Pronunciamento de Arthur Virgílio em 18/03/2004
Discurso durante a 19ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Críticas ao governo federal no episódio do Sr. Waldomiro.
- Autor
- Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
- Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Críticas ao governo federal no episódio do Sr. Waldomiro.
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/03/2004 - Página 7809
- Assunto
- Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
-
- COMENTARIO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, OMISSÃO, GOVERNO FEDERAL, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, PARTICIPAÇÃO, ASSESSOR, CASA CIVIL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) -
O GOVERNO PETISTA AGORA COLHE TEMPESTADE,
DEPOIS DE SEMEAR VENTOS
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Presidente Lula já está sendo obrigado a entrar pelos fundos nos locais a que se dirija para alguma solenidade. Como ocorreu no hotel Copacabana Palace, onde iria se encontrar com o Presidente Néstor Kirchner, da Argentina.
O Ministro da Fazenda, Antonio Palocci, está sendo compelido a falar pouco e a sair de fininho de alguma solenidade.
Na análise da jornalista Eliane Cantanhêde, da Folha de S.Paulo, o que está ocorrendo é culpa da postura do próprio Governo diante do episódio que revelou ao País a prática de corrupção e de negociatas de bingos e jogos dentro do Palácio do Planalto, sob a batuta de um assessor direto do Chefe da Casa Civil.
O estarrecimento dos brasileiros a partir da reportagem da revista Época, sobre esse desastrado episódio conhecido como Caso Waldomiro Diniz, não foi suficiente para que o Governo não viesse a impedir a investigação proposta pelas oposições no Senado, que viram ruir a tentativa de criação de uma comissão parlamentar de inquérito.
O governo bateu o pé. Foi rude. Pediu a ajuda do PMDB e tudo, na idéia do Planalto, foi abafado. Não Foi. O País acompanha tudo, inclusive pela TV Senado. E, a partir da daí, as reações são fatais.
Estou anexando a este pronunciamento o teor do artigo da jornalista da Folha, para que, assim, passe a constar dos Anais do Senado da República.
Era o que tinha a dizer.
************************************************************************************************
DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)
************************************************************************************************
ELIANE CANTANHÊDE
Namorando o perigo
BRASÍLIA - O presidente da República, o primeiro-ministro e o homem forte da economia não podem mais abrir a boca. Responder a perguntas, então, nem se fala.
O próprio Lula entrou pelos fundos do hotel Copacabana Palace e, no dia seguinte, saiu escoltado de ministros, diplomatas, assessores e seguranças para não ouvir manifestações nem perguntas desagradáveis. Entrou e saiu calado do encontro com Néstor Kirchner -que, aliás, deu entrevista para os jornalistas argentinos.
Na comitiva de Lula porta afora do Copacabana, um constrangido Palocci limitou-se a dar um riso amarelo ao igualmente sair de fininho sem falar nada. Enquanto os ministros argentinos circulavam entre os jornalistas, falando à vontade.
São efeitos da crise. Ou melhor: da fita que flagrou Waldomiro Diniz pedindo grana a um bicheiro e da suspeita de que o mesmo Waldomiro meteu Rogério Buratti numa renovação de contrato da CEF. Waldomiro era braço direito de Dirceu. Buratti, demitido por Palocci em 94 por causa de mutretas, continuou prestando serviços não só para a Prefeitura de Ribeirão Preto como para outras do PT. E surge agora numa triangulação como essa, já no governo Lula.
Cada vez que Lula, Dirceu e Palocci se aproximarem de jornalistas -pode ser em encontro com Kirchner, reunião de agricultores ou concurso de miss-, eles não vão escapar da maldade dos microfones: "E o Waldomiro?", "e o Buratti?".
Se tentam se limitar a discursos políticos, correm o risco de pensar alto demais, de abrir a alma e de destilar raiva. Talvez tenha sido o caso de Dirceu, que aproveitou uma reunião com prefeitos na terça para fazer um discurso inflamado, indignado e, de certa forma, ameaçador.
Dirceu acusou a oposição de "namorar o perigo". Sinto muito, mas quem anda namorando o perigo são o próprio Dirceu e, aparentemente, Palocci. Até por isso, aliás, nem o presidente nem os ministros podem dar entrevistas. As perguntas, todo mundo sabe quais são. E as respostas?