Discurso durante a 20ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Transcurso dos 50 anos de criação da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia.

Autor
Rodolpho Tourinho (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Rodolpho Tourinho Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Transcurso dos 50 anos de criação da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia.
Publicação
Publicação no DSF de 20/03/2004 - Página 7854
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, ESCOLA PUBLICA, MUSICA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA), INICIO, COMEMORAÇÃO, CINQUENTENARIO, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, CULTURA.

O SR. RODOLPHO TOURINHO (PFL - BA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Eduardo Siqueira Campos, Srªs e Srs. Senadores, com enorme satisfação venho à tribuna desta Casa anunciar o início das comemorações em torno dos cinqüenta anos de existência da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, fundada na profícua gestão do Reitor Edgar Santos, que buscava a modernidade e introduziu a vanguarda nas diversas manifestações artísticas da nossa terra.

Aquele grande momento baiano deu origem ao cinema novo, ao tropicalismo, movimentos marcantes na história da cultura brasileira.

Berço de projetos pioneiros como os Seminários Internacionais de Música, a Escola de Música foi criada em 1954, tendo como primeiro diretor um nome de importância inquestionável no meio musical, Hans Joachin Koellreutter.

A criação da Escola, em estreita associação com a realização dos Seminários, enriqueceu a imaginação da pacata Salvador do final dos anos cinqüenta. Trata-se de uma instituição de ensino que é referência tanto em nível nacional quanto internacional.

Ao longo dos seus 50 anos, a Escola de Música tem se esforçado em criar meios para melhor capacitar o profissional que está sendo formado. A Escola de Música sempre congregou músicos de correntes diversas: eruditas e vanguardistas, além daqueles comprometidos com as manifestações mais populares. Por seus corredores passaram os mais variados artistas, desde criadores geniais, como os suíços Ernst Widmer e Walter Smetak, passando pelo baiano Lindembergue Cardoso, até o Grupo de Compositores, que se formou a partir de 1962, contribuindo de forma decisiva para o enriquecimento da criação musical em meu Estado - que tem uma importância inquestionável na formação da cultura baiana.

Os Seminários Livres de Música mantiveram um perfil de conservatório europeu de alto padrão, no qual Koellreutter introduziu as novas correntes da música contemporânea baiana. A partir daí, uma série de atividades, na sua maioria eventos de extensão universitária, tem permeado os mais variados segmentos da nossa sociedade. Tais eventos têm se tornado tradicionais no calendário nacional: os Festivais de Artes da Bahia, durante a década de 70, mais recentemente os Seminários Internacionais de Música, que congregam a Semana de Educação Musical, a Semana de Música Contemporânea, a Jornada de Etnomusicologia, Ciclos de Música, Encontros de Intérpretes, Seminários da Música Popular, Simpósio Brasileiro de Música, só para citar alguns.

Passaram pela Escola de Música da Bahia alguns dos nomes mais respeitados da música nacional e internacional, tais como: Sérgio Magnani, Tom Zé, Sérgio Souto, Carlos Pita, Gerônimo, Zelito Miranda, Tuzé de Abreu, Zizi Possi, Ivan Huol, Fred Dantas, Ricardo Castro e muitos outros.

A Escola desenvolve programas desde a iniciação infanto-juvenil, passando pelo curso básico, pela graduação e pela pós-graduação. As atividades práticas desenvolvidas pela escola estão sustentadas no esforço coletivo dos corpos docente, técnico e discente, que compõem os grupos estáveis da instituição - a Orquestra Sinfônica, o Madrigal, a Banda Sinfônica, a Orquestra de Câmara e outros grupos de música de câmara.

Retomados em 1989, depois de longa interrupção, os Seminários cumpriram, naquela oportunidade, a importante função de sinalizar para a comunidade baiana e para os meios musicais do País a reconstrução da autonomia da Escola de Música.

A intensa movimentação de professores, pesquisadores e artistas em torno da reconstrução da entidade como centro de excelência musical teve papel decisivo na gestação do Programa de Pós-Graduação em Música que então se estabelecia com a participação dos professores Manoel Veiga, Oscar Dourado, Jamary e Alda Oliveira, fazendo de Salvador um centro para a discussão das temáticas relevantes da época.

Nesta segunda etapa, os Seminários Internacionais de Música foram estruturados como culminância de vários eventos interligados, tais como as Semanas de Música Contemporânea, Semanas de Educação Musical, os Seminários Brasileiros de Música, a Série de Concertos Sinfônicos e Sinfônico-Corais, a Série de Recitais, a Série de Master Classes, os Concursos Nacionais de Compositores da Bahia, propiciando dessa forma o surgimento e a integração de lideranças em torno de um projeto comum.

A programação anunciada para a comemoração do Jubileu de Ouro da instituição pelo atual diretor, Erick Vasconcelos, pretende promover concertos no interior do Estado, em praças públicas e em locais pitorescos de Salvador. Além disso, tem a pretensão de reativar os festivais universitários, tão importantes, que na década de 60 viram surgir no País nomes como Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Concluo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ressaltando a importância da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia para a cultura musical do meu Estado, que tanto produziu nos últimos 50 anos para o Brasil.

A influência da cultura baiana, com todas as raízes negras, tem uma importância transcendental, sobretudo quando analisamos o reflexo disso na área do turismo, fonte importante de geração de emprego e de renda. Queria, neste instante, fazer a interligação da cultura com o turismo, o que é muito importante.

Tenho absoluta convicção de que, às raízes negras da nossa cultura, a Escola de Música veio a se somar, para fazer da cultura baiana uma coisa talvez única no Brasil.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/03/2004 - Página 7854