentos, a oitava nos tecidos planos, a terceira no âmbito dos tecidos de malha e, por fim, a quinta entre os confeccionados. Todavia, em termos de comércio internacional, a presença do Brasil ainda patina consideravelmente, ocupando posição secundária no mercado, em que pesem os recentes esforços empreendidos por empresas e entidades na promoção das exportações brasileiras.

Por último, cumpre destacar que a produção de artigos têxteis e confeccionados se concentra, mormente, nas regiões Sul e Sudeste do País, respondendo por mais de 75% da produção nacional. Contudo, o Sudeste tem apresentando, mais recentemente, um ritmo de crescimento bem abaixo das outras regiões, perdendo parte de sua importância relativa. Isso aconteceu, em grande medida, graças à migração de indústrias para outros Estados, especialmente aqueles situados na região Nordeste, atraídas por incontáveis benefícios fiscais e financeiros. À sombra disso, paira a longa discussão sobre a Reforma Tributária, em cujos pontos de debate se distingue a promessa de extinção desse tipo de competição entre os Estados.

Para concluir, Sr. Presidente, gostaria de reiterar minhas congratulações aos editores da publicação em epígrafe, expressando de público minha enorme satisfação com os trabalhos realizados tanto pela IEMI quanto pela ABIT. De resto, convicto estou de que o setor têxtil brasileiro vai gozar, em futuro muito próximo, de uma situação econômica de indubitável sucesso, a partir do qual não somente a indústria readquirirá enorme peso no cálculo do PIB, mas também o Brasil assumirá, de vez, sua dimensão de país desenvolvido.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/03/2004 - Página 6935